O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta sexta-feira, durante palestra na 43ª reuni�o do Conselho Consultivo do World Trade Center em S�o Paulo, que a redu��o da nota soberana do Pa�s por ag�ncias internacionais de rating foi postergada, por�m � necess�rio que o governo atue firme para que ela n�o volte no curto prazo. "No come�o deste ano as coisas eram diferentes, o downgrade estava aqui. E o fato de n�o estar agora conosco foi uma vit�ria", destacou. "Com o avan�o do ajuste (fiscal), ainda que modesto, afastamos o risco de downgrade. O downgrade n�o � um risco que foi eliminado, precisamos ficar atentos", apontou.
De acordo com Levy, o governo precisa continuar trabalhando para viabilizar o equil�brio das contas p�blicas para evitar que o Brasil tenha sua nota soberana rebaixada, o que traria dificuldades econ�micas para o Pa�s. Segundo ele, um desses efeitos negativos seria a eleva��o dos juros cobrados por credores da d�vida p�blica federal, o que traria impactos tamb�m para os passivos financeiros do setor privado.
"Se n�o continuarmos a fazer progressos, risco de downgrade volta. Evitar o risco de downgrade envolve as medidas, como desfazer ren�ncias fiscais." Neste contexto, o ministro destacou o fim parcial da desonera��o da folha de pagamento, que poderia retornar aos cofres p�blicos R$ 12 bilh�es ao ano. "Para n�o dar choque (fiscal) maior, decidimos reduzir a metade os benef�cios da folha de pagamento."
A��es
Levy afirmou ainda que � necess�rio o trabalho do governo de adotar a��es para viabilizar o ajuste fiscal. "� preciso tomar medidas, que n�o s�o l� muito sexys", destacou. "A quest�o fiscal vai al�m do ajuste deste ano. � quest�o estrutural importante para o crescimento dos pr�ximos 5 anos, para ter crescimento potencial significativo", disse.
Segundo o ministro, o equil�brio da gest�o das contas p�blicas � fundamental para que empres�rios tenham mais confian�a nas perspectivas da economia e voltem a investir no Pa�s. "Temos que acertar o fiscal e n�o ter mais conversa de risco fiscal. O risco fiscal afeta o medo de investir, como concess�es, que s�o um casamento de 30 anos."
"Temos que enfrentar o fiscal e sua parte estrutural com qualidade e efetividade do gasto", comentou o ministro. "Antes da crise havia um prim�rio de 4% do PIB e hoje isso n�o � poss�vel. E estamos tentando raspar o objetivo de 1% a 1,2% do PIB de prim�rio", destacou.
Levy, no entanto, destacou que o governo registrou vit�rias desde o in�cio do ano, entre elas a aprova��o pelo Congresso das medidas provis�rias 664 e 665 que tratam de novas regras para benef�cios sociais, entre eles o seguro desemprego.
O ministro da Fazenda tamb�m ressaltou que a atua��o do Banco Central na administra��o da taxa Selic tamb�m � influenciada com a disposi��o do governo de lidar com os gastos p�bicos, como na concess�o de cr�ditos com subs�dios pelos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) a empresas. "O espa�o da pol�tica monet�ria tem muito a ver com a pol�tica fiscal", destacou.
Permitir que a economia se ajuste � importante para "passarmos pelo ajuste rapidamente", disse Levy. Em seguida, o ministro destacou os desafios que o governo e a sociedade t�m pela frente diante de uma classe m�dia que tem hoje mais expectativas do que tinha anteriormente. "Temos desafios pela frente, com a classe m�dia com mais expectativas." No encadeamento de seu racioc�nio, ele emendou que � por isso que "temos que ter uma economia voltada a criar oportunidades".
Commodities
O ministro destacou que finalmente se come�a a entender os desafios brasileiros. Segundo o titular da Fazenda, a economia brasileira � grande e "a gente precisa ter confian�a, olhando para frente". "O ciclo das commodities cresceu com o auge do crescimento da China, que teve muitas obras na constru��o civil e que demandou grandes volumes de commodities. Agora o ciclo das commodities come�ou a cair", disse.
Levy discorreu sobre os impactos da crise iniciadas em 2008 e sobre as medidas antic�clicas que todo o mundo se viu obrigado a adotar e tamb�m sobre a perda de efici�ncia com essas medidas, o que justifica os ajustes econ�micos em curso. "Apesar da crise, o Brasil n�o registrou sa�da de capitais", ressaltou o ministro. No tocante � contribui��o da China para o recrudescimento da crise, em especial no Brasil, Levy sublinhou que o pa�s asi�tico est� mudando para um sistema mais voltado ao consumo, com expans�o de servi�os.
A partir de 2011, de acordo com Levy, demorou para perceber que a mar� tinha come�ado a baixar. "O governo da presidente Dilma enfrentou uma mar� vazante e quando o dinheiro acaba a gente tem que mudar a toada", destacou Levy, acrescentando que agora � o momento do reequil�brio, que traz um desconforto natural. "Temos muitos aspectos que repensar no Pa�s", reiterou o ministro. Para ele, o Brasil tem capacidade de se sair bem.
Para Levy, alguns frutos do ajuste econ�mico j� come�am a ser colhidos. "Com o realinhamento de pre�os, o cen�rio j� come�a a ser para a ind�stria", disse, emendando que a pol�tica monet�ria come�a a surtir efeitos na economia.