A crise levou a Nascimento Turismo, uma das maiores e mais antigas ag�ncias do Pa�s, fundada em 1961, a pedir recupera��o judicial. A companhia, que faturou em 2014 R$ 350 milh�es e embarcou mais de 110 mil passageiros, mais da metade para destinos internacionais, entrou, na quarta-feira, 20, com pedido no Tribunal de Justi�a de S�o Paulo. A empresa possui nove unidades no pa�s, uma delas em Belo Horizonte, no Bairro Funcion�rios.
Em comunicado oficial, a companhia disse que tomou essa decis�o porque, "a exemplo de demais companhias em diversos segmentos da economia, foi impactada pelas crises que o Pa�s atravessa: seguran�a, h�drica, energ�tica, econ�mica e, a pior de todas, a crise de confiabilidade". Mas em entrevista ao site Panrotas, especializado em turismo, o presidente e fundador da empresa, Eduardo Nascimento, apontou que o maior problema enfrentado pela empresa foi o corte de cr�dito de fornecedores internacionais, que afetou o fluxo de caixa. Segundo Nascimento, cerca de 300 passageiros com bilhetes emitidos n�o ter�o hotel. No Reclame Aqui, site colaborativo em que consumidores avaliam servi�os e produtos h� registros de v�rias den�ncias envolvendo a empresa, a maioria de consumidores que dizem ter sido lesados pelo n�o cumprimento do que foi acordado.
"O c�mbio, combinado com a diminui��o das vendas, pode ter afetado a empresa", disse o presidente da Associa��o Brasileira das Ag�ncias de Viagens (Abav), Antonio Azevedo. Prejudicadas pelo d�lar, que se valorizou quase 15% em rela��o ao real s� neste ano, as vendas de pacotes tur�sticos para os Estados Unidos no mercado ca�ram 10% do 1º para o 2º trimestre, disse Azevedo. Junto com o Caribe, esse � o principal destino operado pela companhia.
Somado a isso, fontes do mercado disseram que a empresa teria sido pega no contrap� com a desvaloriza��o do real porque n�o teria feito hedge para se proteger da alta do d�lar. Para o presidente da Abav-SP, Francisco Leme, "o caso da Nascimento � pontual". Mas ele ponderou que fatores conjunturais tamb�m teriam afetado o desempenho da empresa.
Consultores especializados em turismo lembraram, no entanto, que o modelo de neg�cio do setor sofreu nos �ltimos dez anos uma brusca mudan�a com o avan�o da venda de passagens e de pacotes pela internet. E as empresas que n�o mudaram a forma de operar estariam pagando o pre�o da resist�ncia.
No in�cio deste ano, a dire��o da Nascimento informou ao mercado que, ap�s 11 meses de aproxima��o, as negocia��es entre a empresa e a CVC para venda foram encerradas. Procurada, a CVC n�o comentou.
Consumidor
Segundo o presidente da Abav nacional, o problema para os clientes que compraram pacotes com a Nascimento est� na parte terrestre. A ag�ncia informou que os bilhetes a�reos e mar�timos foram pagos, mas o mesmo n�o ocorreu com a parte terrestre, que inclui hot�is e passeios.
Nesta quinta-feira, 21, as associa��es do setor de turismo (Abav nacional, Abav-SP, Abracorp, Braztoa, Abremar e Aviesp) se reuniram em S�o Paulo para orientar as ag�ncias de viagens, as operadoras de turismo e os clientes que compraram pacotes da Nascimento. De acordo com as entidades, a inten��o � tentar renegociar com os hot�is e as prestadoras de servi�os terrestres para atender aos viajantes.
Antonio Nascimento, da Abav, disse que uma das sa�das � que o cliente ou a operadora assuma o custo do terrestre e depois busque o ressarcimento com a Nascimento. Leila Cordeiro, assistente t�cnica da Funda��o Procon-SP, enfatizou que "de jeito nenhum" os clientes ou as operadoras devem arcar com esse �nus.