A disparada do chamado custo Brasil (infla��o alta, infraestrutura deficit�ria, juro elevado etc.) e a inefici�ncia do poder p�blico em frear tanto a desacelera��o econ�mica quanto a corrup��o levaram o pa�s a perder quase 20% de sua competitividade, na compara��o com a de outras na��es, no acumulado dos �ltimos seis anos. � o que revela a nova edi��o do World Competitiveness Yearbook, um ranking elaborado pelo International Institute for Management Development( IMD) em parceria com a Funda��o Dom Cabral (FDC).
Dos 61 pa�ses avaliados, o Brasil caiu do 40º lugar, em 2009, para o 56º em 2015. O �ndice de competitividade, que era de 56.865 pontos, recuou agora para 47.390. A nota m�xima coube aos Estados Unidos (100 mil pontos). Os organizadores do estudo elaboram a nota com base em quatro pilares: performance da economia, efici�ncia do governo, efici�ncia dos neg�cios e infraestrutura. Cada um desses, por sua vez, � dividido em alguns subfatores (veja quadro ao lado).
“(A perda de posi��es) nos distancia n�o apenas das na��es mais competitivas do mundo, mas nos desloca do grupo de grandes economias emergentes (BRICs e N-11), nos aproximando ainda mais do extremo inferior do ranking, � frente apenas da Mong�lia, Cro�cia, Argentina, Ucr�nia e Venezuela”, alerta Carlos Arruda, coordenador do n�cleo de inova��o e empreendedorismo da Funda��o Dom Cabral. O alerta ganha um toque vergonhoso quando analisado, por exemplo, o pilar efici�ncia do governo: o Brasil ocupou a pen�ltima posi��o.
O estudo destaca que o quesito subornos e corrup��o, que � um componente da estrutura institucional (esta, por sua vez, � um subfator do pilar efici�ncia do governo), o Brasil figura na �ltima posi��o. “Evidencia como desvios de dinheiro t�m efeito perverso no lado real da economia, reduzindo a atratividade do pa�s. Estamos ainda no fim da lista no que diz respeito a barreiras tarif�rias, burocracia, impostos corporativos e taxa de juros de curto-prazo. O desequil�brio crescente das contas p�blicas (d�ficit nominal de US$ 146 bilh�es em 2014) contribui para aumentar a fragilidade da economia brasileira”, constatou, no relat�rio, a equipe comandada por Carlos Arruda.
Desaquecimento Nesse mesmo pilar, contudo, h� um ponto positivo: o pa�s ocupou a terceira posi��o no quesito subs�dios p�blicos, como a��es do Bando Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES). Na mesma toada, destaque para a reserva de moeda estrangeira, fator que levou o Brasil a ocupar a sexta posi��o. Por outro lado, quando o assunto � o desempenho da economia nacional, o pa�s perdeu posi��es em raz�o da desacelera��o do Produto Interno Bruto (PIB). Embora o Brasil seja a s�tima maior economia do planeta, o indicador subiu apenas 0,1% em 2014, muito abaixo do crescimento da m�dia mundial (2,3%). Para 2015, h� possibilidade de o PIB retrair.
No pilar infraestrutura o pa�s ocupa a 53º posi��o, uma a mais que em 2014. “Os �ndices de infraestrutura b�sica colocam o Brasil h� v�rios anos entre os piores pa�ses do ranking. A crise h�drica, que vem afetando o abastecimento de energia e de �gua no �ltimo ano, contribui para a queda do pa�s nessa categoria. E o risco de racionamento no curto prazo desponta como um dos principais desafios competitivos para o Brasil em 2015”, avaliou o especialista da FDC.
Empresas O Brasil perdeu 24 posi��es no quarto pilar do �ndice de competitividade de 2009 para 2015. No quesito efici�ncia empresarial, o pa�s saiu do 27º lugar para o 51º. Na pr�tica, esse conjunto analisa o quanto o ambiente nacional incentiva as empresas a atuar de forma inovadora, rent�vel e respons�vel. Portanto, � considerada a combina��o de indicadores como produtividade, mercado de trabalho, finan�as, pr�ticas de gest�o, entre outros.
Embora o Brasil tenha despencado nesse pilar, algumas empresas se destacam no cen�rio nacional. � o caso da Green Co, especializada na chamada moda �tica – produtos t�xteis fabricados com materiais 100% naturais e sustent�veis. O dono da empresa, Cassius Pereira, de 33 anos, conta que, em 2003, quando cursava gest�o ambiental, fez uma viagem � Alemanha e teve contato com o segmento que despertou sua veia empreendedora.
De volta ao Brasil, pesquisou a moda com produtos ecol�gicos e percebeu que esse era um nicho pouco explorado no pa�s. Assim nasceu a Green Co, com f�brica no Bairro Prado, na Regi�o Oeste de Belo Horizonte, e lojas na Savassi, no Boulevard Shopping em Arma��o de B�zios (RJ). Em 2014, a Green cresceu 40% com as vendas de camisetas, cal�as, saias, vestidos, cal�ados e acess�rios – todos fabricados com materiais e tecidos 100% org�nicos (fibras de algod�o, celulose, bambu e c�nhamo) e recicl�veis (pl�sticos reutilizados).
Investimentos t�m redu��o
O Investimento Estrangeiro Direto (IED) no Brasil, que caiu 2% em 2014, para US$ 62,495 bilh�es, deve recuar novamente este ano em raz�o da fraca atividade econ�mica, prev� a Comiss�o Econ�mica para a Am�rica Latina e o Caribe (Cepal), em relat�rio divulgado ontem. “Provavelmente, a queda do IED na Am�rica Latina e no Caribe continuar� em 2015. Estima-se que o crescimento econ�mico regional se situe em torno de 1%, o que continuar� freando os investimentos para abastecer o mercado interno. Isso afetar� especialmente as entradas de IED no Brasil”, diz o texto. Na regi�o como um todo, o IED despencou 16% no ano passado, para US$ 158,803 bilh�es. Ou seja, a participa��o do Brasil na �rea da Cepal � de 38%.
Mesmo assim, a Cepal afirma que a queda leve do IED no Brasil, em meio a um cen�rio de forte desacelera��o da economia, reflete “a confian�a de longo prazo dos investidores estrangeiros”. Os Pa�ses Baixos s�o a principal fonte de IED no Brasil, com 29% do total. Muitas vezes o pa�s, assim como Luxemburgo, � usado como intermedi�rio para investimentos de outras regi�es. A Europa como um todo representa 56%, seguida pelos Estados Unidos (13%), pela Am�rica Latina e Caribe (4%), Jap�o (4%), Canad� (2%) e outros (2%). Os recursos com origem n�o definida somam 18%. China investiu 1,8% do total.