S�o Paulo, 15 - A seca prolongada no Brasil est� consumindo os fluxos de caixa das distribuidoras de eletricidade e, em menor escala, das geradoras, diz a Standard & Poor's Ratings Services, que publicou nesta semana artigo com esse tema. A S&P destaca que o setor el�trico brasileiro, altamente dependente de hidrel�tricas, est� enfrentando o terceiro ano de seca consecutivo, com �ndices pluviom�tricos muito abaixo da m�dia em pleno per�odo de chuvas (dezembro de 2014 a abril de 2015).
"No fim de janeiro, os n�veis dos reservat�rios estavam em apenas 16,8% da capacidade no subsistema da regi�o Sudeste/Centro-Oeste e em 16,4% no subsistema do Nordeste - uma situa��o cr�tica, dado que esses sistemas fornecem cerca de 70% e 18% da capacidade total dos reservat�rios do pa�s, respectivamente", ressalta a ag�ncia.
Conforme o relat�rio, a seca est� gerando impactos mistos nos tr�s segmentos da ind�stria de eletricidade - distribui��o, gera��o e transmiss�o -, bem como entre as empresas de cada segmento. "As distribuidoras s�o as mais prejudicadas, por comprarem um n�vel relativamente alto de energia no mercado spot e por haver um intervalo de tempo at� poderem repassar esses custos aos consumidores finais", afirma. "Como resultado, essas empresas t�m registrado gera��o de Ebitda mais fraca e vol�til desde 2013, o que deteriorou suas m�tricas de cr�dito, uma vez que o suporte financeiro do governo central n�o cobriu totalmente a alta nos custos relacionada � compra de energia das distribuidoras", acrescenta.
A S&P lembra que o governo indicou recentemente que n�o continuar� provendo suporte �s distribuidoras em 2015. Nesse contexto, a ag�ncia espera que as distribuidoras substituam esse suporte por tr�s fontes principais: primeiramente, uma redu��o no custo da compra de energia, agora que a Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (Aneel) reduziu o limite dos pre�os spot de R$ 822,83/MWh para R$ 388,48/MWh em dezembro de 2014; em segundo lugar, o fluxo de caixa de um novo mecanismo de bandeiras tarif�rias implementado em janeiro de 2015, o qual provoca um aumento das tarifas quando os pre�os spot atingem certo n�vel; e, em terceiro lugar, a Aneel deve anunciar um aumento extraordin�rio nas tarifas nos pr�ximos dois a tr�s meses. "Contudo, se a ag�ncia n�o elevar as tarifas, esperamos que o governo continue provendo suporte �s distribuidoras."
"As hidrel�tricas que avaliamos ainda est�o registrando s�lida gera��o de fluxo de caixa e apresentando perfis de cr�dito em adequados para fazer face aos desafios da seca", afirma a S&P. "Entretanto, a queda na produ��o de energia est� prejudicando sua capacidade de cumprir os contratos de venda de energia, for�ando-as a comprar energia no mercado spot a custos elevados." A ag�ncia diz tamb�m que as empresas de transmiss�o est�o protegidas dessas dificuldades, pois seus fluxos de caixa dependem da disponibilidade de suas linhas de transmiss�o, em vez do volume real de energia transmitido por meio delas.
No entanto, a ag�ncia comenta que as geradoras de energia hidrel�trica que n�o est�o produzindo energia suficiente para atender a sua demanda contratada se beneficiariam de um a redu��o nas suas obriga��es de entrega de energia em fun��o do racionamento. "A situa��o provavelmente melhoraria a gera��o de fluxo de caixa dessas empresas, uma vez que reduziria a necessidade de compras de energia no mercado spot (atualmente ao pre�o de R$ 388,48/megawatt-hora) para atender �s vendas contratadas (por cerca de R$150/MWh)."
A ag�ncia diz acreditar que o governo buscar� evitar um racionamento de energia. "Entretanto, se os n�veis de chuva em fevereiro e mar�o forem excessivamente baixos, impossibilitando a recupera��o dos n�veis dos reservat�rios para cerca de 35% da capacidade de armazenamento at� o fim de abril, as chances de racionamento em algum momento entre maio e novembro de 2015 aumentar�o significativamente", afirma.
"N�o planejamos rebaixar os ratings das distribuidoras e das hidrel�tricas no momento, mas continuaremos monitorando atentamente os n�veis de chuva e o risco de racionamento", acrescenta. "Mais especificamente, avaliaremos a capacidade das distribuidoras de cobrir os custos ainda elevados da compra de energia, bem como a exposi��o das geradoras ao mercado spot para atenderem �s suas vendas contratadas nos pr�ximos meses."
A S&P destaca ainda que, ap�s o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) estimado em 0,2% em 2014, espera mais um ano de baixo ou zero crescimento, com significativos riscos de deteriora��o, em raz�o do potencial racionamento de eletricidade. "Nosso cen�rio-base assume a aus�ncia de racionamento e projeta que o consumo total de eletricidade continuar� crescendo em n�veis historicamente baixos de 2%-3%, alcan�ando 480.000 gigawatt-hora (GWh) em 2015. O cen�rio-base assume ainda demanda industrial fraca e continuidade da demanda residencial."