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Estado de Minas

Caixa eleva juros e encarece compra da casa pr�pria

Pela segunda vez no ano, banco aumenta taxas do cr�dito imobili�rio. Valor financiado cai de 90% para 80%. Novas regras, que encarecem im�veis, est�o em vigor desde segunda-feira


postado em 17/04/2015 06:00 / atualizado em 17/04/2015 07:30

Com decisão da instituição, a administradora Aline Almeida diz que ficou assustada (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
Com decis�o da institui��o, a administradora Aline Almeida diz que ficou assustada (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
A Caixa Econ�mica Federal aumentou a taxa de juros e reduziu a cota m�xima do financiamento de im�veis residenciais, desde segunda-feira. Essa foi a segunda alta este ano nos contratos enquadrados no Sistema Financeiro da Habita��o (SFH), com recursos da poupan�a (SBPE), para im�veis at� R$ 750 mil. Quem desejava financiar a casa pr�pria agora vai ter que pensar duas vezes e refazer os c�lculos. At� porque o percentual que a institui��o empresta caiu de 90% para 80% do valor do bem, no sistema de amortiza��o constante (SAC), e para 50% pela tabela Price (usa regime de juros compostos para calcular o valor das parcelas). Isso significa que ser� preciso desembolsar mais dinheiro.

De acordo com a Caixa, o percentual est� alinhado � Taxa B�sica de Juros (Selic, em 12,75% ao ano), e passa a valer para os novos financiamentos. A taxa de balc�o (a mais alta, para n�o-clientes) passou de 9,15% ao ano para 9,45%, al�m da Taxa Referencial (TR). Clientes com conta no banco ter�o a taxa elevada de 8,75% para 9,30%. Para os que recebem sal�rio na Caixa, os juros cresceram de 8,25% para 9% ao ano. Servidores p�blicos com conta na institui��o v�o arcar com taxa de 9% anuais (antes era de 8,60%). E para os servidores com conta-sal�rio, os juros crescer�o de 8% para 8,80%. O SFH tem juros limitados a 12% ao ano.

Os juros dos financiamentos com recursos do FGTS e do Programa Minha Casa Minha Vida n�o foram alterados. Em nota, a Caixa informou que, “mesmo com este ajuste, continuar� oferecendo as melhores taxas do mercado para im�veis enquadrados no SFH”. Vale lembrar que, em janeiro, a Caixa subiu as taxas do cr�dito imobili�rio com recursos da poupan�a e pr�prios. O ato provocou efeito cascata, pois a Caixa, com cerca de 70% do mercado, dita a tend�ncia para o restante do sistema.

No in�cio do ano, a maioria das institui��es financeiras seguiram o exemplo. O Bradesco, entre o fim de 2014 e mar�o de 2015, elevou os juros de 9,2% para 9,6% ao ano. O Santander, em fevereiro, ajustou suas taxas de 8,6% para 9,1% anuais. E o Ita� Unibanco, no mesmo m�s, aumentou os juros de 9,2% e 9,6% ao ano, para os im�veis do SFH.

A decis�o da Caixa causou controv�rsias. Para Luciano Mollica, s�cio do escrit�rio Bicalho e Mollica Advogados, a not�cia � muito ruim, principalmente porque vem no momento em que os estoques est�o altos e novos empreendimentos est�o prestes a ser lan�ados. “Quem comprou l� atr�s, agora vai tomar financiamento com pre�o mais caro. Os resultados s�o dif�ceis de prever. Mas se o cen�rio de estagna��o persistir, a tend�ncia � as vendas ca�rem”, destacou Mollica.

A técnica em enfermagem Priscila Alvim afirma que só com um milagre terá imóvel próprio(foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
A t�cnica em enfermagem Priscila Alvim afirma que s� com um milagre ter� im�vel pr�prio (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
Frustra��o A not�cia veio como um balde de �gua fria para t�cnica de enfermagem Priscila Alvim Freitas, que sonha em sair do aluguel e ter uma casa pr�pria. “Agora, s� um milagre. Al�m dos valores do mercado imobili�rio estarem acima do que podemos, a infla��o tem corro�do nosso or�amento”, conta, dizendo que ela e o marido n�o ganham o suficiente para conseguir dar uma entrada ou financiar um im�vel. “O nosso plano era financiar algo quando os sal�rios aumentassem e os juros ca�ssem, mas, com essa realidade brasileira, o nosso sonho est�, cada dia, mais distante”, comenta.

