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Estado de Minas

Com alta dos juros e infla��o, com�rcio encolhe e corta gastos

Com o pior desempenho das vendas dos �ltimos oito anos, setor come�a a suspender investimentos


postado em 12/02/2015 06:00 / atualizado em 12/02/2015 07:25

Ânderson Borges desistiu do projeto de reforma das lojas da rede K9, avaliada em R$ 3 milhões, como ajuste a cenário incerto da economia(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
�nderson Borges desistiu do projeto de reforma das lojas da rede K9, avaliada em R$ 3 milh�es, como ajuste a cen�rio incerto da economia (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Especializada no com�rcio de roupas e acess�rios femininos, a rede mineira K9 suspendeu investimento de quase R$ 3 milh�es na reforma de suas nove lojas em Belo Horizonte. “Cada projeto custaria, em m�dia, R$ 300 mil”, conta o diretor comercial da empresa, �nderson Borges. A decis�o ilustra bem os efeitos colaterais provocados pela desacelera��o do setor. Os resultados de tr�s pesquisas, divulgadas ontem, revelam que o com�rcio encolheu no ano passado e sugerem um 2015 cheio de turbul�ncias, com grande risco de o varejo amargar aumento da inadimpl�ncia, optar pela suspens�o ou cancelamento de aportes financeiros e eliminar empregos.

Na capital mineira, onde o setor tem um grande peso na economia, o volume de vendas em 2014 foi o menor dos �ltimos oito anos, com alta de apenas 2,08%, segundo a C�mara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH). Foi o pior desempenho desde 2007. Para 2015, a tend�ncia � de um percentual ainda menor. A institui��o prev� crescimento modesto dos neg�cios, entre 1% e 1,5%. Vale lembrar que h� possibilidade de a estimativa ser revista para baixo nos pr�ximos meses, como ocorreu no ano passado. Em janeiro de 2014, a entidade havia estimado avan�o de 2,5% das vendas e reduziu o �ndice para 2% ao fim do primeiro semestre.

Na mesma toada, pesquisa tamb�m divulgada ontem pelo Sindicato do Com�rcio Lojista (Sindlojas-BH) revelou que 69% dos empres�rios apuraram queda nas vendas em 2014. Para este ano, 93% est�o pessimistas com o caixa – o percentual � a soma dos 12% que classificaram o grau de confian�a como muito baixo, dos 43% que o taxaram como baixo e dos 38% que optaram pela resposta regular. “A luz vermelha ascendeu e dever�o ocorrer demiss�es no setor. N�o h� confian�a dos lojistas. Esperamos um p�ssimo ano”, lamentou Nadim Donato, presidente do Sindilojas-BH e s�cio da Enxovais Donato e do Caf� do Cine Brasil.

Concorda com ele o presidente da CDL-BH, Bruno Falci, um dos donos das Casas Falci: “Os aumentos no n�vel de pre�os e na taxa b�sica de juros foram respons�veis pelo menor crescimento do consumo em 2014”. A infla��o pressiona o bolso do consumidor. O �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial do custo de vida no pa�s, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), avan�ou 1,24% em janeiro, o maior percentual desde fevereiro de 2003 (1,57%). No acumulado dos �ltimos 12 meses, est� em 7,14%, acima do teto da meta da infla��o imposta pela Uni�o (6,5%).

J� a taxa Selic, que remunera os t�tulos do governo negociados no mercado financeiro e serve de refer�ncia para os empr�stimos dos bancos e do com�rcio, atingiu 12,25% em janeiro. Em outubro de 2012, na menor m�dia da s�rie hist�rica, o indicador era de 7,25%. O resultado da combina��o entre a eleva��o dos pre�os e a escalada dos juros � o recuo no poder de compra dos consumidores. As vendas caem e a inadimpl�ncia sobe.

A CDL-BH e o Sindilojas n�o divulgaram o volume de vendas de janeiro, mas a CDL-BH j� apurou que o total de registros no Servi�o de Prote��o ao Cr�dito (SPC) subiu 0,28% no comparativo com igual per�odo de 2014. Ante dezembro de 2014, houve aumento de 0,56%.

Para n�o se endividarem e correrem o risco de engrossar a lista dos maus pagadores, muitos consumidores preferem adiar a compra de mercadorias e servi�os. Foi o caso da auxiliar de departamento pessoal Patr�cia Leal, que pretendia viajar h� alguns meses, mas optou por adiar as f�rias. “Justamente porque o sal�rio n�o acompanha o aumento dos pre�os. O custo de vida est� alto. At� que ponto pais de fam�lias e empresas aguentaram essa infla��o?”, critica.

