Seguro contra calote tem forte alta e acende alerta para venda casada

O brasileiro pode at� n�o reconhecer pelo nome no extrato do banco, mas vem ajudando a impulsionar um segmento peculiar de seguro nos �ltimos anos: o prestamista. O produto quita ou cobre parte de d�vidas em caso de morte, invalidez ou desemprego. Do primeiro trimestre de 2012 ao mesmo per�odo deste ano, o prestamista cresceu 57,8%, segundo a Federa��o Nacional de Previd�ncia Privada e Vida (Fenaprevi).

Nem a desacelera��o do cr�dito e do consumo interrompeu a trajet�ria: o prestamista aumentou 14,1% nos tr�s primeiros meses de 2015 em rela��o ao ano passado e atingiu R$ 1,9 bilh�o em volume contratado. S� em mar�o houve um salto de 29,61%. Para efeito de compara��o, o estoque de cr�dito para pessoa f�sica cresceu 0,8% em mar�o e 1,9% no 1º trimestre.

O prestamista � um seguro opcional e n�o pode ser vinculado � concess�o de um cr�dito ou ao financiamento de um bem. Por isso, o forte crescimento nas contrata��es surpreende, uma vez que seus dois catalisadores - o mercado de cr�dito e o movimento no varejo - est�o contaminados pelo ritmo fraco da economia.

Os �rg�os de defesa do consumidor informam que � frequente nesse seguro a contrata��o sem pedido do consumidor e, por isso, a alta persiste, mesmo em tempos de crise. J� os bancos e seguradoras argumentam que refor�am a oferta quando h� um risco maior de inadimpl�ncia.

"O que costuma acontecer � a venda casada desse seguro. O consumidor nem � consultado", diz Ione Amorim, economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). O superintendente executivo do segmento de Vida e Previd�ncia da Bradesco Seguros, Marcelo Rosseti, usa outra hip�tese: "Nesse cen�rio de incerteza, existe uma maior preocupa��o com a perda do emprego. O prestamista d� tranquilidade ao consumidor".

Rosseti reconhece, contudo, que o aumento nas contrata��es ocorre mais por um esfor�o do banco em apresentar o produto do que por um movimento espont�neo do cliente. No primeiro trimestre, o prestamista cresceu 24% no Bradesco Seguros, acima da m�dia do mercado, de 14,1%.

"Pode ser que a crise leve a uma maior oferta dessa modalidade de seguro. O que o consumidor precisa ter em mente � que o produto n�o pode ser embutido sem que tenha sido solicitado", afirma Renata Reis, supervisora de assuntos financeiros do Procon-SP.

Rea��o

Para o diretor de seguros da BB Mapfre, Bento Zanzini, o desempenho de mar�o do prestamista mostra uma rea��o, ap�s um in�cio de ano mais fraco. Apesar do avan�o, ele prev� que o seguro vai encerrar 2015 com crescimento menor do que o visto no ano passado.

O farmac�utico Andr� Costa, de 40 anos, abriu uma conta conjunta com sua m�e no Bradesco no come�o do ano. O objetivo era contar com uma ag�ncia mais pr�xima de sua casa, em Santo Andr�, na regi�o metropolitana de S�o Paulo.

Costa diz que, nos �ltimos quatro meses, o banco come�ou a cobrar mensalmente um seguro prestamista em sua conta. "O seguro n�o foi oferecido, simplesmente apareceu, sem eu ter solicitado", diz. Ele conta que entrou em contato com o gerente e foi informado de que esse seguro era um servi�o dif�cil de cancelar. Depois da queixa notou que, dias antes do seguro cair todos os meses, o banco j� providenciava um estorno.

O problema, contudo, acabou voltando e o produto passou novamente a ser debitado sem o respectivo reembolso. Dias ap�s a entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o banco cancelou o seguro e devolveu o valor. Costa afirma que a queixa n�o se deve tanto ao valor do seguro - R$ 2,56 ao m�s, segundo ele -, mas pela cobran�a indevida.

A contrata��o do prestamista �s vezes passa desapercebida, porque os valores mensais s�o baixos, mas o impacto pode ser grande ao fim de um financiamento longo. No Bradesco Seguros, por exemplo, o valor m�dio dos seguros contratados, considerando todo o per�odo do financiamento, � de R$ 358.

Cliente do Bradesco h� cinco anos, V�tor, que preferiu n�o ter seu sobrenome divulgado, notou, em consulta ao seu extrato, que o seguro prestamista era cobrado de sua conta desde, ao menos, o fim do ano passado. Ele suspeita que a contrata��o possa ter ocorrido durante o acesso ao internet banking, onde diversos produtos s�o ofertados a um clique. "Eles destacam a op��o ‘n�o’ e induzem ao erro", diz. Ap�s prestar queixa, ele teve o dinheiro devolvido. As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.