
Apesar da recomposi��o dos reservat�rios com as chuvas de fevereiro e mar�o, o que, segundo c�lculos do governo federal, permite descartar o risco de racionamento de energia neste ano, o bolso do consumidor mineiro sentir� novo aumento na conta de luz a partir de amanh�. Hoje, a Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (Aneel) define o reajuste anual da tarifa de energia da Companhia Energ�tica do Estado de Minas Gerais (Cemig). � a quarta eleva��o do ano. O percentual solicitado pela estatal � mantido em segredo, mas, segundo especialistas, deve oscilar entre 10% e 20%.
At� dezembro, o consumidor residencial pagava R$ 39,64 pelo consumo de 100KW/h (exclu�dos impostos). A partir de 1º de janeiro, houve acr�scimo do sistema de bandeira tarif�rias. Com a vig�ncia da cor vermelha, devido ao uso das usinas t�rmicas, o consumidor paga mais R$ 3 a cada 100KW/h consumidos. Em fevereiro, dois reajustes simult�neos salgaram ainda mais a conta: a Aneel definiu o reajuste extraordin�rio para cobrir os gastos com o aumento do custo da energia em raz�o da seca e o pre�o a ser pago pelo sistema tarif�rio teve eleva��o, passando de R$ 3 para R$ 5,5 no caso mais cr�tico. Com isso, o total da conta do mesmo perfil de consumidor passou para R$ 53,62, alta de 35,26% se somados os tr�s aumentos.
A proje��o mais recente do Operador Nacional do Sistema El�trica, publicado na quinta-feira, indica que at� o fim do m�s o volume armazenado nos reservat�rios da Regi�o Centro-Oeste/Sudeste, respons�vel por 70% da capacidade do pa�s, deve ser de 33,9%. Caso o volume de chuvas n�o corresponda ao previsto, o total armazenado ser� de pelo menos 31,3%. Ontem, o volume m�dio era de 29,9%. O governo federal tem dito que caso a principal regi�o geradora superasse 30% o racionamento energ�tico era descartado. A expectativa � que esse m�s registre 88% da vaz�o mensal da s�rie hist�rica. Com os solos encharcados devido �s chuvas dos �ltimos dois meses, quase a totalidade da �gua deve servir para recompor os dep�sitos das usinas. O diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, disse em entrevista recente que � preciso chover aproximadamente 60% do volume da s�rie hist�rica do per�odo seco (de maio a novembro) para em dezembro os reservat�rios terem ainda 10% do volume total.
No ano passado, na mesma �poca, a regi�o registrava 36,86% do total. Por exemplo, a Usina Hidrel�trica de Furnas, respons�vel por 17,42% da capacidade de gera��o da regi�o, estava com 27,5% do volume em 6 de abril de 2014. Ontem, apesar da insufici�ncia de chuvas em novembro, dezembro e janeiro, j� estava com 22,98%. A usina de Nova Ponte, segunda mais relevante da regi�o (11,39%), no ano passado estava com 25,41% ante 21,33% ontem. Tr�s Marias, por integrar a bacia do Rio S�o Francisco, integra a Regi�o Nordeste do sistema interligado, segundo o ONS. Com a pol�tica operacional de redu��o da vaz�o ao longo dos �ltimos meses, a usina conseguiu ultrapassar consideravelmente o volume armazenado durante o per�odo chuvoso do ano passado. No mesmo per�odo de 2014, o reservat�rio estava com 18,84%; hoje tem 32,62%. Isso ir� garantir o fornecimento de �gua para as cidades ribeirinhas que dependem da bacia.
O diretor-geral da CMU Comercializadora de Energia, Walter Fr�es, afirma que mesmo com o al�vio no volume armazenado a tend�ncia � que o volume seja inferior ao registrado no encerramento do per�odo de chuvas do ano passado. Isso exigir� planejamento dos operadores para evitar a repeti��o de problemas. “Se comparar com janeiro, a situa��o � muito melhor, mas o planejamento a longo prazo exige uma opera��o sem erros”, afirma. Sobre o aumento de custo para o consumidor, ele cr�tica a pol�tica do governo federal e diz que o a falha foi n�o ter sido adotada pol�tica de racionamento. “Seria mais barato cortar certo n�vel de carga”, afirma, lembrando que a conta a ser paga pelos consumidores at� 2020 � de R$ 37 bilh�es.
Mercado prev� infla��o de 8,2%
Se o pr�prio Banco Central j� “jogou a toalha” em rela��o ao cumprimento da meta de infla��o para este ano, o mercado financeiro elevou pela 14ª semana consecutiva sua proje��o para a alta de pre�os medida pelo IPCA em 2015. De acordo com o Boletim Focus divulgado ontem, a estimativa do grupo de economistas ouvido pela autoridade monet�ria passou de 8,13% para 8,2%. H� um m�s, a previs�o para a alta de pre�os de 2015 era de 7,77%.
No fim do m�s passado, o BC disse esperar uma infla��o de 7,9% este ano, bastante acima do teto da meta que comporta uma alta de pre�os de at� 6,5%. Para o grupo dos economistas que mais acertam as previs�es – chamado Top 5 –, a mediana das previs�es para o IPCA de 2015 � ainda maior, e passou de 8,33% para 8,44% esta semana. Para o final de 2016, a mediana das proje��es para o IPCA foi mantida em 5,60%.
Por outro lado, a piora das expectativas quanto � alta dos pre�os administrados – que envolvem energia, combust�veis e g�s de cozinha, por exemplo – parece ter se estancado. Depois de 16 semanas consecutivas de aumentos nas proje��es para o indicador, a previs�o nesta semana ficou est�vel em 13% para 2015.