Bras�lia – Depois de 12 horas de reuni�o, os conselheiros da Petrobras n�o chegaram a um acordo sobre o montante das perdas cont�beis da empresa e decidiram divulgar o balan�o do terceiro trimestre de 2014 sem apontar as baixas. Essa � a segunda vez que a companhia anuncia que apresentaria os n�meros e � obrigada a voltar atr�s. Envolvida em esc�ndalos, a petroleira n�o satisfez a expectativa do mercado sobre o valor das perdas patrimoniais que ter� de contabilizar devido a ativos superfaturados e pagamento de propinas. At� as 23h de ontem, a companhia n�o divulgou nenhuma informa��o oficial.
Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, que antecipou a possibilidade de a Petrobras n�o anunciar nada relevante, divulgar o balan�o sem as informa��es que o mercado espera � apenas uma medida para cumprir prazos. “Se n�o anunciar as baixas, ser� para ingl�s ver. Mas o efeito vai ser devastador. As a��es v�o derreter”, disse. A petroleira tem at� 31 de janeiro para apresentar uma presta��o de contas. Se isso n�o ocorrer, os credores podem pedir o pagamento antecipado de t�tulos da d�vida.
“N�o sei o que se pode esperar desse balan�o. Mas entendo a dificuldade da diretoria em apresentar as baixas cont�beis. Sem a prote��o de uma auditoria externa, eles estariam colocando o pr�prio nome em risco”, destacou, sem fazer nenhuma previs�o de qual seria a baixa cont�bil. “O mercado espera um n�mero. A empresa vai ter que ter a coragem de apresentar esse n�mero. Mas j� se falou em US$ 10 bilh�es, US$ 20 bilh�es. � complicado projetar porque a companhia pode levantar qualquer n�mero, dependendo do que enumerar”, explicou.
Apostas
No mercado, n�o h� um n�mero fechado. As apostas d�o conta de que o valor da corrup��o possa representar baixas cont�beis entre US$ 10 bilh�es e US$ 25 bilh�es (equivalente a R$ 65 bilh�es). Tudo vai depender, segundo os analistas, do que a estatal decidir divulgar no seu balan�o n�o auditado. Se a empresa vai considerar apenas os ajustes dos desvios por corrup��o, ou se ela tamb�m vai registrar a perda de valores recuper�veis de alguns de seus projetos na �rea de refino, que n�o s�o rent�veis para pagar seus custos.
Apesar de discordarem quanto ao valor das poss�veis baixas cont�beis, os analistas s�o un�nimes ao afirmar que os n�meros, sejam eles quais forem, precisam ser cr�veis para n�o serem questionados pela PricewaterhouseCoopers (PwC), auditoria externa que deveria ter assinado o balan�o da Petrobras e se negou a faz�-lo diante das den�ncias de corrup��o. Desde ent�o, a petroleira vem adiando a publica��o dos documentos cont�beis. “Ao confirmar as baixas no balan�o, mesmo que n�o auditado, a Petrobras assumiria sua culpa. Talvez por isso, esteja demorando para tomar essa decis�o”, disse um analista.
Na avalia��o do economista da DMBL Investimentos, Demetrius Borel Lucindo, a Petrobras precisa cumprir prazos e se n�o soltar o balan�o sofrer� penalidades. “A partir da publica��o do balan�o, sem auditoria, a companhia abre as portas para demiss�o de toda a diretoria. A empresa precisa limpar o passado para colocar novos nomes. Por isso, a expectativa � t�o grande”, disse. Para Lucindo, as baixas cont�beis devem somar, pelo menos, R$ 25 bilh�es. “N�o sei qual m�todo a companhia vai usar. S� o superfaturamento da Abreu e Lima (refinaria em Pernambuco) � de US$ 10 bilh�es. Espero que a demonstra��o cont�bil seja a mais realista poss�vel”, assinalou.