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Estado de Minas

Governo j� conta com a recess�o

Risco de apag�o, d�lar caro, infla��o e ind�stria fraca amea�am derrubar PIB do pa�s por dois anos


postado em 20/02/2015 06:00 / atualizado em 20/02/2015 07:24

Bras�lia – Depois de confrontar, durante a campanha eleitoral, dados que apontavam para o aprofundamento do quadro de estagna��o da economia, o governo Dilma Rousseff deu o bra�o a torcer. Em meio ao colapso da produ��o da ind�stria, � escalada da infla��o e � disparada do d�lar, que caminha a passos largos para a casa dos R$ 3, caiu a ficha de que, apenas com palavras, ser� imposs�vel convencer investidores e empres�rios a apostarem numa r�pida retomada do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Muito pelo contr�rio. As amea�as que se avizinham – entre as quais o risco de apag�o, o racionamento de �gua a possibilidade real da perda do grau de investimento ainda no primeiro semestre de 2015 – imp�em ao governo a necessidade de clareza de diagn�stico e pragmatismo nas a��es para vencer a crise. Exigem tamb�m uma mudan�a brutal de postura da equipe econ�mica. Se, sob o comando de Guido Mantega o Minist�rio da Fazenda era sin�nimo de descr�dito entre investidores, com o atual titular da pasta, Joaquim Levy, a hist�ria � outra. Em vez de previs�es econ�micas superestimadas, o substituto de Mantega n�o esconde a predile��o por an�lises mais realistas.

N�o por acaso, em suas declara��es mais recentes em Nova York, Levy selou a perspectiva de dois anos seguidos de recess�o: em 2014 e 2015, uma situa��o in�dita no Brasil. A �ltima vez que o PIB encolheu por dois anos consecutivos havia sido durante a grande crise de 1929, quando o estouro das bolsas de valores nos EUA levou o mundo para o atoleiro. Nem durante as crises do petr�leo, nos anos 1970, ou durante o per�odo de hiperinfla��o, nos anos 1980, o pa�s viu a economia retrair-se por dois anos seguidos.

Caso a recess�o prolongada se confirme, como j� teme o pr�prio governo, o aumento do desemprego ser� praticamente inevit�vel. A consultoria Rosenberg Associados estima que o percentual de brasileiros sem trabalho subir� dos atuais 4,8% para 6,1% da popula��o economicamente ativa caso o PIB encolha 0,5% este ano. Essa � considerada uma proje��o ainda otimista levando em conta c�lculos que apontam para tombo superior a 2% da economia em 2015. Nesse cen�rio, o desemprego subiria para patamares superiores a 7% – o que significaria o fim da situa��o do pleno emprego.

E ainda pode piorar. “A nossa situa��o � t�o grave que, al�m de termos uma queda do PIB e do emprego, o aperto ser� maior porque a infla��o est� subindo”, disse o economista Jos� Luis Oreiro, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que considera o cen�rio “o pior dos mundos” para o trabalhador. “Os consumidores v�o sofrer duplamente. Alguns v�o perder o emprego e mesmo os que mantiverem o trabalho v�o sofrer uma desacelera��o brutal da renda dispon�vel, j� que os sal�rios n�o subir�o a ponto de recompor as perdas inflacion�rias”, assinalou.

Arrocho
O aperto no bolso pode ser ainda maior a julgar pela inten��o da Fazenda em elevar novos impostos para conseguir cumprir as metas fiscais estipuladas na Lei de Diretrizes Or�ament�rias (LDO). Diante da dificuldade de economizar 1,2% do PIB para pagar juros da d�vida p�blica (e fazer o chamado super�vit prim�rio), Levy vem deixando claro que novas medidas de austeridade j� est�o no forno. Para investidores, ele garantiu que a Fazenda n�o deve “inventar impostos”, e sim simplific�-los. Mas sinalizou que pode “renovar” tributos, o que abre d�vidas sobre o fim de benef�cios ainda em vigor, como o desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a linha branca (geladeira, m�quina de lavar etc), a desonera��o da cesta b�sica ou, em �ltima inst�ncia, a volta da CPMF, o antigo imposto do cheque. T�cnicos da Receita Federal garantem, no entanto, que ressuscitar esse ultimo tributo “est� completamente fora de cogita��o”.

