O �nico setor que registrou uma queda na confian�a em abril foi a ind�stria. "A ind�stria destoou neste m�s em rela��o aos outros setores e ao consumidor", afirma o superintendente adjunto para ciclos econ�micos da FGV/Ibre, Aloisio Campelo Jr. Enquanto todos os outros indicadores de confian�a subiram em abril em rela��o a mar�o, o �ndice de Confian�a da Ind�stria (ICI) caiu 3,4%. Na s�rie trimestral, o ICI deste m�s � o pior desde 1998 e, considerando a s�rie mensal, � o pior desde outubro de 2005.
Na mesma base de compara��o, o �ndice de confian�a do setor de servi�os subiu +4,2%. O da constru��o civil, +0,8%. O do com�rcio, +0,4%. E a confian�a do consumidor, +3,3%. Todos esses haviam registrado o recorde negativo hist�rico em mar�o e agora avan�am, independentemente do comportamento do indicador da ind�stria. "N�o d� para dizer que h� uma tend�ncia positiva, porque algo pode acontecer e mudar esse resultado do m�s", diz Campelo.
Campelo argumenta que essa diferen�a no humor dos empres�rios industriais tem algumas explica��es prov�veis. Uma delas � estat�stica. No fim do ano passado, a ind�stria demonstrava maior confian�a na economia que os outros setores. Observando um c�lculo matem�tico para padroniza��o, que torna compar�veis os diferentes indicadores, todos os setores estariam no mesmo patamar - cerca de tr�s desvios-padr�o abaixo da m�dia hist�rica.
Os motivos para o maior pessimismo na ind�stria tamb�m podem advir, na avalia��o de Campelo, de um efeito positivo menor que o esperado pelos empres�rios com a deprecia��o cambial. Outra explica��o � a queda na demanda percebida pelos industriais. Segundo o levantamento, 39% dos empres�rios dizem que a fraqueza da demanda � um limitador para a expans�o dos neg�cios. Apenas 28% afirmaram que operam sem limita��es. Geralmente essa rela��o � invertida. Ou seja, mais empres�rios dizem que operam sem limita��es e menos que observam uma demanda baixa.
O economista da FGV afirma que essa � a primeira vez desde julho de 2003 que ocorre essa invers�o. Em janeiro, desse ano, a rela��o era 31% (demanda fraca) ante 33% (opera sem limita��o). No trimestre iniciado em abril de 2014, a rela��o era 23% e 51%, respectivamente. Essa � uma pergunta feita apenas nos meses que iniciam trimestres.
Das cinco categorias de uso pesquisadas no ICI, duas mostram um resultado positivo na compara��o de abril e mar�o. Abrindo os dados, observa-se que as categorias bens de capital e bens intermedi�rios registraram aumentos de 2,7% e 4%, respectivamente. Novamente, Campelo diz que � preciso cautela para analisar essa melhora. Al�m de pequena, � uma melhora pontual e sem maiores confirma��es. Portanto, ainda n�o permite concluir que o Brasil est� prestes a observar o come�o de um novo ciclo de crescimento econ�mico.
Outro elemento que sugere retratos futuros de pessimismo na ind�stria � o baixo N�vel de Utiliza��o da Capacidade Instalada (Nuci). Na m�dia, o Nuci diminuiu 0,5 ponto porcentual, para 79,9%, o mesmo patamar de julho de 2009.
Pela pesquisa, as demiss�es na ind�stria tendem a continuar. Pelo segundo m�s seguido, caiu o indicador de emprego previsto, chegando a 83,4. Abaixo de 100, significa que a empresa pretende demitir nos pr�ximos tr�s meses. "A ind�stria est� h� 10 meses abaixo de 100", diz Campelo. Os setores mais problem�ticos s�o material de transporte (52,8), que agrega as montadoras, e mec�nica (70,4), que contempla fabricantes de bens de capital.
Na an�lise dos economistas da FGV, o n�vel mais favor�vel do c�mbio continua sendo uma aposta do setor industrial, mas "a presen�a de estoques indesejados, o n�vel muito fraco da demanda e as perspectivas ainda negativas para os pr�ximos tr�s a seis meses sustentam o desalento do setor industrial".