Os custos relacionados � alimenta��o, que respondem por um quinto do or�amento das fam�lias brasileiras, v�m subindo acima da renda h� cinco meses seguidos. Em mar�o, de acordo com o �ltimo dado dispon�vel sobre rendimento, essa diferen�a alcan�ou um novo patamar: dois pontos porcentuais.
Os pre�os do grupo Alimenta��o e Bebidas, no �mbito do �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), acumularam alta de 8,19% em 12 meses at� mar�o. J� a renda nominal cresceu 6,28% no mesmo per�odo. Para o c�lculo, foram considerados n�meros do IBGE.
Em maio, os economistas esperavam uma desacelera��o dos alimentos e bebidas, mas varia��es clim�ticas afetaram a safra e o grupo teve a maior varia��o do IPCA. O avan�o em 12 meses passou para 8,80% - acima do �ndice geral, que ficou em 8,47%.
"A principal surpresa foi a alta dos alimentos in natura, como tomate e outros legumes. Isso aconteceu porque esses produtos s�o muito suscet�veis a oscila��es clim�ticas, o que causa um grande problema de oferta", explicou o economista da LCA Consultores �tore Sanchez. Apenas em 2015, a cebola dobrou de pre�o e o tomate acumula alta de 80%.
Segundo o economista, � comum que o pre�o de alimentos in natura suba no in�cio do ano e passe a se recompor a partir de maio - o que n�o se confirmou.
Or�amento
Cortar gastos e readequar o or�amento, portanto, ficou mais dif�cil. Al�m dos alimentos, o brasileiro est� gastando mais para pagar as contas de luz e �gua -itens essenciais no dia a dia.
Para come�ar o corte, o ideal � olhar para o passado. "Uma boa li��o de casa � pegar as �ltimas seis faturas do cart�o de cr�dito e agrupar os gastos", recomenda o professor do Insper Ricardo Humberto Rocha. Ele tamb�m indica observar a renda declarada no Imposto de Renda. "Quando olhamos a renda agregada, temos a real dimens�o do quanto ganhamos e nos perguntamos para onde foi o dinheiro", diz.
Uma das formas de repensar as despesas � dividi-las no grupo ABCD (alimentos, b�sicos, contorn�veis e dispens�veis), sugere o coordenador do Centro de Estudos em Finan�as da Funda��o Getulio Vargas, William Eid Junior.
No caso dos alimentos, vale a regra da substitui��o do mais caro pelo mais barato. Nos itens b�sicos, como energia, � mais dif�cil haver cortes. A alta dos pre�os administrados pelo governo, inclusive, � o principal motivo para a infla��o ter se afastado do centro da meta, de 4,5%, e do topo, de 6,5%.
A alimenta��o fora de casa, que nos �ltimos 12 meses subiu 10,5%, se enquadra nos itens contorn�veis. Al�m da alta do pre�o da mat�ria-prima, os restaurantes est�o acrescentando na conta o aumento de outros custos, como �gua e energia. Neste caso, vale estabelecer limites de gastos, mas nada radical. "A pessoa pode come�ar a sair s� no s�bado em vez de todo o fim de semana. Ajustes muito severos tendem a ser quebrados no longo prazo", diz Rocha. Nos produtos dispens�veis entra, por exemplo, o consumo por impulso, que precisa ser evitado.
Poder de compra
� medida que os pre�os sobem, o poder de compra cai. Para o ano, a LCA prev� queda de 0,5% da renda, descontada a infla��o pelo INPC, do IBGE. Se confirmado, ser� o primeiro recuo em 12 anos. "Mas se o momento � ruim para o consumo, para o investimento � ideal. H� bancos com CDBs que rendem mais de 100% do CDI e t�tulos do Tesouro que pagam 6% mais infla��o", diz Rocha.