
“Nunca mais vou ver esse dinheiro”, lamenta a contadora Dan�bia Pitanguy, ex-cliente do buf� Tereza Cavalcanti, que teve um preju�zo de R$ 20 mil depois que a empresa fechou as portas no ano passado. Al�m dela, pelo menos outras 400 pessoas foram prejudicadas pelo grupo, que inclui ainda as empresas Buffet Maria Fernanda e Galaxy Eventos. Um ano depois, as v�timas, em sua maioria noivos, debutantes e formandos � �poca da fal�ncia, ainda n�o receberam o valor investido de volta ou foram indenizadas. Um inqu�rito na vara criminal investiga ainda a falsifica��o de boletos em nome de clientes. No site do Tribunal de Justi�a de Minas Gerais (TJMG) h� mais de 250 processos envolvendo o nome do grupo. Para Dan�bia, h� algo muito maior que as dificuldades financeiras alegadas pela empresa.
“Pra mim, houve m�-f�. Assim que saiu a not�cia, no ano passado, a gente soube que elas j� tinham falido em um outro momento. Hoje, a gente s� fica sabendo informa��o de que eles est�o trabalhando com outro nome e que continuam no ramo de casamento. Ent�o, acho que foi tudo manipulado”, diz a contadora. Apesar de os boatos darem conta de que a fam�lia propriet�ria do buf� tenha voltado a trabalhar com eventos, a delegada Vanessa Martins, da Divis�o Especializada de Investiga��o de Fraude, respons�vel pelo inqu�rito na vara criminal, diz que no �ltimo contato com Tereza e Luiz Fernando Cavalcanti, m�e e filho estavam morando no estado do Rio de Janeiro. J� o paradeiro da filha e s�cia Simone Pereira Passos � desconhecido.
Casos como este acendem um alerta na contrata��o de servi�os para casamentos, anivers�rios e outros eventos. Uma sa�da para evitar esse tipo de situa��o � consultar se h� registro da empresa na Junta Comercial da cidade, se tem alvar� de funcionamento, se h� a��es contra a prestadora de servi�os na Justi�a e nos Procons, al�m de buscar refer�ncias pessoais. Hoje, as redes sociais s�o boas ferramentas de consulta. No Facebook, h� in�meros grupos que compartilham informa��es de fornecedores e denunciam casos como este. Foi por meio de um desses grupos que Dan�bia ficou sabendo do encerramento das atividades do buf� Tereza Cavalcanti.

Al�m de arcar com os preju�zos financeiros e emocionais, os clientes que contrataram os servi�os do buf� tiveram que lidar com mais um infort�nio, j� que o grupo Tereza Cavalcanti n�o s� deu calote nos contratos firmados como usou dados dos clientes para tentar obter cr�dito nos bancos. O processo que investiga o caso conseguiu provar que boletos eram falsificados com os dados de pessoas que j� tinham feito o pagamento com o objetivo de conseguir empr�stimos. Sem saber se isso poderia ocorrer com ela, a bi�loga Danielle Carvalho, que amargou um preju�zo de cerca de R$ 10 mil, teve uma dor de cabe�a ainda maior. “Depois dessa hist�ria toda do golpe, ainda tive que ir ao banco e levar advogada para n�o protestarem o meu nome. Corria o risco de perder minha casa caso eles tivessem usado meus dados”, lembra.
Ao contr�rio de Dan�bia, Danielle ainda acredita que ter� de volta o dinheiro investido e ser� indenizada por todo o transtorno. Recentemente, a advogada dela foi chamada para uma audi�ncia de concilia��o, mas ningu�m da outra parte compareceu. “Sinceramente, espero que a justi�a seja feita, porque al�m de ter mexido com o financeiro, ela mexeu com o emocional das pessoas. Este � o momento em que a gente quer que tudo d� certo. A gente faz uma d�vida enorme pensando em realizar um sonho. A� aparecem pessoas de m�-f� e estragam tudo. Se eu n�o tivesse recebido a ajuda do meu pai, o epis�dio teria acabado com o meu casamento”, conta.
Investiga��o Dois dias depois de o buf� confirmar o encerramento das atividades, em maio de 2014, o TJMG concedeu liminar a um casal de noivos que bloqueou os bens da filha de Simone Pereira Passos, uma das s�cias do buf� e filha de Tereza Cavalcanti. Um ano depois, novos bloqueios ocorreram, com o objetivo de garantir a execu��o da d�vida, mas, at� agora, ningu�m foi ressarcido. O advogado Bernardo Sim�es Coelho, do escrit�rio Campos e Campos Advogados Associados, atende a nove ex-clientes do buf�. Ele acredita que o processo caminha de forma r�pida e que a justi�a ser� feita.
“A a��o cautelar j� passou e foi bem-sucedida. Para o cliente do buf� receber o dinheiro, � preciso passar pela a��o principal. Acredito que as pessoas ser�o ressarcidas. Em se tratando do Poder Judici�rio de Minas Gerais, o processo est� correndo de forma r�pida”, explica o advogado.
A delegada Vanessa Martins diz que os investigados t�m colaborado com o inqu�rito e que o processo est� na fase final, mas ainda � preciso descobrir se houve inten��o de golpe. “A investiga��o existe desde que surgiram ind�cios de que o buf� estava quebrando. Hoje, o que est� sendo verificado � se o patrim�nio do grupo aumentou, se foi retirado dinheiro da empresa, o motivo pelo qual os contratos n�o foram cumpridos. � preciso checar, ainda, se houve tentativa de golpe, como a transfer�ncia de valores para a conta de um terceiro”, explica.
Em 16 de maio de 2014, a s�cia Simone Pereira Passos declarou, em nota � imprensa, que medidas estavam sendo tomadas para o pedido de autofal�ncia do grupo, mas at� agora n�o h� qualquer registro de solicita��o no TJMG.