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Estado de Minas SEU BOLSO

Caderneta fica sem seu encanto e desemprego motiva saques

Retiradas recordes neste ano s�o causadas pela queda na renda da popula��o


postado em 14/06/2015 07:00 / atualizado em 14/06/2015 07:36

Bras�lia – Com infla��o e o atual cen�rio de juros altos e baixo crescimento econ�mico, a caderneta de poupan�a, apesar de ser o investimento preferido dos brasileiros, perdeu o encanto este ano. Houve expressivos saques da aplica��o em 2015 e o saldo l�quido caiu ao menor patamar da hist�ria. Por v�rios motivos. Primeiro, porque a renda dos trabalhadores caiu e n�o h� mais sobra para investir na poupan�a, ent�o, os dep�sitos minguaram. Segundo, porque a conjuntura recessiva, com emprego em queda e pre�os em alta, obrigou o brasileiro a sacar o dinheirinho guardado para pagar as contas. Mas a principal raz�o da debandada � que a caderneta est� perdendo de lavada para a carestia. Como a rentabilidade � de 7% ao ano, em m�dia, e o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a infla��o oficial, pode chegar a 9% em 2015, essa diferen�a de 2 pontos percentuais significa perder quase 23% do poder de compra.

N�o � � toa que, em maio, pelo quinto m�s seguido, os saques superaram os dep�sitos em R$ 3,2 bilh�es. No acumulado do ano, a capta��o l�quida da poupan�a est� negativa em R$ 32,2 bilh�es. O que significa que houve mais retiradas do que dep�sitos em todos os meses. Somente em mar�o, o saldo entre saques e dep�sitos foi negativo em R$ 11,4 bilh�es, um recorde na s�rie hist�rica do Banco Central (BC), iniciada em 1995. “N�o h� d�vidas de que as pessoas est�o ganhando menos e est� sobrando menos para poupar, mas os juros altos for�am os investidores a buscar outros investimentos”, avalia o economista-chefe da Gradual Investimentos, Andr� Perfeito.

A maioria dos especialistas, como Perfeito, acredita que a mudan�a de cen�rio se deva, sobretudo, ao aumento da taxa b�sica de juros, a Selic. O BC est� elevando sistematicamente a Selic para conter a infla��o e lev�-la para o centro da meta, de 4,5%, em 2016. Em junho, a autoridade monet�ria promoveu a sexta alta consecutiva dos juros e elevou a taxa para 13,75% ao ano, mas, pela proje��o do mercado, ela deve passar de 14% at� o fim de 2015. Com isso, outros tipos de investimentos, atrelados � Selic, se tornam mais atraentes. No caso da poupan�a, quando a Selic est� acima de 8,5% ao ano, a remunera��o dos investidores fica limitada a 0,5% ao m�s mais a varia��o da Taxa Referencial (TR), que se altera muito pouco, entre 0,5% e 1,5% ao ano, resultando em ganho de 7%, em m�dia, anuais.

CEN�RIO MANTIDO

Para os especialistas, a expectativa � de que os saques na poupan�a continuar�o. Al�m de as proje��es do IPCA para 2015 terem sido revisadas para 8,9% ao ano, h� um excesso de concentra��o, com poucos poupadores representando fatia elevada do total de recursos. De acordo com o Fundo Garantidor de Cr�dito (FGC), a concentra��o de valores depositados na caderneta de poupan�a, desde 2006, nunca foi t�o grande quanto � hoje. Cerca de 85% dos recursos aplicados na poupan�a est�o na faixa acima de R$ 10 mil, sendo que esses aportes foram feitos por um grupo de apenas 9% dos investidores. A falta de diversifica��o torna os saques desse pequeno grupo de grande impacto sobre o volume total de recursos.

Outro dado que refor�a a tese de saques crescentes � que a desacelera��o econ�mica chegou ao mercado de trabalho. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), a taxa de desemprego atingiu em abril seu maior n�vel dos �ltimos quatro anos, de 8%, maior da s�rie hist�rica da Pesquisa Nacional por Amostra por Domic�lios (PNAD). “As retiradas tamb�m est�o altas, porque est� faltando recursos para os brasileiros honrarem os compromissos. O mercado de trabalho piorou e o rendimento come�a a registrar queda real”, destaca Perfeito, da Gradual.

Reflexo na casa pr�pria

O grande problema de o saldo l�quido da poupan�a estar minguando � que o impacto � direto no financiamento imobili�rio. Aproximadamente 65% dos recursos investidos pelos brasileiros na caderneta s�o utilizados pelos bancos para empr�stimo imobili�rio, ou seja, vai ficar mais dif�cil realizar o sonho da casa pr�pria. Isso, ali�s, j� come�ou. No in�cio de maio, a Caixa Econ�mica Federal, respons�vel por tr�s de cada quatro financiamentos imobili�rios no Brasil, anunciou a altera��o das regras para compra de im�veis usados. Antes, financiava at� 80% do valor do im�vel de at� R$ 750 mil, e at� 70% de im�veis acima desse valor. Agora, passou a financiar no m�ximo 50% da habita��o at� R$ 750 mil, e somente 40% das unidades com valor superior a isso. Na pr�tica, isso quer dizer que quem tinha o plano de adquirir uma casa ou apartamento de R$ 400 mil, em vez de precisar de R$ 80 mil para dar de entrada, agora precisar� ter R$ 200 mil no ato.

Na avalia��o do gerente de investimentos da Corretora Conc�rdia, Mauro Mattes, na �tica do investidor, a quest�o do cr�dito imobili�rio � secund�ria. “O poupador tem que ter como alvo a defesa do seu poder de compra. E a poupan�a � um mau neg�cio”, defende. Para o diretor-executivo da Libratta Finan�as Pessoais, Rog�rio Oleg�rio, o problema � do governo, que deve criar uma alternativa. “Os bancos n�o v�o bancar. Se h� menos recursos para financiar im�vel, eles v�o cobrar mais caro por isso. O mercado sinaliza que n�o � hora de fazer financiamento. Melhor � investir o dinheiro em uma aplica��o rent�vel para ganhar l� na frente. Assim, a menor demanda for�a o mercado imobili�rio a baixar pre�os”, assinala.

A op��o do governo, lembra Mattes, foi criar a Letra Imobili�ria Garantida (LIG), que j� foi aprovada, mas ainda precisa ser regulamentada. “� uma medida interessante, um instrumento de funding, que deve suprir a falta de recursos da poupan�a”, acredita. A LIG ser� um t�tulo que o banco que empresta dinheiro para uma incorporadora construir im�veis vai colocar no mercado para servir de lastro. “Pode dar certo. O banco vende a letra para o investidor e com o dinheiro retroalimenta o setor imobili�rio”, explica Mattes.

 

 


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