
Uma d�cada atr�s o ent�o prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel participou de acordo encabe�ado pelo ent�o governador A�cio Neves para transferir voos do Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, na Pampulha, para Confins. Dois anos depois, o Departamento de Avia��o Civil (DAC) publicaria portaria limitando a 50 passageiros a capacidade m�xima das aeronaves que pousariam e decolariam da Pampulha. Era a principal medida para alavancar as viagens no Aeroporto Internacional Tancredo Neves. Sob a administra��o do agora governador Fernando Pimentel, em um cen�rio completamente inverso, a pol�mica volta � tona: o petista se mostra favor�vel � retomada da Pampulha, o que pode novamente mudar os rumos de ambos aeroportos. O primeiro efeito: a concession�ria de Confins afirma que, com isso, vai rever os investimentos previstos para o aeroporto internacional.
Depois de a Azul retomar voos com aeronaves pequenas (48 e 70 passageiros) para outras capitais nos �ltimos meses, a Gol entrou ontem com 36 pedidos para operar novos voos rumo a Salvador, Bras�lia, Congonhas, Vit�ria e Rio de Janeiro a partir de julho. A principal diferen�a � que a Gol pretende voar com aeronaves de grande porte (Boeing 737-700 e 737-800), com capacidade para 138 e 177 passageiros. Em nota, a Gol confirma a solicita��o e acrescenta aguardar “o fim da restri��o do aer�dromo”.
N�o h� restri��es operacionais da Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac) desde outubro de 2010. No ano anterior, no entanto, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente havia assinado Termo de Ajustamento de Conduta com a Infraero impedindo a libera��o de voos para avi�es de grande porte devido � falta de licenciamento ambiental do aeroporto. Em 2012, no entanto, foi dada a licen�a de opera��o, extinguindo qualquer tipo de restri��o. Fato � que, com a pol�tica da gest�o estadual anterior de desenvolvimento de Confins e regi�o, nenhum voo de grande porte e para capitais saindo da Pampulha foi aprovado.
“Os dois aeroportos podem estar operando. Para BH � importante a opera��o de ambos, com estudo ambos podem conviver”, afirma o secret�rio estadual de Desenvolvimento Econ�mico, Altamir R�sso. Ele afirma que a Pampulha facilita as viagens de neg�cios devido � localiza��o. Mas ressalta que, antes da aprova��o, para receber aeronaves de grande porte, “a Pampulha precisa passar por adequa��es”.
CONCESS�O No processo de concess�o do aeroporto de Confins, a Anac apresentava a Pampulha como maior concorrente, apesar de oferecer “qualidade de servi�os a�reos bastante inferior”. Nas planilhas, a proje��o era que, em 2016, o Aeroporto Carlos Drummond de Andrade teria 1 milh�o de passageiros. Em 2033, seriam 2,2 milh�es. Caso sejam aprovados os novos voos, o volume previsto para daqui a quase duas d�cadas pode ser atingindo j� no ano que vem.
Em audi�ncias p�blicas, a ag�ncia reguladora deixou claro que nada seria feito para garantir � concession�ria que a Pampulha n�o teria aumento de fluxo. “A retomada de voos interestaduais a partir do Aeroporto da Pampulha muda o cen�rio com o qual a BH Airport vem trabalhando. Em raz�o disso, a BH Airport vai avaliar a extens�o do impacto no seu plano de neg�cios e nos intensos investimentos que a concession�ria est� realizando”, diz nota da concession�ria de Confins. A principal obra prevista � o segundo terminal de passageiros.
No texto, a empresa ironiza as condi��es da Pampulha, dizendo que Confins tem as melhores condi��es para voos com seguran�a, “, pois est� situado em uma �rea sem riscos nem restri��es para opera��es que necessitem do uso de equipamento de navega��o a�rea”, afirma a concession�ria. Isso porque o aeroporto da Pampulha n�o possui o ILS (Instrument Landing System, em ingl�s), aparelho que facilita a aproxima��o no pouso.
Empresa voa nos dois aeroportos
A Azul foi a primeira companhia a retomar voos para outras capitais direto do Aeroporto Carlos Drummond de Andrade. A empresa transferiu pousos e decolagens de Campinas, Vit�ria e Bras�lia para o terminal. Em troca, viagens que antes eram feitas na Pampulha ser�o transferidas para Confins. Voos para Guarulhos, Ipatinga, Governador Valadares, Montes Claros e Uberl�ndia, a partir de 11 de maio, ser�o feitas no aeroporto internacional. Na mesma data, entram em opera��o na Pampulha voos para o Santos Dumont (Rio de Janeiro), Florian�polis e Navegantes (Santa Catarina).
“Eu n�o enxergo conflito”, afirma o diretor de Comunica��o, Marca e Produto da Azul, Gianfranco Beting, sobre a opera��o de dois aeroportos na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. E acrescenta: “Para a companhia a�rea, � mais simples operar um s� aeroporto. Mas todo mineiro sabe que a Pampulha � uma m�o na roda”, afirma. Apesar do olhar para a Pampulha, duas novas rotas foram acrescidas na malha da Azul saindo de Confins: Ilh�us (Bahia) e Cabo Frio (Rio de Janeiro). Ao todo, ser�o 81 voos di�rios para 32 destinos.
Segundo a Infraero, a Pampulha tem capacidade para atender novos voos. O terminal de passageiros comporta 2,2 milh�es de passageiros por ano. No ano passado, foram apenas 945,4 mil. O coordenador do N�cleo de Infraestrutura e Log�stica da Funda��o Dom Cabral, Paulo Tarso Resende, considera o fluxo das empresas rumo � Pampulha “um movimento perigoso para Minas Gerais porque pode esvaziar Confins”. Ele cr�tica a falta de um plano de avia��o no pa�s para melhor desenhar a malha a�rea.