
A redu��o no limite de financiamento para im�veis velhos traz um forte impacto para o mercado imobili�rio de Belo Horizonte. Na capital, essas unidades correspondem a 75% das negocia��es, ou seja, a cada quatro im�veis vendidos por aqui, tr�s s�o antigos. “O governo est� querendo restringir o cr�dito. Para isso, tem aumentando os juros e dificultado o financiamento”, comenta Fl�vio Galizzi, vice-presidente das �reas de corretoras de im�veis da CMI/Secovi e diretor da Valore Im�veis. Segundo ele, com o valor de entrada de 50% no Sistema Financeiro de Habita��o (SFH) e de 40% para os im�veis no Sistema Financeiro Imobili�rio (SFI), pelo Sistema de Amortiza��o Constante (SAC), os percentuais mais do que dobraram.
“Antes, o valor de entrar era de 20%, agora, 50% no SFH e no SFI passou de 30% para 60%. Isso restringe muito as negocia��es. O impacto em BH ser� de menos compradores para esse tipo de im�vel”, prev� Fl�vio Galizzi. Ele explica que a redu��o n�o serve para os im�veis novos justamente pelo interesse do governo federal de movimentar a economia. “Ao comprar uma casa usada, por exemplo, o comprador n�o est� movimentando tanto a economia do pa�s quanto quando compra de construtoras, o que gera mais empregos”, compara.
Para Fl�vio Galizzi, com a mudan�a, ficou ainda mais dif�cil fazer neg�cios. “Quem vai comprar uma casa ou um apartamento j� tinha temores com a situa��o econ�mica atual e, agora, ter� que ter uma import�ncia maior para dar de entrada. Certamente, os pr�ximos meses ser�o de tempos dif�ceis para todos os setores”, afirma.
POPULARES As opera��es de habita��o popular n�o tiveram altera��o, segundo a Caixa. “A redu��o do LTV (para im�veis usados) ser� um grande choque de demanda por im�veis usados j� que poucas fam�lias t�m condi��es de dar entrada de 50% do valor”, avaliam Guilherme Vilazante e Daniel Gasparete, do Bank of America Merril Lynch (BofA), em relat�rio ao mercado. Eles acrescentam ainda que h� riscos de medidas mais restritivas para im�veis novos e, consequentemente, aumento dos distratos.
Recentemente, a Caixa j� havia reduzido a cota de financiamento para os im�veis em geral, de 90% para 80%. Para os cr�ditos que seguem a tabela Price, a cota m�xima de financiamento j� havia sido reduzida de 70% para 50% nas opera��es do SFH – que financia im�veis de at� R$ 750 mil em S�o Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal. Nos demais Estados, o teto � de R$ 650 mil.
Em entrevista dada recentemente, o vice-presidente de Habita��o da Caixa, Teotonio Costa Rezende, explicou que a Caixa vive um problema de funding com a redu��o dos dep�sitos na poupan�a, e, por isso, est� focada na habita��o social e, em segundo lugar, nos financiamentos no �mbito do SFH. Apenas no primeiro trimestre, as retiradas l�quidas da caderneta chegaram a R$ 23,230 bilh�es, de acordo com dados do Banco Central “� ineg�vel que o pa�s vive um certo clima de pessimismo. No m�dio prazo, tende a afetar confian�a do consumidor. A Selic nos n�veis atuais d� duas pancadas no cr�dito imobili�rio: torna menos atrativo o principal funding, que � a poupan�a, e encarece fontes complementares como a LCI (letra de cr�dito imobili�rio)”, avaliou Rezende.
No primeiro trimestre, o volume de financiamento imobili�rio contratado na Caixa ficou praticamente estacionado, com alta de apenas 0,3%, segundo ele, e o desafio do banco este ano � repetir os R$ 129 bilh�es desembolsados em 2014. J� a carteira de cr�dito deve crescer entre 12% e 15% neste ano, intervalo bem mais t�mido que a taxa de expans�o de 25,7% vista no ano passado.
A advogada Daniele Akamine, s�cia-diretora da Akamines Neg�cios Imobili�rios, explica que o ritmo de financiamento nos �ltimos anos n�o acompanhou o da capta��o da poupan�a, onde n�o h� mais recursos para empr�stimos. Segundo dados do Banco Central de fevereiro de 2014 at� o mesmo m�s deste ano, as concess�es de cr�dito imobili�rio cresceram enquanto a capta��o l�quida da poupan�a ficou negativa. Akamine diz que a expectativa do mercado � que at� o fim do ano a institui��o feche o cr�dito para usados. “Numa situa��o de crise anunciada como a atual, com poucos recursos, � melhor continuar com o financiamento dos im�veis novos. A constru��o deles gera empregos e causa impactos positivos na economia”, analisou
A advogada lembra que a medida abrir� espa�o para os outros bancos que ainda t�m recursos para emprestar, mesmo que a taxas maiores. “Apesar da estimativa pessimista da Abecip, de que em 2016 n�o haver� mais dinheiro da poupan�a para financiar, os consumidores ter�o essa alternativa”, disse. Em Belo Horizonte, 75% das negocia��es s�o feitas com unidades que n�o s�o novas. Redu��o do limite deve restringir neg�cios.