S�o Paulo, 15 - Arrocho no cr�dito, credores no calcanhar e investidores sem seguran�a para comprar ativos est�o tirando o f�lego financeiro das empresas envolvidas direta ou indiretamente na Opera��o Lava Jato. O cen�rio cada vez mais complicado est� levando empreiteiras a avaliar a recupera��o judicial como uma alternativa de sobreviv�ncia. Segundo o 'Estado' apurou, o grupo OAS e a Galv�o Engenharia s�o as que est�o em processo mais avan�ado e podem pedir nos pr�ximos dias. A Schahin tamb�m caminha a passos largos. Na berlinda est�o ainda a UTC e a Engevix.
Na avalia��o do diretor s�nior de empresas da ag�ncia de classifica��o Fitch Ratings, Ricardo Carvalho, as empresas que est�o com caixa apertado e dependem da rolagem de d�vidas correm um risco elevado de n�o conseguirem cr�dito, o que pode lev�-las � bancarrota.
O cr�dito no mercado internacional est� fechado para todas as empresas que t�m envolvimento com Petrobras ou Lava Jato. No Brasil, o principal financiador, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES), ficou mais seletivo. Executivos de empresas ouvidos pela reportagem contam que a institui��o t�m pedido garantias adicionais at� para liberar parcelas de financiamentos j� aprovados. "O pior � que n�o podemos condenar nenhuma institui��o financeira: ningu�m sabe se essas empreiteiras v�o conseguir pagar o que devem ou se v�o existir at� o fim do ano", diz um advogado especializado em obra p�blica.
Os bancos privados, por sua vez, se recolheram. At� oferecem linhas, mas o custo, que varia de caso a caso, chega a ser dobro do que era no ano passado. O n�mero de garantias e exig�ncias aumentou de tal maneira que, na pr�tica, a maioria das construtoras acusadas de corrup��o pena h� meses sem conseguir sinal verde para o seu pedido. "Os bancos n�o querem dar o dinheiro, mas nenhum quer ser acusado de matar a galinha dos ovos de ouro que � o setor: est�o empurrando com a barriga", diz um executivo da �rea. "V�o esperar para ver se a galinha resiste por conta pr�pria ou morre."
Paralisia
Nessa toada, grupos envolvidos na Lava Jato come�am a desmoronar. Uma recupera��o judicial j� dada como certa pelo mercado � a da Galv�o Engenharia, que paralisa obras e demite. Por meio de sua assessoria de imprensa, confirmou que est� numa situa��o financeira delicada, mas disse que n�o se manifestaria sobre os coment�rios de que pedir� recupera��o judicial nos pr�ximos dias.
Das construtoras que sa�ram vencedoras dos leil�es de rodovias em 2013 e 2014, a Galv�o foi a �nica que n�o conseguiu nem sequer o empr�stimo-ponte para tocar as obras da BR-153. Antes dos tr�mites burocr�ticos serem conclu�dos, o diretor da �rea de engenharia foi preso na Lava Jato. O pedido de financiamento permanece em an�lise no BNDES, enquanto a empresa aguarda a libera��o de garantias por bancos privados.
A Galv�o chegou a colocar R$ 200 milh�es em obras menores na rodovia. Pelo contrato, as obras de duplica��o devem come�ar no m�s que vem, mas a empresa n�o tem f�lego financeiro. Apenas na pra�a, com fornecedores, deve R$ 442 milh�es. Dos R$ 7,7 bilh�es que tem em contratos a receber, R$ 2,1 bilh�es s�o com a Petrobras: R$ 1,2 bilh�o de obras conclu�das e n�o pagas e outros R$ 900 milh�es a vencer.
A recupera��o judicial tamb�m entrou no radar das empreiteiras porque tamb�m encontram dificuldade para vender ativos que poderiam tir�-las do sufoco. "Se eu compro agora e, nos meses seguintes, a empresa entrar em recupera��o, eu posso ser responsabilizado junto com ela: � encrenca", diz um executivo que tem interesse em ativos de construtoras.
Uma que j� seu conta dessa realidade � a OAS. A empresa tem R$ 8 bilh�es em d�vidas, j� suspendeu o pagamento de qualquer passivo desde o in�cio do ano. Quer preservar o caixa para poder entrar com um processo de recupera��o judicial em que possa de fato dar a volta por cima, sem quebrar.
Cinco empresas do grupo devem entrar na recupera��o, entre elas, a OAS Infraestrutura. Ao incluir a Infraestrutura, sua participa��o na Invepar, concession�ria de diversos ativos, entre eles o Aeroporto de Guarulhos, ter� de ser vendida dentro do processo judicial. A Invepar � o seu ativo mais valioso: pode valer at� R$ 2,5 bilh�es.
O que atrasa plano da OAS s�o a��es na Justi�a, inclusive uma americana, em que credores acusam a empresa de desviar patrim�nio para garantir a venda da Invepar. Parte da venda est� at� bloqueada. Os advogados da empresa n�o quiseram comentar. Informaram que a OAS mant�m o processo de reestrutura��o e far� uma proposta a credores.
H� empresas que veem recupera��o como um caminho para sair do sufoco no curto prazo. � o caso da Schahin. A empresa de �leo e g�s do grupo, que fornece sondas para a Petrobras, tem uma d�vida US$ 1 bilh�o vencendo neste ano. Segundo relat�rio feito por uma consultoria independente, a Valuation, as receitas s�o suficientes para garantir o pagamento de d�vidas de longo prazo, mas os bancos resistem em oferecer um al�vio para o passivo de 2015. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, um escrit�rio de advocacia j� foi contratado para fazer a recupera��o judicial da empresa, e est� em fase agora de analisar a d�vida de cada empresa do grupo para estabelecer que companhias far�o ou n�o a recupera��o. A empresa n�o quis comentar. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.