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Estado de Minas

Crise pol�tica e manifesta��es enlouquecem os investidores e empurram o d�lar

Moeda alcan�a R$ 3,28, mas fecha cotada a R$ 3,249, alta de 2,77%. Avan�o pesa na infla��o


postado em 14/03/2015 06:00 / atualizado em 14/03/2015 07:17

Bras�lia – A crise pol�tica que atinge praticamente toda a base aliada do governo no Congresso e as manifesta��es que tomaram o pa�s na sexta-feira 13 enlouqueceram os investidores e empurraram o d�lar para o maior patamar em quase 12 anos. Ap�s superar a marca dos R$ 3,28 na m�xima do dia, a divisa dos EUA perdeu for�a e encerrou o preg�o negociada a R$ 3,249 para a venda; ainda assim, no maior patamar desde abril de 2003. Para analistas, a escalada da moeda norte-americana reflete incertezas sobre a capacidade do governo de colocar em pr�tica um duro ajuste fiscal em um ano j� marcado pela queda do Produto Interno Bruto (PIB) e pela instabilidade provocada pela Opera��o Lava-Jato, cujas investiga��es podem continuar gerando turbul�ncias no cen�rio pol�tico.

Poucas vezes o quadro institucional do pa�s interferiu tanto nas cota��es do d�lar quanto ontem. Prova disso � que, antes mesmo da abertura oficial dos neg�cios na Bolsa de Valores de S�o Paulo, a divisa dos EUA j� superava os R$ 3,21. Por volta de tr�s horas depois, a cota��o j� havia pulado para R$ 3,28, com investidores reagindo a informa��es sobre uma maior ades�o aos atos pr�-impeachment da presidente Dilma Rousseff, marcados para o domingo. Agora, al�m de lideran�as pol�ticas da oposi��o, as manifesta��es ganharam o apoio de artistas e de personalidades p�blicas, que se declararam indignados com as den�ncias de corrup��o e com a crise econ�mica vivida pelo pa�s.

Para piorar, as incertezas acerca dos pr�ximos passos da pol�tica monet�ria nos EUA levaram a uma fuga generalizada de ativos e contribu�ram para afundar de vez as cota��es do real e de outros pa�ses emergentes. Investidores temem que o Federal Reserve, o banco central norte-americano, antecipe para o primeiro semestre um poss�vel aperto nos juros b�sicos.

Praticamente todas as moedas dos pa�ses emergentes vem perdendo valor frente ao d�lar este ano. As maiores quedas registradas foram as da lira turca, que desabou 13% desde janeiro, do rand sul-africano, com queda de 8%, e dos pesos mexicano e chileno, com 5% de desvaloriza��o, cada um. Ainda assim, o desempenho do real brasileiro �, de longe, o pior registrado nesse ranking: 22,20%. Significa uma press�o a mais para a infla��o, que este ano poder� romper o teto da meta, de 6,5%, o que n�o acontece desde 2004.

Avalanche Desde o primeiro turno das elei��es do ano passado, o d�lar j� avan�ou 35%. E o processo de maxdesvaloriza��o deve continuar, na opini�o de analistas, motivado por influ�ncias externas e, sobretudo, pelos desgastes pol�ticos no Brasil. Ningu�m, no entanto, arrisca dizer at� quando a cota��o da moeda norte-americana subir�. H� proje��es de d�lar caminhando para R$ 3,50 na semana que vem.

Um dos maiores temores dos investidores � de que as medidas fiscais consideradas essenciais para tirar a economia do atoleiro n�o sejam concretizadas. Ontem, intensificaram os rumores no mercado financeiro de uma eventual sa�da de Joaquim Levy do Minist�rio da Fazenda. Em conversas reservadas, ele teria dito que, caso o governo n�o consiga aprovar o arrocho fiscal, entregaria o cargo.

Os movimentos de avers�o ao risco come�am a ganhar mais for�a, na an�lise do estrategista da Guide Investimentos Luis Gustavo Pereira. “A alta do d�lar � estrutural, n�o estamos sendo o �nico pa�s a ter a moeda desvalorizada, mas o mercado acaba refletindo o cen�rio pol�tico conturbado”, sublinha. “O d�lar continuar� subindo, com pouco espa�o para revers�o, mesmo que deixe de ter altas muito fortes”, emenda o economista da Guide Ignacio Rey.

O mercado ter� de conviver com bastante volatilidade nos pr�ximos dias, acrescenta o economista da RC Consultores Marcel Caparoz. Os indicadores econ�micos, elenca ele, est�o confirmando um cen�rio de perda de dinamismo da atividade, j� esperado desde o ano passado: desemprego em alta, o com�rcio enfraquecido, os juros subindo.

O novo patamar da cota��o da moeda norte-americana n�o ficar� abaixo de R$ 3,20, na aposta de Caparoz. “A forte volatilidade deve continuar, mas n�o d� para fazer previs�es no m�dio prazo neste momento”, pondera. Com exce��o da moeda russa, o rublo, o real � a divisa que mais se desvalorizou frente ao d�lar nos �ltimos 12 meses. “O cen�rio interno complicado, com manifesta��es e esc�ndalos, agrava o processo de desvaloriza��o cambial.”

O presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Paulo Dantas, percebe uma especula��o bem acima do natural por parte dos investidores neste momento de turbul�ncia. A preocupa��o dele � com o impacto da alta da moeda na infla��o. “Vai atingir em cheio o bolso do consumidor. O d�lar interfere no pre�o de medicamentos, do p�ozinho franc�s, de tudo”, exemplifica.

O avan�o da divisa tende a piorar a carestia e obrigar o Banco Central a manter a alta dos juros b�sicos da economia (Selic), atualmente em 12,75% ao ano. Na pr�xima reuni�o do Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom), no fim de abril, j� se projeta um novo aumento de 0,50 ponto percentual, e mais 0,25 ponto percentual na de junho.

 

Meta amea�ada

A escalada do d�lar tende a provocar estragos na renda n�o s� de quem planeja viajar para o exterior, mas praticamente de todos os brasileiros. “Nossos c�lculos mostram que o repasse do c�mbio para a infla��o est� longe de ser trivial”, assinalou o diretor de Pesquisas para Am�rica Latina do banco Goldman Sachs, Alberto Ramos. Uma valoriza��o da divisa dos EUA por 12 meses eleva em 6% o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA). Por isso, num cen�rio que j� contempla infla��o acima de 8% este ano, todo o cuidado � pouco, refor�a o economista. “Tudo isso refor�a a nossa vis�o de que o Banco Central deve manter-se extremamente vigilante a fim de ancorar com sucesso as expectativas de infla��o e limitar efeitos de cont�gio do d�lar sobre outros pre�os.”

 

 


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