A mesma frusta��o teve a adminsitradora Aline Almeida. Desempregada, ela conta que, logo na tarde de ontem, quando soube do reajuste para financiamento, ficou assustada. “Quem vai querer comprar algum im�vel este ano?”, questiona. Ela conta que, como sonha em ter uma casa pr�pia, j� pesquisou os pre�os do mercado imobili�rio em Belo Horizonte e est� assustada com os valores cobrados por apartamentos e casas. “Minha irm� est� h� um ano tentando vender um im�vel e n�o consegue. O mercado est� ruim para quem compra e para quem vende. Ela est� t�o desanimada que j� est� pensando em alugar”, conta.

Aline diz que, com um cen�rio econ�mico cada vez pior para os trabalhadores, principalmente com a taxa de desemprego de 7,4%, ser� dif�cil algu�m animar a tirar o dinheiro do bolso para dar entrada em algum im�vel, principalmente, depois do arrocho fiscal. Para ela, tudo est� t�o caro, que, por causa disso, muitos sonhos est�o sendo deixados para depois.

A receita dos servi�os recua

Depois de um longo per�odo de crescimento forte, o desaquecimento da economia indica freada forte na receita nominal das empresas do setor de servi�os. O setor encerrou fevereiro com alta de 0,8% no faturamento ante igual per�odo do ano passado. Apesar do avan�o, o ritmo est� aqu�m do registrado m�s a m�s desde o in�cio da s�rie hist�rica em janeiro de 2012. No acumulado de 12 meses, o indicador fechou em 4,7%. � o d�cimo primeiro m�s seguido de desacelera��o da receita se considerado o acumulado em um ano.

No pa�s, dois dos cinco diferentes grupos de servi�o tiveram retra��o em fevereiro: transportes (-1,9%) e outros servi�os (-0,2%). Servi�os prestados �s fam�lias (6,8%); de informa��o e comunica��o (0,6%) e profissionais, administrativos e complementares (3,6%) tiveram alta. Segundo o t�cnico de Servi�os e Com�rcio do IBGE, Roberto Saldanha, a retra��o no setor de transportes se deve a dois fatores principais: menor demanda do segmento corporativo por passagens a�reas e baixa demanda por fretes rodovi�rios.

Ele explica que o setor de turismo teve alta nas viagens a�reas, mas as empresas, respons�veis por mais de 60% dos passageiros, tiveram fortes cortes. O resultado: queda de 4,5% no segmento a�reo. No caso do transporte de carga (-2,5%), o desaquecimento da economia resultou em oferta al�m da demanda, o que induziu a uma redu��o no pre�o dos fretes. O impacto pode ser observado com a retra��o em Goi�s (-4,3%), Paran� (-3,1%), Rio Grande do Sul (-1.9%) e Mato Grosso do Sul (-1,2%).

O professor de finan�as do Ibmec, Jos� Kobori, lembra que o crescimento do setor de servi�os nos �ltimos anos est� diretamente ligado � pol�tica econ�mica do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, de incentivar o crescimento via consumo. Com a mudan�a de rumo, e menor crescimento da renda, a procura tende a ser menor. “O setor de servi�os demorou um pouco mais a sentir, mas a tend�ncia � se agravar ao longo do ano. Isso tira um pouco da press�o sobre a infla��o dos servi�os”, afirma.

Minas Gerais teve resultado pior do que o nacional. No estado, houve queda de 0,1% na receita nominal do setor no per�odo. O estado teve varia��o negativa em quatro dos cinco grupos de servi�o: prestados �s fam�lias (-0.9%), profissionais, administrativos e complementares (-2,4%), transportes (-3,1%) e outros servi�os (-9,2%).

REFLEXOS A crise bateu na porta da costureira Palmira Barbosa da Silva, de 65 anos. O aluguel do estabelecimento em que ela montou a pequena empresa, na Rua Contagem, no Bairro Santa In�s, na Regi�o Leste de Belo Horizonte. Subiu 10%. Em raz�o disso, ela reajustou o pre�o da bainha no mesmo percentual. “Mas tive que retornar ao valor antigo, porque a clientela achou que encareceu. O pre�o voltou a ser R$ 10. J� o do aluguel n�o voltou ao valor que era antes”, lamentou a senhora, que aprendeu o of�cio h� cinco d�cadas, em Juramento, no Norte de Minas, onde ela nasceu.

O encarecimento do custo com aluguel e os �ltimos reajustes de energia el�trica prejudicaram a margem de lucro. Mas outro assunto que a deixa triste � o lamento de sua filha ter sido obrigada a trancar a matr�cula no curso de direito: “A faculdade ficou cara e ela n�o teve como pagar as mensalidades. Precisou interromper o curso”, contou a mulher.

Dona Ieda Maciel de Souza, de 56, tamb�m mudou alguns h�bitos em raz�o da desacelera��o da economia. “Uma das coisas que mudei foi o n�mero de idas ao sal�o de beleza. Costumava ir toda semana. Agora vou de 15 em 15 dias. O dinheiro n�o est� sobrando. Est� tudo ficando mais caro.”


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