
A crise de abastecimento de �gua bate �s portas de academias e clubes de lazer, que n�o descartam adotar medidas extremas para atender �s necessidades de redu��o do consumo. Alguns estabelecimentos j� contam com a possibilidade de cortar ou fazer rod�zio de banhos no local, por exemplo, o que pode prejudicar o cliente que paga pelo uso dos chuveiros e vesti�rios. Aos olhos dos �rg�os de defesa do consumidor, muitas a��es s�o v�lidas e oportunas diante do cen�rio de crise h�drica. No entanto, por se tratar de uma presta��o de servi�o, o aluno ou s�cio n�o pode ficar totalmente no preju�zo.
“O uso do chuveiro n�o deve ser inviabilizado, principalmente para os que v�o direto para o trabalho ou para a escola depois das atividades. Eles pagam por esse servi�o”, diz a coordenadora institucional da Associa��o de Consumidores Proteste, Maria In�s Dolcci. Se o servi�o for cortado, ela alerta, o contrato deve ser revisto. Uma sa�da pode ser o abatimento na mensalidade, entre outras formas de desconto. O advogado especializado em defesa do consumidor Bruno Miranda Vieira refor�a que � necess�ria a proporcionalidade na presta��o de servi�o e no pagamento. “Ou o estabelecimento mant�m o contrato e os servi�os, ou oferece descontos. O que n�o pode ocorrer � o consumidor ser privado de algo pelo que pagou integralmente”, observa.
Na capital mineira, grandes centros esportivos e complexos de lazer adotaram a��es restritivas diante do risco de racionamento, como fez a rede de academias Alta Energia, que, desde o m�s passado, reduziu a press�o da �gua nas torneiras e limitou o tempo de libera��o nas duchas de algumas de suas 12 unidades em Minas Gerais. Segundo o diretor acad�mico da rede, Marcelo Tavares, as decis�es foram bem aceitas pelos alunos. “H� um trabalho forte na conscientiza��o sobre o compromisso de economizar. Colocamos adesivos informativos nos vesti�rios e �reas de piscinas para alertar os clientes”, diz. Na unidade do Bairro Buritis, na Regi�o Oeste da capital mineira, foram instalados temporizadores nos chuveiros, que reduzem o tempo de banho a no m�ximo oito minutos. “Al�m da quest�o ambiental, o retorno financeiro � interessante.” De acordo com Tavares, houve diminui��o de 15% na conta de luz de janeiro.

Na Academia Companhia Athletica, a preocupa��o com a falta de �gua existe desde o ano passado, mas medidas consideradas dr�sticas podem ser tomadas, caso a situa��o n�o melhore nos mananciais h�dricos do estado. No entanto, o diretor e s�cio da unidade de BH Eduardo Guarani afirma que antes de impedir os alunos de tomarem banho no local, h� outras alternativas. “Se for necess�rio, faremos, mas o cliente ser� informado e vamos acordar a medida com ele. N�o vamos deixar de honrar os contratos”, assegura.
O personal trainner Marcos Marin afirma que faz a sua parte, apesar de perceber a falta de consci�ncia de muitos alunos. “H� quem n�o enxerga aquela �gua como dela e falta responsabilidade”, critica. Ele conta que � adepto do banho frio e na academia usa o chuveiro quando necess�rio. Em casa, adotou medidas simples, como desconectar aparelhos da tomada, e viu ca�rem os gastos com a conta de luz significativamente . “Pago R$ 36 de luz por m�s, sem muito esfor�o”, diz.
Neg�cios a salvo Para driblar a crise h�drica, n�o prejudicar os neg�cios e ainda garantir o lazer dos s�cios, grandes clubes de Belo Horizonte recorrem a po�os artesianos, energia solar, entre outras op��es, mas a preocupa��o ainda � grande com o poss�vel desabastecimento. No fim de semana passada, o Pampulha Iate Clube (PIC) lan�ou uma campanha e afixou cartazes informativos pr�ximos aos seus 100 chuveiros. O presidente do empreendimento, Ant�nio Eust�quio da Rocha Soares, explica que estuda a redu��o da vaz�o de �gua onde � poss�vel. “A princ�pio, vamos solicitar a colabora��o de todos, mas n�o descartamos medidas mais austeras, como limitar a �gua nos banheiros, por exemplo”, disse. Ele afirma que o associado tem que ter a mesma conduta no trabalho, em casa e no clube. “Vamos medir o hist�rico de consumo e analisar as contas da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais). Essa � uma preocupa��o de todos e os clubes precisam trabalhar na conscientiza��o dos s�cios. At� pouco tempo atr�s, imagin�vamos que o problema estaria restrito a S�o Paulo. A Copasa n�o passou informa��es adequadas”, critica.
No Minas T�nis Clube I, na Regi�o Centro-Sul de BH, a situa��o n�o � diferente. Com 78 mil s�cios, o maior dos clubes de Belo Horizonte implantou uma s�rie de a��es para economizar �gua e energia, algumas delas a pedido dos pr�prios frequentadores. “T�m chegado muitas mensagens de pessoas inconformadas com o desperd�cio de alguns s�cios, como a demora no banho”, afirma o porta-voz do Minas, Eduardo Mineiro. Segundo ele, medidas ser�o adotadas para minimizar esses conflitos. Uma delas � o reaproveitamento da �gua das piscinas. “A �gua filtrada � usada na irriga��o de jardins no per�odo noturno e nas quadras de t�nis. O m�ximo que perdemos com esse sistema � com a evapora��o, mas � uma perda pequena”, afirma.
O que diz o c�digo
» Art. 4º – A Pol�tica Nacional das Rela��es de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito � sua dignidade, sa�de e seguran�a, a prote��o de seus interesses econ�micos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transpar�ncia e harmonia das rela��es de consumo
» Art. 6º – S�o direitos b�sicos do consumidor:
III – a informa��o adequada e clara sobre os diferentes produtos e servi�os, com especifica��o correta de quantidade, caracter�sticas, composi��o, qualidade e pre�o, bem como sobre os riscos que apresentem