
Em abril, o brasileiro precisou trabalhar mais para comprar a cesta b�sica. Mais precisamente 13 dias – quase metade do m�s. Considerando o trabalhador que recebe um sal�rio-m�nimo mensal, o tempo subiu para 97h15, em Belo Horizonte. O maior desde maio do ano passado, e 2h34 a mais que em mar�o. Desde janeiro, com a infla��o mais alta, esse tempo de trabalho voltou a subir.
O custo da cesta b�sica na capital atingiu R$ 348,36 no m�s passado, alta de 1,5% em rela��o a mar�o e de 1,7% frente ao mesmo per�odo em 2014. A cesta b�sica, que inclui 13 alimentos, como arroz, feij�o, caf�, a��car e farinha de trigo, consome na capital mineira 48% do sal�ri- m�nimo, mais que a m�dia nacional, que tem rela��o de 46,6%. O c�lculo do Dieese considera a jornada-padr�o do trabalhador brasileiro ,de 220 horas mensais, tendo como refer�ncia para remunera��o, o sal�rio-m�nimo.
Considerando uma fam�lia pequena como a da secret�ria Alessandra, pai, m�e e dois filhos, em que as duas crian�as comem como um adulto, o trabalhador belo-horizontino gastou R$ 1.045,08 para cobrir suas despesas b�sicas com alimenta��o em abril, segundo o Dieese. “O pre�o dos alimentos vem subindo muito. Antes, eu gastava menos que o sal�rio-m�nimo no supermercado. Agora, estou gastando mais de R$ 780, considerando a compra semanal de carne”, diz a secret�ria, que pontua a alta nos pre�os generalizada, at� nos cereais b�sicos do pa�s, como o feij�o.

Lucio Monteiro, t�cnico do Dieese em Minas, aponta que as maiores press�es sobre a cesta do trabalhador vieram de produtos sazonais, como o tomate (18,75%), a banana, �nica fruta pesquisada na cesta (6%) e a farinha (3%). “Com a infla��o, o n�mero de horas trabalhadas necess�rias para comprar a cesta fica maior”, explica.
E o ano n�o d� sinais de refresco para as contas. O boletim Focus, que traz a previs�o de analistas de mercado para a infla��o, apontou ontem expectativa maior de infla��o para 2015 pela quinta semana consecutiva. Os analistas ouvidos pelo Banco Central projetam �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) fechando em 8,31% este ano, muito acima do teto da meta, estipulado em 6,5%. Na semana passada, a previs�o era de que o �ndice encerrasse o ano em 8,29% e, h� um m�s, 8,23%.
Mais pobres
No olho do drag�o, quem mais faz malabarismo s�o as fam�lias de menor renda. Alessandra conta que j� vem trocando a carne bovina pelo frango e, quando um produto como o tomate encarece demais, ela compra menos. A infla��o das fam�lias com renda entre um e cinco sal�rios-m�nimos, completou o terceiro m�s consecutivo com altas acima da infla��o geral da capital, medida pela Funda��o Ipead/UFMG. Em abril, enquanto o IPCA geral (para fam�lias com renda de um a 40 sal�rios m�nimos) acelerou 0,55%, a alta para os grupos de menor renda (de 1 a 5 sal�rios m�nimos) foi de 0,75%.
Gastos com energia el�trica, leite pasteurizado, lanches e telefonia m�vel foram as principais press�es nas despesas das fam�lias de menor renda. Thaize Martins, coordenadora de pesquisa da Funda��o Ipead, diz concordar que a infla��o em 2015 deve fechar acima do centro da meta prevista pelo governo. “Em maio, a infla��o vai captar o aumento da tarifa de �gua. H� tamb�m o reajuste dos planos de sa�de. No fim do ano, tamb�m acontecem press�es tradicionais de alta em alguns alimentos”, pondera.
Na varia��o em 12 meses, os produtos com maior eleva��o no pre�o m�dio na cesta b�sica de Belo Horizonte foram o tomate (22,30%), a carne (9,66%) e o feij�o (8,37%). Considerando o �ltimo ano, a batata (-44,8%), a banana (-7,45%) e a manteiga (-1%) somaram as principais contribui��es positivas para o bolso na cidade.
H� pouco mais de dois meses, a dona de casa T�nia Saranso mudou-se do interior de S�o Paulo para Belo Horizonte. Ela comenta que est� sentindo muito a alta do custo de vida na capital em rela��o ao interior, mas lembra que o aumento de pre�os � geral e ocorre em todo o pa�s. Em 12 meses, a infla��o de Belo Horizonte, medida pelo Ipead/UFMG, acumula alta de 4,67% em 2015. No mesmo per�odo, o custo de vida rompeu o teto da meta de 6,5% do governo federal, e j� atinge 8,13%.