BNDES quer usar R$ 10 bilh�es do FGTS para financiar usinas

Bras�lia, 23 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) quer usar os R$ 10 bilh�es de refor�o do fundo que conta com recursos da poupan�a for�ada dos trabalhadores para financiar projetos de infraestrutura de energia e log�stica, como a Hidrel�trica de Santo Ant�nio e a usina nuclear Angra 3, os aeroportos de Gale�o e de Guarulhos e at� mesmo um terminal privado, localizado �s margens da Rodovia Castelo Branco.

O jornal O Estado de S. Paulo obteve a rela��o dos empreendimentos que o BNDES apresentou ao fundo de investimento que usa os recursos do FGTS (FI-FGTS) para aplicar em projetos de infraestrutura. No total, as sugest�es somam R$ 10,8 bilh�es. A an�lise ser� feita na pr�xima reuni�o do comit� de investimento - que conta com representantes do governo, dos trabalhadores e dos patr�es -, marcada para a quarta-feira, 24.

Depois que o conselho curador do FGTS autorizou o refor�o do caixa do banco com os recursos do fundo, os desembolsos para esses projetos, que j� est�o em obras, dependem do aval do comit� do FI-FGTS e da ader�ncia deles �s regras do fundo de investimento. Se algum deles for recusado, o BNDES ter� de troc�-lo por outro.

Na rela��o entregue pelo BNDES est�o aportes de R$ 45 milh�es na Usina Hidrel�trica de Santo Ant�nio. Os membros do comit� podem ponderar que essa usina em constru��o no Rio Madeira, em Porto Velho (RO) j� recebeu R$ 2 bilh�es em financiamentos do fundo, segundo o �ltimo balan�o. O cons�rcio construtor da usina � formado pelas empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez, cujos presidentes foram presos na �ltima sexta-feira, em mais uma fase da Opera��o Lava Jato, da Pol�cia Federal, que investiga corrup��o na Petrobras.

M�rio Avelino, presidente do Instituto do Fundo Devido ao Trabalhador, acredita que as pris�es dos chefes das empreiteiras n�o impedir�o os desembolsos, j� que as opera��es foram aprovadas pelo banco de fomento. "Pouca coisa deve mudar, a n�o ser que sejam for�adas pela opini�o p�blica", afirma. No entanto, o Estado conversou com membros do comit� que decide os aportes, sob condi��o de anonimato, e eles disseram que muitos projetos da lista v�o ser "contestados". Para o professor de Finan�as do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) no Rio de Janeiro Gilberto Braga, o trabalhador brasileiro deveria poder escolher onde aplicar o dinheiro que � obrigado a poupar, assim como fez quem decidiu investir na Petrobr�s e na Vale.

Energia

Pela lista, a maior parte dos recursos ser� investida em energia - 31,3% do total que est� sendo pedido. Ser�o R$ 400 milh�es � usina nuclear Angra 3, cujas obras foram reiniciadas em 2009 pelo governo Luiz In�cio Lula da Silva, depois de 23 anos paradas. A usina tamb�m faz parte das investiga��es da Opera��o Lava Jato.

A maior parte dos aportes em energia deve ser feita � Companhia Hidrel�trica do S�o Francisco (Chesf), empresa do grupo Eletrobr�s. O BNDES quer colocar R$ 1,2 bilh�o do FI-FGTS em dois projetos.

Rodovias devem receber 27,5% do total dos recursos. Entre as contempladas devem estar a BR-040 (R$ 331,7 milh�es) e BR-050 (R$ 105 milh�es). As concession�rias CCR, Transbrasiliana, Viapar e Via Bahia tamb�m ser�o contempladas.

Os projetos em ferrovias abocanhar�o 21,7% do total, sendo que a Vale deve receber aportes de R$ 1,7 bilh�o, dos R$ 2,3 bilh�es destinados ao setor, para a constru��o de um ramal ferrovi�rio que viabilizar� a implanta��o do maior projeto de min�rio de ferro da companhia. O ramal liga a mina de Serra Sul de Caraj�s � Estrada de Ferro Caraj�s, no Estado do Par�. As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.