Bras�lia – A Petrobras vai queimar boa parte do seu caixa este ano e deve entrar 2016 sem dinheiro no cofre. A empresa come�ou janeiro com US$ 25 bilh�es e deve terminar 2015 com uma quantia variando entre US$ 8 bilh�es e U$ 12 bilh�es, segundo dados da pr�pria petroleira. Pouco para o porte e as necessidades da companhia, que segundo analistas, precisa de US$ 15 bilh�es por ano para manter suas atividades. A ex-presidente Gra�a Foster chegou a anunciar, em comunicado, que, para evitar maiores problemas, a estatal pretende levantar US$ 3 bilh�es com venda de ativos at� dezembro.
Se os dados do balan�o n�o auditado estiverem corretos, a empresa vai conseguir passar por este ano no fio da navalha, com caixa suficiente apenas para fazer frente ao que vai gastar. “Neste ano, a empresa n�o precisar� de financiamento externo. Mas isso vai significar, tamb�m, que n�o ter� nenhum colch�o para 2016”, afirmaram, em relat�rio, analistas do banco Credit Suisse.
O que os especialistas apontam � que, sem reduzir investimentos e gastos, a empresa vai precisar se capitalizar. O problema � que est� sem credibilidade e ainda n�o divulgou o balan�o do terceiro trimestre de 2014 auditado, o que a impede de conseguir recursos com bancos e investidores internacionais. “Uma das alternativas � fazer uma nova emiss�o de a��es”, destacou o analista da DX Investimentos Pedro Ivo Bittelbrunn. Mesmo que lance a��es no mercado, com a desconfian�a em alta por conta das den�ncias de corrup��o, vai atrair poucos investidores. Restar� ao governo comprar os pap�is, aumentando a participa��o da Uni�o na empresa. “Na �ltima oferta de a��es, em 2010, 70% foram compradas pelo Tesouro Nacional”, lembrou Bittelbrunn.
Para o economista-chefe da �rama, �lvaro Bandeira, lan�ar mais a��es para o governo comprar, promovendo uma reestatiza��o da Petrobras, ser� a pior solu��o aos olhos do mercado. “Como a privatiza��o tamb�m � pouco prov�vel, ser� mais f�cil a empresa priorizar projetos de maior efici�ncia e retorno e reduzir os investimentos, com venda de ativos, para se capitalizar”, destacou Bandeira.
A sobreviv�ncia da companhia est� vinculada � publica��o do balan�o anual, at� junho, com o aval da auditoria externa PriceWaterhouseCoopers (PwC). Se isso n�o ocorrer no prazo, cerca de US$ 60 bilh�es, segundo c�lculos estimados pelo banco Morgan Stanley, poder�o ser cobrados antecipadamente pelos credores da companhia, abalando o j� combalido caixa da petroleira.
Multas Para complicar, a Petrobras est� amea�ada de pagar multas bilion�rias em fun��o das a��es judiciais movidas contra ela. Os processos dos acionistas minorit�rios nos Estados Unidos, que cobram indeniza��es pela deteriora��o do pre�o de suas a��es, se multiplicaram. O advogado Andr� de Almeida, que faz parte do processo Class Action contra a Petrobras nos EUA, ressaltou que o prazo para ades�o de investidores nos processos termina hoje e que, depois que a Petrobras admitiu n�o saber o tamanho das perdas econ�micas com a corrup��o – ao n�o divulgar as baixas cont�beis com superfaturamento e pagamento de propinas – o n�mero de a��es aumentou muito.
Advogados preveem que o caso da estatal brasileira ser� o mais caro da hist�ria. At� ent�o, tinha sido o da Siemens, que pagou multas de US$ 2 bilh�es, al�m de US$ 3 bilh�es para fazer sua pr�pria investiga��o. “Embora n�o possamos saber a extens�o potencial de quaisquer san��es financeiras dos Estados Unidos, as penalidades tendem a ser maiores para as empresas n�o-americanas”, afirmou a ag�ncia de classifica��o de risco Moody’s, em relat�rio.
A pr�pria Moody’s agravou o quadro da Petrobras, ao rebaixar a nota da petroleira de Baa2 para Baa3. Com isso, a empresa ficou a um passo de perder o grau de investimento. “A Petrobras vai enfrentar um aperto de liquidez se for incapaz de fazer a presta��o de contas das demonstra��es financeiras auditadas para os �rg�os reguladores e os detentores de d�vida”, explicou a ag�ncia. A Moody’s n�o descartou reduzir ainda mais o rating da petroleira.
A��es fecham em queda
A especula��o em torno de quem ser� o novo presidente da Petrobras movimentou o preg�o de ontem na Bolsa de Valores de S�o Paulo (BM&FBovespa). As a��es da petroleira fecharam em queda e puxaram o principal �ndice para baixo. O Ibovespa recuou 0,14% a 49.233 pontos.
Os pap�is preferenciais (PN) da Petrobras ca�ram abaixo dos R$ 10, depois de terem conseguido recuperar o patamar com a ren�ncia da presidente e de cinco diretores, na ter�a-feira passada. Ontem, houve recuo de 2,20%, para R$ 9,80. Na m�xima do dia, chegaram a bater R$ 10,28 e na m�nima, R$ 9,74. As a��es ordin�rias (ON) tamb�m desabaram 2,42%. Abriram cotadas a R$ 9,90 e fecharam a R$ 9,66, depois de recuarem para R$ 9,65 na m�nima do dia e chegarem a bater em R$ 10,13, na m�xima.
A alta volatilidade das a��es da Petrobras foi resultado dos boatos sobre o poss�vel sucessor de Gra�a Foster. O Conselho de Administra��o da estatal deve anunciar hoje os novos nomes da diretoria. Ontem, alguns conselheiros tiveram uma reuni�o informal para deliberar sobre os poss�veis substitutos e isso deixou o mercado nervoso. Nem mesmo a alta de 5% no pre�o do barril de petr�leo West Texas Intermediate (WTI), que provocou alta na Bolsa de Nova York, conseguiu reduzir a volatilidade dos pap�is da petrol�fera brasileira. A movimenta��o com pap�is PN da Petrobras atingiu R$ 776,9 milh�es ontem, com 11,71% de participa��o na bolsa paulista. (SK)