A fabricante finlandesa de equipamentos de telecomunica��es Nokia ir� se fundir com a franco-americana Alcatel-Lucent como parte de uma neg�cio que visa criar grande companhia europeia, capaz de competir com a gigante sueca Ericsson e a concorr�ncia chinesa.
A opera��o, formalizada nesta quarta-feira 24 horas ap�s o an�ncio das negocia��es para uma fus�o, deve dar � luz a um gigante, com volume de neg�cios de cerca de 27 bilh�es de euros apenas em infraestrutura.
O acordo permitir� � Nokia - reorientada para esta �rea desde a venda em abril de 2014 de seus telefones e tablets para a norte-americana Microsoft - crescer em rela��o � Ericsson, sua grande rival sueca, e � chinesa Huawei, que busca entrar no Ocidente.
O acordo entre as duas ex-estrelas das novas tecnologias dissipou a ilus�o de um casamento entre iguais, dedicando a absor��o da Alcatel. A antiga l�der industrial francesa vinha sofrendo duros golpes h� anos, em virtude do fracasso da sua uni�o com a americana Lucent.
A opera��o ser� exercida no contexto de uma oferta p�blica de permuta de a��es no primeiro semestre de 2016, valorizando a Alcatel-Lucent em 15,6 bilh�es de euros. No final, os acionistas da Nokia ser�o donos de dois ter�os do capital. O novo grupo leva o nome de Nokia Corporation, ter� sede na Finl�ndia e ser� dirigido pelos atuais propriet�rios da empresa n�rdica: Risto Siilasma, na presid�ncia do conselho de administra��o, e Rajeev Suri, na dire��o-geral.
Representantes da Alcatel-Lucent ter�o tr�s assentos de nove e dez no Conselho de Administra��o, incluindo o cargo de vice-presidente. As discuss�es sobre uma poss�vel fus�o come�aram em 2013, informou Suri nesta quarta-feira.
A opera��o fez com que as a��es da Nokia subissem em Helsinque, mas foi muito mal recebida na Bolsa de Paris, onde os t�tulos da Alcatel-Lucent ca�ram mais de 15%. Diversas contrapartidas concedidas pelo comprador finland�s permitiram garantir a aprova��o do governo socialista franc�s para o neg�cio. O caso foi seguido de perto em Paris, onde o presidente Fran�ois Hollande recebeu na �ltima ter�a-feira os l�deres de ambos os grupos.
Rompendo com o "patriotismo econ�mico" professado por seu antecessor Arnaud Montebourg, o ministro da Economia franc�s, Emmanuel Macron, frisou ap�s a reuni�o que a fus�o n�o criaria "qualquer destrui��o de postos de trabalho na Fran�a".
'A Fran�a n�o perde a Alcatel'
"Tivemos todos os compromissos por parte da Nokia", disse Macron, elogiando o nascimento de "um grande campe�o europeu, tanto de equipamentos quanto de tecnologia m�vel e fixa". "Isso � o oposto de um enfraquecimento industrial da Fran�a", disse nesta quarta-feira o porta-voz do executivo, St�phane Le Foll, argumentando que "o objetivo do governo � manter a emprego e a pesquisa cient�fica na Fran�a".
"A Fran�a n�o perde a Alcatel (...) Se n�o houvesse essa uni�o, talvez um dia a Alcatel n�o tivesse mais tamanho para enfrentar o mercado internacional", acrescentou outro funcion�rio do governo socialista, o secret�rio de Estado Jean-Marie Le Guen.
O CEO da Alcatel-Lucent, Michel Combes, disse que estava "convencido" do "interesse estrat�gico deste projeto". A Nokia Corporation quer fazer uma economia de 900 milh�es de euros at� 2019, sem retirar empregos adicionais no final da reestrutura��o do grupo franc�s.
A Alcatel-Lucent tinha planejado 10.000 cortes de empregos entre 2013-2015, incluindo 600 na Fran�a. O grupo tem atualmente 53.000 funcion�rios no mundo todo, incluindo 8.000 na Fran�a, enquanto a Nokia emprega 61.650 pessoas. Segundo Combes, a Nokia ir� contratar "500 pesquisadores a mais" na Fran�a para "investir no 5G", a nova gera��o de telefonia. "Esta � a primeira vez que a Alcatel-Lucent volta a contratar no setor de pesquisa e desenvolvimento na Fran�a", insistiu.
A Alcatel sofreu duros golpes ap�s sua fus�o mal-sucedida com a Lucent em 2006, que desde ent�o tem resultado em perdas, com exce��o de 2011. Sua absor��o pela Nokia expande a lista de grupos franceses que passaram para controle estrangeiro nos �ltimos anos, como o Club Med, emblema do turismo franc�s que se tornou chin�s, ou a Alstom industrial, que vendeu suas opera��es de energia para a americana General Electric.