O arrocho fiscal tem motivo claro: evitar que o rombo nas contas p�blicas se agrave a tal ponto que o pa�s possa vir a ser considerado um mau pagador dos t�tulos da d�vida p�blica. Tanto que, ao fim da palestra feita a investidores, em Nova York, Levy se reuniu a portas fechadas com os representantes da ag�ncia de classifica��o de risco Moody’s, de forma a tentar convenc�-los a n�o retirar o grau de investimento do pa�s, obtido em 2008, quando o Brasil ainda era sin�nimo de pujan�a econ�mica e galgava posi��es no ranking global de crescimento econ�mico. A perda da chancela de bom pagador pode detonar um efeito cascata de avers�o a risco no pa�s, com investidores partindo em retirada do Brasil. A �ltima vez que o pa�s enfrentou uma fuga recorde de d�lares das bolsas e dos t�tulos p�blicos emitidos pelo governo foi h� 13 anos, quando temores com a poss�vel elei��o do ent�o candidato Lula levaram o d�lar para R$ 4.

C�MBIO


O d�lar comercial voltou a ganhar for�a nesta quinta-feira, com os investidores interpretando que, embora a alta dos juros nos Estados Unidos possa ser atenuada, de fato ela vai come�ar este ano. A moeda americana avan�ou 0,83%, cotada a R$ 2,8657, em sua terceira alta consecutiva. As discuss�es sobre a prorroga��o do programa de ajuda � Gr�cia e a situa��o econ�mica brasileira tamb�m contribu�ram para o fortalecimento do d�lar.

Cobran�a do mercado

S�o Paulo – Economistas e analistas do mercado financeiro do Rio de Janeiro desafiaram ontem o novo diretor de Pol�tica Econ�mica do Banco Central (BC), Luiz Awazu Pereira da Silva, a explicar de forma clara e cabal como a autoridade monet�ria conseguir� fazer a infla��o convergir para o centro da meta, ou 4,5%, em 2016. Esta foi a primeira reuni�o de Awazu com analistas do mercado financeiro como diretor de Pol�tica Econ�mica, cargo que passou a ocupar no �ltimo dia 5 em substitui��o ao antecessor Carlos Hamilton Ara�jo, que deixou a institui��o.

Esses encontros acontecem a cada tr�s meses e servem para que a autoridade monet�ria colha as impress�es dos analistas em rela��o � atividade econ�mica, infla��o e cen�rio internacional. As informa��es s�o usadas para auxiliar o BC na reda��o do Relat�rio Trimestral de Infla��o (RTI). Os analistas foram para cima de Awazu alegando que n�o acreditam na possibilidade de a autoridade monet�ria levar a infla��o para 4,5% no pr�ximo ano. Eles disseram que, se de fato o BC acredita que pode fazer com que a infla��o convirja para este n�vel, a institui��o precisa demonstrar de forma convincente como isso ser� feito.

Segundo um economista que participou do encontro, dessta vez n�o houve, entre os analistas, fortes discuss�es, numa sinaliza��o clara de que todos est�o convictos que o ano de 2015 ser� bastante dif�cil para a economia brasileira. “Est� todo mundo extremamente pessimista com a atividade e preocupado com a infla��o. Inclusive muitos n�o acreditam que a meta de 4,5% ser� alcan�ada em 2016”, contou, acrescentando que a mediana das proje��es deste encontro para a infla��o em 2015 ficou na faixa de 7,30%, na compara��o com 6,56% na reuni�o passada, ocorrida em novembro.

Para 2016, disse a mesma fonte, a previs�o passou de 5,61% para 5,57%. “Pediram mais transpar�ncia na comunica��o, a fim de saberem o qu�o a meta � cr�vel de ser atingida, j� que h� v�rios choques de oferta”, disse. “Querem que o BC aprofunde mais o assunto no pr�ximo RTI”, refor�ou outro participante do encontro. Em rela��o � atividade econ�mica, a percep��o entre os analistas � de que o Produto Interno Bruto (PIB) fechar� 2014 no campo negativo.


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