Quem tem planos de tomar dinheiro emprestado deve repens�-los. Para analistas do mercado financeiro, os juros v�o continuar a subir neste ano, a partir da interpreta��o da ata da reuni�o do Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) do Banco Central (BC) divulgada ontem. A reuni�o a que se refere a ata ocorreu na ter�a e na quarta-feira da semana passada, quando a taxa b�sica de juros (Selic) subiu 0,5 ponto percentual, atingindo 13,25%. A pr�xima reuni�o ser� em 2 e 3 de junho. “A �nica certeza a partir da leitura da ata � que a eleva��o que acaba de ocorrer n�o foi a �ltima. Haver� nova alta, de 0,25 ou 0,5 ponto, com chances de 50% para cada possibilidade”, afirmou Carlos Thadeu de Freitas Filho, economista da Franklin Templeton. Qualquer que seja o aumento da Selic, por�m, ele acha que ser� o �ltimo do ano. “O ciclo est� perto do fim.”
Os integrantes do Copom veem avan�os na converg�ncia da infla��o para o centro da meta de 4,5%, mas apontam a persist�ncia de fatores contr�rios a isso, sobretudo no mercado de trabalho — para economistas, o BC espera que os sal�rios caiam mais do que a infla��o, reduzindo pre�os no setor de servi�os. Para os pre�os administrados, a proje��o de alta neste ano � agora de 11,8%. Na reuni�o do Copom de mar�o, era de 10,7%. S� a energia el�trica subir� 38,3%. A inten��o � conter os efeitos secund�rios desses aumentos em 2015.
O texto afirma que “o cen�rio de converg�ncia da infla��o para 4,5% no fim de 2016 tem se fortalecido”. Antes, mencionava-se apenas tend�ncia de converg�ncia no pr�ximo ano. Em seguida, por�m, revela preocupa��o: “Os avan�os alcan�ados no combate � infla��o ainda n�o se mostraram suficientes. Nesse contexto, o Copom reafirma que a pol�tica monet�ria deve manter-se vigilante”. Para o ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman, o texto sugere uma eleva��o de 0,25 ponto em junho. “Se eles afirmassem que o Copom est� ‘especialmente vigilante’, eu esperaria aumento de 0,5 ponto. Mas n�o � o caso”, explicou.
A ata menciona “certa persist�ncia da infla��o, o que reflete, em parte, a din�mica dos pre�os no segmento de servi�os”. Esses pre�os s�o muito influenciados pelo n�vel de emprego. O texto observa que “a estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho tem se arrefecido, com alguns dados indicando o in�cio de um processo de distens�o nesse mercado”. Em seguida, por�m, faz um alerta: “O Copom pondera que � preciso ampliar o horizonte de observa��es, e que ainda prevalece risco significativo relacionado, particularmente, � possibilidade de concess�o de aumentos de sal�rios incompat�veis com o crescimento da produtividade, com repercuss�es negativas sobre a infla��o”.
Mudan�a Embora a presid�ncia do BC permane�a com Alexandre Tombini, o Copom agora tem dois novos membros, Toni Volpon e Ot�vio Damaso, empossados h� duas semanas. Mas o fator principal � mudan�a da pol�tica econ�mica do governo. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, � de linha ortodoxa, diferentemente do antecessor, Guido Mantega.