A redu��o nas vendas freia a expans�o de empregos no com�rcio, tanto de vagas no quadro de pessoal efetivo, quanto no de oportunidades tempor�rias das empresas. No �ltimo trimestre do ano passado, por exemplo, a queda nas contrata��es para refor�ar o atendimento durante o Natal despencou em cerca de 50% em rela��o ao mesmo per�odo de 2013, segundo o presidente do Sindilojas. De acordo com a entidade, 88% dos lojistas n�o aumentaram o quadro de tempor�rios, apesar da import�ncia dos neg�cios motivados pela melhor data de faturamento do setor. Na K9, �nderson Borges calcula que a redu��o girou em torno de 30%. “Tudo isso � reflexo da situa��o pol�tica e econ�mica. (O que ocorre com o com�rcio) acaba se expandindo para todos os setores da economia. Para 2015, estou precavido”.

Fraco impulso em 2014

Nem mesmo a Copa do Mundo e as elei��es federais e estaduais foram capazes de impulsionar as vendas de 2014, seja no Brasil, seja no com�rcio de Belo Horizonte. Na capital mineira, em consulta aos seus associados, o Sindliojas verificou que 87% dos empres�rios consideraram piores os neg�cios fechados durante o torneio mundial de futebol, em compara��o aqueles feitos no mesmo per�odo de 2013. Em rela��o �s elei��es, o estudo apurou que 81% registraram queda no faturamento.

“Os turistas que vieram ver os jogos em Belo Horizonte n�o gastaram muito. Os setores que faturaram foram hot�is e bares e restaurantes”, avaliou o presidente da entidade, Nadim Donato, acrescentando que, ainda assim, os empreendimentos que se deram bem est�o concentrados, sobretudo, na regi�o da Savassi, zona nobre de BH. Ainda assim, a regi�o � um exemplo de como o com�rcio na capital n�o anda bem.

A quantidade de lojas fechadas na �rea nos �ltimos anos assusta quem conheceu a Savassi em seus �ureos tempos. Desde 2010, quando come�ou a �ltima grande reforma paisag�stica na regi�o, muitos lojistas encerraram as atividades, alegando queda nas vendas em raz�o da diminui��o do n�mero de vagas de estacionamento para ve�culos e da concorr�ncia com os shopping centers.

Black Friday

A promo��o originada nos Estados Unidos e “importada” por v�rios pa�ses amenizou as perdas de comerciantes da Savassi e de outros endere�os de BH, mas tamb�m n�o foi suficiente para que o resultado de 2014 superasse o de 2013. Para 79% dos entrevistados pelo Sindilojas, as vendas com a promo��o foram melhores. O presidente da entidade, contudo, defende uma discuss�o sobre a possibilidade de a Black Friday brasileira ser transferida para depois do Natal.

“A promo��o (que ocorre em novembro) antecipou as vendas do Natal. � uma promo��o inconsistente. Nos Estados Unidos, ela ocorre depois da a��o de gra�as. L�, o com�rcio faz promo��o em parceria com a ind�stria, que entrega os produtos a pre�os mais baratos”.

Alta de 2,2% no Brasil


A situa��o do com�rcio tamb�m � preocupante no restante do pa�s, como mostrou a Pesquisa Mensal do Com�rcio relativa a 2014, divulgada ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). A evolu��o modesta de 2,2% das vendas no Brasil em 2014 foi a menor desde 2003, quando houve retra��o de 3,7%. O resultado fo,i quase a metade do apurado em 2013, quando ocorreu alta de 4,3%. Em Minas Gerais, o crescimento anual foi mais baixo: 2,6%. O IBGE destaca que o aumento dos pre�os foi um fatores para a desacelera��o do setor em n�vel nacional.

Com destaque, as vendas do grupo composto por hipermercados, supermercados, produtos aliment�cios, bebidas e fumo, tiveram alta de 1,3%. O decl�nio da taxa de crescimento em rela��o ao registrado no ano passado, quando o aumento foi de 1,9% em rela��o a 2012, pode ser explicada, de acordo com os t�cnicos do IBGE, pela desacelera��o do ritmo de expans�o da massa dos rendimentos da popula��o. A soma dos rendimentos variou 1,4% em 2014, ante 2,4% em 2013, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego, tamb�m produzida pelo instituto. (PHL)


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