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Estado de Minas

Uma licita��o de R$ 90 bi agita os 'reis dos �nibus'


postado em 09/03/2015 08:31

S�o Paulo, 09 - Um setor controverso, de empresas bilion�rias, prepara-se para disputar uma das maiores licita��es de transporte p�blico do mundo, com contratos que podem atingir um valor de R$ 90 bilh�es em 15 anos. O processo envolve a troca das empresas de �nibus da cidade de S�o Paulo, hoje com uma frota de 15 mil ve�culos. A Prefeitura espera que as companhias vencedoras sejam conhecidas ainda em julho e que a disputa atraia fundos de investimento estrangeiros e at� multinacionais.

A nova configura��o do sistema de transporte paulistano tem tudo para mexer com um mercado controlado por discretos grupos familiares que movimentam, por ano, no Pa�s, uma cifra superior a R$ 50 bilh�es. De acordo com um levantamento exclusivo feito pela butique de assessoria financeira Advisia, o setor conta com 2,1 mil empresas que s�o controladas por quase 1 mil grupos. As cinco maiores companhias respondem por apenas 14% de tudo que esse mercado movimenta por ano, segundo dados de 2013, que s�o os mais recentes dispon�veis.

Entre as gigantes, est�o nomes tradicionais como a Guanabara, do empres�rio Jacob Barata, conhecido no Rio como o "Rei do �nibus", que voltou ao notici�rio h� duas semanas por ter aparecido na lista dos clientes do HSBC com contas milion�rias na Su��a. A segunda maior empresa do setor, com receita aproximada de R$ 1,5 bilh�o, � a Comporte, da fam�lia Constantino, fundadora da a�rea Gol. Bancaf e Ruas operam, respectivamente, as via��es Samba�ba e Campo Belo na capital paulista e tamb�m figuram entre as maiores, assim como a JCA, dona da Via��o 1001.

A maioria das empresas come�ou no neg�cio com um ou dois ve�culos, carregando gente na carroceria de caminh�es dirigidos pelos pr�prios fundadores nos anos 40 e 50. Elas cresceram, compraram concorrentes e deram origem a conglomerados que chegam a ter dezenas de bandeiras de �nibus.

No meio do caminho, os donos de muitas dessas companhias se envolveram em pol�micas - o que ajuda a explicar a total avers�o deles � m�dia. A reportagem tentou contato com os principais empres�rios por quase um m�s, mas s� teve o pedido de entrevista atendido pela Comporte, da fam�lia Constantino.

Elas j� foram alvo de investiga��es sobre conluio com pol�ticos para receber concess�es, de processos por sonega��o fiscal e suspeita de fraudes em licita��es. Belarmino Marta J�nior, filho do fundador da Bancaf, de Campinas, chegou a ser preso em 2011, acusado pelo Minist�rio P�blico Federal de liderar um cartel para fraudar licita��es na regi�o. No Minist�rio P�blico de S�o Paulo as empresas s�o investigadas, desde 2008, por irregularidades no contrato com a Prefeitura.

Berlinda

H� dois anos, o aumento da cobran�a da tarifa de �nibus em S�o Paulo colocou essas companhias novamente na berlinda. O reajuste foi o estopim para uma onda de manifesta��es populares pelo Brasil. Os protestos fizeram a Prefeitura de S�o Paulo contratar a auditoria Ernst&Young para abrir a chamada "caixa-preta" do transporte. Os auditores identificaram, por exemplo, que 10% das sa�das programadas de �nibus na cidade de S�o Paulo n�o estavam sendo cumpridas e indicaram que a taxa de lucro das empresas poderia ser reduzida de 18%, no contrato atual, para 7%.

Na nova licita��o, a Secretaria Municipal de Transportes, comandada por Jilmar Tatto, prev� a cria��o de Sociedades de Prop�sito Espec�fico (SPEs) para aumentar o controle e dar mais efici�ncia � gest�o do sistema, que ser� redesenhado. A �rea central, que responde por 40% do sistema municipal, ficar� a cargo de uma �nica SPE. "Queremos atrair gente parruda, com poder para fazer investimento e que entenda do assunto", diz Tatto. Como parte do esfor�o para atrair grupos estrangeiros, a Prefeitura j� come�ou a desapropriar 42 �reas, entre garagens e p�tios de �nibus, para que as atuais concession�rias n�o saiam em vantagem na licita��o. "Est� todo mundo como siri dentro de uma lata." Ele n�o revela quais empresas de fora j� sinalizaram interesse em participar da disputa, mas, segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, companhias brit�nicas e americanas est�o entre as interessadas.

Consolida��o

A poss�vel chegada de estrangeiras pode acelerar, na vis�o dos s�cios da consultoria Advisia, um processo de consolida��o que come�ou h� algum tempo e ainda est� em curso. O setor est� no meio de uma corrida para ganhar escala, que j� motivou uma s�rie de fus�es e aquisi��es. A mineira Saritur, por exemplo, comprou pelo menos quatro bandeiras desde 2012. Uma das maiores aquisi��es do setor foi a compra da P�ssaro Marrom, em 2011, pelo grupo Comporte, dos irm�os Constantino, fundadores da companhia a�rea Gol, em um neg�cio estimado pelo mercado em R$ 400 milh�es. "� um segmento muito pulverizado. No Reino Unido, por exemplo, as cinco maiores empresas t�m 60% do mercado", disse Rodrigo Leite, da Advisia. Entre os fatores que, segundo ele, impulsionam esse movimento est�o o aumento do custo com sal�rios e as press�es contra reajustes de tarifas. "Escala � essencial nesse neg�cio."

Tamb�m pesa a favor das fus�es e aquisi��es o movimento de sucess�o dentro das empresas familiares. "Eu tinha primos que nem sabiam o endere�o da empresa", disse o neto do fundador de uma das empresas vendida ao grupo Comporte. O pr�ximo passo esperado pelo mercado � a entrada no segmento de gestoras de private equity, que compram participa��o em empresas para vender no futuro com lucro. O presidente do conselho do grupo Comporte, Henrique Constantino, afirma que j� foi procurado por fundos desse tipo. "Esse � o nosso neg�cio e n�o queremos vender. Mas, claro, podemos avaliar a entrada de s�cios dependendo do porte dos nossos projetos." O Grupo Guanabara disse, em nota, que "n�o est� descartada uma eventual parceria com fundos de investimento".

At� o momento, no entanto, n�o h� nenhum neg�cio conhecido no setor envolvendo investidores institucionais. "Esse ainda � um segmento muito complicado, que assusta o investidor", diz um assessor financeiro que j� trabalhou para empresas de �nibus. A concorr�ncia internacional, se vier, pode mudar essa l�gica. As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.


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