Rio, 12 - A economia mundial passa por um momento de mudan�a relevante, com in�cio de um ciclo de fortalecimento do d�lar "longo e persistente", avalia Affonso Celso Pastore, economista e ex-presidente do Banco Central (BC). "Estamos assistindo ao come�o do ciclo de valoriza��o do d�lar. A deprecia��o aqui (no Brasil) vai ter que ser maior, � uma valoriza��o do d�lar em rela��o a todo mundo", afirmou durante o 1� Semin�rio de Pol�tica Monet�ria, realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Getulio Vargas (Ibre/FGV), no Rio.
Pastore destacou que o crescimento econ�mico dos Estados Unidos "� sustent�vel", o que faz com que o capital flua para l�. Um dos fatores que beneficia o crescimento econ�mico dos EUA � a queda dos pre�os do petr�leo, fen�meno que vem ocorrendo desde meados do ano passado. "A tend�ncia dos EUA � cont�nua, com for�a de crescimento sustent�vel, acima de Europa e outros", afirmou.
No caso da Europa, o economista v� que as a��es do Banco Central Europeu (BCE) tiraram a regi�o da "fragilidade", mas o ajuste est� ocorrendo "atrasado". Paralelamente, os EUA est�o firmes no crescimento, enquanto outros pa�ses, n�o. "O resultado � um ciclo de fortalecimento do d�lar em rela��o �s demais moedas. � preciso lembrar que ciclos de fortalecimento do d�lar ocorreram no passado, todos eles foram longos", disse Pastore.
Em rela��o ao Brasil, Pastore destacou que o ajuste fiscal "� muito importante e tem que ser feito", mas h� a dificuldade de ocorrer com um "governo fraco, com pouco apoio pol�tico". "A compet�ncia do ministro (da Fazenda, Joaquim Levy) existe (para fazer o ajuste), mas discuto o cen�rio em que isso se encaixa", ponderou.
Pastore destacou que o Brasil est� entrando em recess�o, o que faz ca�rem os investimentos estrangeiros diretos (IED). Nesse quadro, a entrada de investimentos estrangeiros em portf�lio � fundamental para cobrir o d�ficit em conta corrente.
"H� quem ache que � f�cil, que o BCE injeta moeda no mundo e ele vem para o Brasil. Viria para o Brasil se o Brasil estivesse com risco baixo, mas o risco est� subindo, ent�o, ele vai para os EUA, valorizando o d�lar", disse Pastore. Nesse caso, a pol�tica econ�mica deveria deixar o d�lar se apreciar ainda mais, como Levy vem sinalizando, defende Pastore.