
A conta de luz de 8 milh�es de consumidores mineiros ficar� mais alta a partir de hoje. A Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (Aneel) aprovou ontem reajuste de 5,93% sobre a tarifa dos usu�rios residenciais da Companhia Energ�tica do Estado de Minas Gerais (Cemig). � o quarto aumento aplicado pela companhia neste ano. Somados todos os reajustes, a conta de uma casa com m�dia de consumo de 100 KW/h por m�s subiu R$ 14 desde 1º de janeiro. A alta acumulada � de 42,5%. O impacto � ainda mais forte para a ind�stria, com avan�o m�dio de 8,12% no mercado de alta tens�o a partir de hoje.
O c�lculo do reajuste considera as varia��es de custo da empresa nos �ltimos 12 meses, diz a ag�ncia reguladora. Entre outros, s�o computados os custos da atividade de distribui��o, com energia comprada e com encargos. Segundo a Aneel, a varia��o m�dia para os consumidores de baixa tens�o, que engloba as classes residencial, rural, comercial e ind�strias de pequeno e m�dio porte e ilumina��o p�blica, ser� de 7,07%. A varia��o tarif�ria � reflexo da soma do aumento de custos na compra de energia (2,53%), encargos (2,77%) e transmiss�o (2,05%). Os custos associados diretamente � atividade da distribuidora tiveram queda de 0,29%.
Segundo o gerente de Tarifas da Cemig, Ronalde Xavier Moreira J�nior, as condi��es hidrol�gicas dos �ltimos dois anos, que for�aram o uso das usinas termoel�tricas, geraram a necessidade de repasse de custos para os consumidores. Ele lembra que os clientes s� v�o perceber o reajuste na fatura de maio. O percentual � inferior ao previsto pela maioria dos especialistas em mercado energ�tico. A expectativa era de alta superior a dois d�gitos.
At� 31 de dezembro, a tarifa cobrada pela Cemig era de R$ 0,39 por kWh. Com a virada do ano, houve o acr�scimo de R$ 3 a cada 100 kWh consumidos devido � entrada em vigor do sistema de bandeira tarif�ria, adotado para o pagamento sobre o uso das usinas t�rmicas. Em fevereiro, a ag�ncia reguladora definiu reajuste de 21,39% para consumidores residenciais, al�m reajuste do valor cobrado para uso das t�rmicas em per�odo de baixa dos reservat�rios. O aumento de ontem foi de 5,93%. Com isso, a tarifa subiu para R$ 0,56 por kWh.
A aposentada S�nia Maria Medeiros � exemplar quando o assunto � economia de energia. Se um aparelho n�o estiver em uso, certamente n�o estar� conectado � tomada. O chuveiro fica ligado s� os minutos suficientes para ensaboar e enxaguar o corpo. A m�quina de lavar � usada s� uma vez por semana. Todos os exemplos ela adotou depois de um TV ter queimado durante um temporal. “Aprendi com aquilo a n�o deixar mais os aparelhos ligados na tomada”, lembra.
Mas, neste ano, com o aumento das tarifas, nem dona S�nia escapou. Em um m�s, a conta quase dobrou de valor. De R$ 40 subiu para quase R$ 80, consequ�ncia de um descuido no consumo e da alta das tarifas. Mas ela j� adotou as medidas necess�rias para reduzir o pre�o da conta. E, mesmo com o novo reajuste, espera diminuir o valor.
Aprendizado A metodologia de economia da aposentada, no entanto, n�o se repete em todas as resid�ncias, o que, segundo o s�cio-diretor da Enecel Energia, Raimundo Batista, d� brecha para uma pol�tica de redu��o de consumo. Cr�tico da pol�tica energ�tica do governo federal, ele defende o racionamento para aliviar o consumo, permitindo assim o menor uso das usinas t�rmicas para complementar a gera��o. Mas diz ser improv�vel o Pal�cio do Planalto adotar a medida. “N�o vai haver racionamento, mas vai haver alta na sua tarifa. O aumento de custo vai ser jogado na tarifa”, afirma. O especialista � favor�vel ao racionamento mais agudo nas classes residencial e comercial, com redu��o de at� 25%. “O racionamento � salutar para se dar valor � energia”, diz.
A alta dos reservat�rios da Regi�o Centro-Oeste/Sudeste, respons�vel por 70% da gera��o energ�tica do pa�s, nos �ltimos dois meses garantiu certo al�vio, apesar de estar longe do patamar ideal. O volume m�dio superou a marca de 30%, indicada pelo Operador Nacional do Sistema El�trico (ONS) como suficiente para evitar o racionamento.
O diretor-presidente da Associa��o Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Carlos Faria, considera insuficiente o patamar atual e corrobora a necessidade de adotar a racionaliza��o do consumo. “Temos uma sinaliza��o de pre�o equivocada. Parece que se pode consumir � vontade”, diz sobre o consumo residencial. Segundo ele, ao longo do per�odo de seca, que se estende at� dezembro, o n�vel dos reservat�rios da regi�o deve reduzir para aproximadamente 15%, contribuindo para eleva��o do pre�o da energia no mercado livre. “Est� inviabilizando a ind�stria. As empresas est�o preocupadas com o custo de produ��o”, afirma.
Outro custo Em comum, ambos especialistas criticam a proposta da Aneel de contrata��o de energia de unidades com gera��o pr�pria excedente, que, se aprovada, pode ser mais um custo a ser pago pelos consumidores. A medida est� em an�lise no Minist�rio de Minas e Energia. O texto prev� o pagamento de at� R$ 1.420 por MWh gerado para essas fontes. “A quest�o � o custo que isso representa para os anos seguintes”, afirma Batista. Soma-se a isso o valor a ser pago pelos empr�stimos das distribuidoras para compra de energia feitos no ano passado. S�o R$ 37 bilh�es a serem distribu�dos nos reajustes at� 2020.