Rio, 24 - O n�vel de confian�a atual da ind�stria corrobora proje��es de que o investimento ter� novo recuo em 2015. A avalia��o � do superintendente adjunto de Ciclos Econ�micos da Funda��o Getulio Vargas (FGV), Aloisio Campelo. A institui��o divulgou nesta ter�a-feira, 24, o indicador pr�vio do m�s, que apontou queda da confian�a de 8,2% ante fevereiro, para 76,2 pontos, o quinto pior n�vel da s�rie em 20 anos. "O desempenho dos investimentos ser� parecido com 2014, com nova queda e maior ociosidade (da capacidade instalada)", disse.
Na pr�via de mar�o, o N�vel de Utiliza��o da Capacidade Instalada (Nuci) atingiu 80,8%, o menor n�vel desde julho de 2009 e quase tr�s pontos porcentuais abaixo da m�dia hist�rica. A categoria de bens dur�veis � a que sustenta os piores n�veis do Nuci. Al�m disso, o ac�mulo de estoques persiste diante da demanda cada vez mais desaquecida. "H� v�rios setores que est�o mais ociosos. Isso chama menos investimento e gera engavetamento de projetos", disse Campelo.
"Claro que mais para o fim do ano, com boas not�cias, pode-se desanuviar esse cen�rio", acrescentou. As expectativas para os pr�ximos seis meses, contudo, ainda est�o em queda. Na pr�via deste m�s, o recuo foi de 7,2%. "Ainda estamos chegando ao pior momento. Na vis�o das empresas, a situa��o ainda pode piorar antes de melhorar", afirmou o superintendente.
Com menos apetite para investir, as empresas tampouco devem contratar nos pr�ximos meses. "A sinaliza��o para o emprego � desfavor�vel de forma disseminada. H� aumento de empresas que vislumbram a possibilidade de piora nos pr�ximos meses e contabilizam um processo de ajuste no quadro de pessoal", disse Campelo.
Pessimismo
A raz�o para tanto pessimismo, segundo Campelo, � a economia. A percep��o de que a atividade segue desacelerando, os juros est�o em alta e a demanda continua em baixa tem desanimado os empres�rios, que tamb�m assistem � queda na lucratividade. "Realmente, os fatores preponderantes s�o os relativos � economia no curto prazo, e n�o h� sinais de que isso deve reverter", afirmou.
As dificuldades enfrentadas pela ind�stria, na vis�o dos empres�rios, decorrem do ajuste fiscal que est� sendo feito pelo governo. As medidas de austeridade aprofundaram a desacelera��o da demanda e, consequentemente, da atividade. Campelo acredita que h� no setor um consenso de que algo precisava ser feito para recolocar a economia nos trilhos, mas os efeitos das medidas provocam o des�nimo. "Corre por fora a incerteza trazida pela turbul�ncia no ambiente pol�tico, que pode dificultar a aprova��o de algumas medidas", acrescentou.
A desvaloriza��o do real ante o d�lar, nesse contexto, beneficiaria exporta��es e seria uma v�lvula de escape para o mau momento vivido pela ind�stria. No entanto, os empres�rios n�o t�m avaliado dessa maneira. "O c�mbio, neste momento, n�o consegue contrapor efeitos da desacelera��o da economia", disse Campelo.
"No curto prazo, a ind�stria enfrenta press�o de custo e fica sem muito espa�o para repassar", acrescentou. Al�m disso, segundo o superintendente, a desvaloriza��o do real ante uma cesta de moedas n�o � t�o grande, uma vez que o d�lar tem se fortalecido inclusive frente a divisas como o euro.
Os empres�rios ainda temem que o governo seja obrigado a apertar mais o cinto caso a cota��o da moeda americana avance mais. Hoje, a incerteza sobre o limite do c�mbio � uma preocupa��o do setor. Mais � frente, contudo, Campelo continua apostando no setor externo como uma base para a recupera��o da produ��o.