A cervejinha gelada e o tira-gosto nos bares em Belo Horizonte est�o com “gosto de boate”. Isso porque a capital do boteco, e, agora, uma cidade que faz parte do circuito nacional do carnaval, j� tem pre�os em bares compar�veis aos encontrados nas casas noturnas e, pior, semelhantes aos praticados tamb�m no Rio de Janeiro e em S�o Paulo. As garrafas de cerveja de 600ml est�o custando, em m�dia, R$ 7,90, podendo chegar em R$ 8,95. Se comparado com o mesmo per�odo do ano passado, quando a m�dia era de R$ 7,38, houve um aumento de 7,05%. E na ponta do l�pis, o bom botequeiro sabe que essa conta � ainda mais alta, j� que, ao somar os 10% do servi�o de gar�om, a bebida pode sair a quase R$ 10. Beliscar o tradicional contra-fil� pode chegar a R$ 46,80 na cidade, e a por��o de batata frita, a R$ 22. Para quem � frequentador, os pre�os podem acabar com h�bito do happy hour di�rio, t�o comum em BH.
O cen�rio, que vem pesando no bolso, foi detectado pelo site Mercado Mineiro, em pesquisa exclusiva para o Estado de Minas. Nos dias 9 a 11 de fevereiro, portanto antes da festa de Momo, o site fez um levantamento do custo das principais por��es e bebidas servidas em 50 estabelecimentos em Belo Horizonte. Entre as carnes pesquisadas, o contra-fil� apresentou uma varia��o de 234,29%, tendo o menor pre�o de R$ 14 e o maior de R$ 46,80. Para essas diferen�as, os comerciantes justificam os pratos mais elaborados e tamb�m a infla��o da carne, que durante o ano de 2014, aumentou 22,21%, sendo o item individual com mais impacto sobre o or�amento familiar. A batata tamb�m entrou nessa justificativa, somando ainda � estiagem, que impactou as produ��es. J� para as cervejas, o levantamento mostra que os pre�os da garrafa de 600ml da Skol v�o de R$ 4,50 a R$ 8,90 nos bares, com varia��o de 97,78%. J� a garrafa de Brahma custa de R$ 5 a R$ 8,95, uma diferen�a de 79%.
Al�m da varia��o, houve aumento nos pre�os da bebida. “A capital do boteco est� doendo no bolso, sair est� ficando muito caro por aqui. � um absurdo, estamos com pre�os parecidos com S�o Paulo e Rio de Janeiro, onde o custo de vida � mais alto”, avalia o diretor executivo pelo Mercado Mineiro, Feliciano Abreu. H� cinco meses, os pre�os das cervejas na cidade eram de R$ 7,67 e, agora, a m�dia, segundo o site Mercado Mineiro, s�o de R$ 7,90, um aumento de 3%, percentual que se aproxima da infla��o acumulada no per�odo de 3,57%. Em um ano, houve um aumento de 7,05% nos valores, pouco abaixo da infla��o oficial, que nos �ltimos 12 meses chegou a 7,14%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica. O reajuste � pouco inferior tamb�m ao custo de vida na capital medido pelo �ndice de Pre�os ao Consumidor (IPC), da Funda��o Ipead/UFMG, de 7,52% em 12 meses.
O EM visitou bares para conhecer o porqu� da diferen�a e da alta no pre�o e, segundo os comerciantes, tudo depende de uma “negocia��o” com as cervejarias. � no bar Cantina da Ana, no Bairro Sagrada Fam�lia, na Regi�o Leste, que uma garrafa de Skol, de 600ml, custa atualmente R$ 4,50 e a Brahma, R$ 5. Mas, basta atravessar a Avenida Silviano Brand�o, para encontrar, do outro lado, a mesma bebida a R$ 7,90. De acordo com o dono da Cantina da Ana, Frederico In�cio Brescia, seus valores foram uma estrat�gia para recuperar tudo o que perdeu em 2014. “Foi um ano p�ssimo, ent�o, optei por diminuir os pre�os. Fiz uma negocia��o com os fornecedores e consegui que me vendessem a um custo inferior. Antes, a Brahma custava aqui R$ 7. O movimento cresceu 300% por m�s, mas a minha margem de lucro � ainda muito pequena”, diz. Propriet�rio do Bar Medeiros, no Bairro de Lourdes, Marc�lio Diniz Cruz, que vende a garrafa de 600ml Brahma a R$ 8,90, diz que em Lourdes tem concorrentes dele vendendo a R$ 8. “Pago, s� de aluguel, R$ 15 mil e tenho despesas mensais de R$ 30 mil”, justifica o empres�rio.
