Bras�lia, 27 - A crise instalada na articula��o pol�tica do Pal�cio do Planalto est� levando o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, seguindo os passos do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a negociar diretamente com o Senado a vota��o dos nomes escolhidos para duas diretorias da autoridade monet�ria. Fontes revelaram ao Broadcast Pol�tico, servi�o de not�cias em tempo real da Ag�ncia Estado, que Tombini iniciou as conversas na �ltima ter�a-feira depois de ter participado de audi�ncia p�blica na Comiss�o de Assuntos Econ�micos (CAE).
O presidente do BC j� encaminhou ao Planalto os nomes de Tony Volpon para ocupar diretoria de Assuntos Internacionais e de Ot�vio Ribeiro Damaso para a �rea de Regula��o. Cabe � Casa Civil pr�-aprovar os nomes antes de lev�-los ao Senado. Antes, por�m, Tombini est� ligando pessoalmente para senadores com os quais n�o conseguiu falar pessoalmente na CAE. "S� vi isso acontecer uma vez: com o (Henrique) Meirelles, no come�o do governo Lula", comento um dos integrantes da CAE.
Tombini tem dito que a diretoria do BC est� "sobrecarregada" sem dois membros e que gostaria de indicar os nomes dos substitutos ap�s a P�scoa. Com receio de que o clima hostil no Congresso contamine a nomea��o dos t�cnicos, Tombini encaminhar� os nomes se os senadores concordem previamente em n�o rejeit�-los � revelia ao Planalto.
Outro membro da comiss�o afirmou que Tombini "tem raz�o" em pavimentar o terreno pol�tico antes de formalizar os nomes dos novos diretores, a exemplo do caminho trilhado por Levy para conseguir aprovar as medidas de ajuste fiscal. "Os caras t�m raz�o porque a coisa (na articula��o) com o Planalto est� complicada", disse.
Um t�cnico do governo confirmou ao Broadcast que o chefe do BC est� sondando os integrantes da CAE, o que n�o foi confirmado pela assessoria da institui��o. Essa fonte argumentou, no entanto, que "com crise ou sem crise, esse � o ritual" sempre percorrido para aprovar diretores. "Estranho seria se ele (Tombini) n�o fizesse isso", disse.
Os senadores ouvidos pelo Broadcast afirmaram que dificilmente haver� rejei��o aos nomes apontados por Tombini por duas raz�es: ele conversou antes de fazer as indica��es e os cargos s�o burocr�ticos. Procurado, o BC preferiu n�o comentar.
Esvaziado
A c�pula da autoridade monet�ria est� incompleta desde 5 de fevereiro, quando foi anunciada a sa�da de Carlos Hamilton Ara�jo da cadeira de Pol�tica Econ�mica. Enquanto a CAE n�o sabatinar os postulantes � diretoria do BC, a institui��o segue tendo de administrar um cen�rio econ�mico complexo, com proje��o de infla��o em 7,9% ao fim do ano - acima do limite m�ximo toler�vel (6,5%) -, e perspectiva de queda de 0,5% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2015.
Em meio a esse quadro h� ainda a disparada do d�lar frente o real e um grande programa de swaps, que precisa ser desfeito e que tem cerca de US$ 115 bilh�es de estoque no mercado. O BC tamb�m precisa tomar outras decis�es complexas que precisam como forma de apoio ao ajuste fiscal e corre��o de rumos da economia em implementa��o pela Fazenda.
Nesta �ltima semana, essa diretoria incompleta teve de assumir publicamente que o quadro de 2015 � de estagfla��o, quadro formado por infla��o em alta e queda na atividade. O novo diretor de Pol�tica Econ�mica, Luiz Awazu Pereira da Silva, n�o usou termos como estagfla��o, recess�o e outros adjetivos quando apresentou as previs�es do Banco Central para o ano no Relat�rio Trimestral de Infla��o.
Awazu, contudo, desenhou um quadro que vai trazer muita press�o para a autoridade monet�ria e que, se confirmado, obrigar� Tombini a escrever uma carta p�blica ao ministro da Fazenda explicando o porqu� de n�o ter cumprido sua miss�o de controlar o custo de vida.