No carnaval Apesar dos pre�os mais altos nas comidas e bebidas, os foli�es que passaram o carnaval em Belo Horizonte garantiram o crescimento m�dio de 30% nas vendas de bares e restaurantes em rela��o a igual per�odo do ano passado, segundo balan�o divulgado ontem pela Associa��o Brasileira dos Bares e Restaurantes (Abrasel). O incremento foi maior nas regi�es com atividades carnavalescas, como blocos, shows e festas. Um exemplo � o Barbazul, na Avenida Get�lio Vargas, que foi beneficiado pela movimenta��o dos blocos e registrou aumento de 100% nas vendas. Segundo o diretor da Abrasel MG, Lucas P�go, o movimento confirmou as expectativas da entidade para o carnaval deste ano. Quanto ao aumento dos pre�os da cerveja, ele lembra que no ano passado houve aumento na carga tribut�ria das bebidas frias.
Mudan�as de h�bito
Com os pre�os em alta e com grande varia��o em Belo Horizonte, quem paga caro � o consumidor, que j� come�a a rever seus h�bitos. O administrador de dados Ant�nio Galery, que frequenta os bares da cidade, diz que tem mudado seus costumes, depois de se deparar com pre�os das cervejas a R$ 8. Por isso, procurou o bar onde a boa gelada est� barata, como � no Cantina da Ana. L�, uma garrafa de 600ml de Brahma custa R$ 5. “O que tem sido cobrado na capital � abusivo. Frequentava um bar onde a garrafa era R$ 8, ent�o, atravessei a rua para pagar mais barato. N�s, consumidores, por pouco j� n�o podemos beber em bares”, reclama. Segundo ele, se a cidade continuar assim, vai perder o seu t�tulo de capital dos botecos, porque muitos deixar�o de ir aos bares. “Est� ficando pesado, eu mesmo j� diminui a minha vinda aos estabelecimentos.” Segundo comerciantes, a situa��o pode piorar com a fama de a cidade, agora, ter carnaval e se tornar, nesta �poca do ano, mais tur�stica.
O aposentado Evandro Pereira, compara que uma garrafa de cerveja tem custado praticamente sete litros de leite. “E n�o � s� em Belo Horizonte, pelo interior de Minas os valores tamb�m est�o altos. E n�s, consumidores, n�o temos um sal�rio para acompanhar essas altas”, diz, acrescentando que os fabricantes devem estar ganhando “rios de dinheiro” com esse crescimento nos pre�os. “Ningu�m conhece os custos das ind�strias, elas n�o tomam preju�zos. Al�m da cerveja, o chopp tamb�m est� caro demais. Tem valido mais a pena comprar em supermercado e tomar em casa”, comenta. (LE)
Servi�os desaceleram
O setor de servi�os cresceu 6% em 2014, segundo a Pequisa Mensal de Servi�os (PMS), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). O indicador, que n�o desconta a infla��o do setor no per�odo, foi o menor da s�rie hist�rica iniciada pelo instituto em 2012, quando o avan�o havia sido de 10%. O desempenho do ano passado tamb�m foi menor que o verificado em 2013, quando a receita havia crescido 8,5%. De acordo com os dados da PMS, os servi�os de comunica��o, que tiveram uma queda na receita nominal de 1,2%, foram o �nico segmento com retra��o na base de compara��o mensal.