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Estado de Minas

Desempregado, administrador de empresas procura vaga de servente de pedreiro

Desocupa��o atinge 6,7% no pa�s em maio e afeta pessoas de diferentes graus de instru��o e classes. Na Grande BH, a taxa era de 5,7% da popula��o economicamente ativa no m�s passado


postado em 26/06/2015 06:00 / atualizado em 26/06/2015 08:17

Ronivon Prates, de 37 anos, administrador de empresas que procura trabalho até como servente de pedreiro(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Ronivon Prates, de 37 anos, administrador de empresas que procura trabalho at� como servente de pedreiro (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Ele se formou em administra��o em uma faculdade particular. Bem articulado, tem experi�ncia na �rea, trabalhou como auxiliar de vendas de grandes empresas e, hoje, est� aceitando qualquer neg�cio. “H� um m�s, consegui ser servente de pedreiro. Mas, agora, nem esse bico estou conseguindo mais”, comenta Ronivon Prates, de 37 anos. Desde fevereiro do ano passado, ele est� na busca por uma ocupa��o e, mesmo aceitando ganhar menos do que j� ganhou anteriormente, o mercado n�o ajuda. “Nunca foi t�o dif�cil conseguir um emprego”, garante. Ronivon n�o est� sozinho. H� um batalh�o na mesma luta. S�o exatamente 1,6 milh�o de brasileiros desempregados no pa�s, onde a taxa de desemprego chegou a 6,7% em maio, a maior para o m�s desde 2010.

O cen�rio preocupante foi divulgado ontem pelo Insituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Segundo o �rg�o, al�m do aumento no desemprego, a m�dia salarial do trabalhador brasileiro est� caindo e recuou 5% em rela��o a maio de 2014, chegando a R$ 2. 117,10, sendo que, h� um ano, era de R$ 2.229, 28.

Para os mineiros, a not�cia � ainda pior. O rendimento m�dio real do trabalhador atingiu, em maio de 2015, R$ 1.959 na Grande BH, uma redu��o de 5,6% em rela��o ao mesmo m�s de 2014 e redu��o de 2,9% em rela��o a abril de 2015.

Elisângela Araújo, de 38 anos, foi pega de surpresa pela demissão depois de 11 anos como promotora de eventos (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Elis�ngela Ara�jo, de 38 anos, foi pega de surpresa pela demiss�o depois de 11 anos como promotora de eventos (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Al�m disso, enquanto o aumento do desemprego no pa�s assumiu ritmo mais acelerado desde dezembro do ano passado, na Regi�o Metopolitana de Belo Horizonte (RMBH), onde a taxa de desocupa��o ficou em 5,7% em maio deste ano, desde fevereiro de 2013 o desemprego vem aumentando rapidamente. Em maio de 2014, os desocupados eram 3,8% na capital. “O mercado de trabalho n�o est� bom por aqui. Estamos na 28ª queda na taxa de ocupa��o, chegando a 150 mil pessoas desempregadas na regi�o”, diz Ant�nio Braz, analista do IBGE em Minas. Em maio de 2014, eram 101 mil. Em rela��o a abril �ltimo, o desemprego atingiu mais 6 mil pessoas.

Ant�nio destaca que, tanto no Brasil quanto em BH, o mercado de trabalho vive, atualmente, um processo inverso se comparado com o in�cio da d�cada. “Em 2002, as taxas de pessoas sem emprego eram elevadas no pa�s. Por�m, com a melhora na economia, isso foi mudando continuamente e os percentuais permaneciam baixos. Agora, come�a o resultado inverso”, diz, culpando a retra��o econ�mica pelo cen�rio. “� a crise, sim. Tenho muitos amigos que est�o na mesma situa��o”, conta Ronivon Prates, que se mostra preocupado por estar h� mais de um ano sem emprego. “Pelo que tenho acompanhado, minhas pespectivas n�o s�o boas. A tend�ncia � s� piorar”, diz.

Cláudia Márcia Pereira se espanta com a dificuldade em conseguir uma colocação depois de um ano à procura (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Cl�udia M�rcia Pereira se espanta com a dificuldade em conseguir uma coloca��o depois de um ano � procura (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Em maio de 2013 e 2014, por exemplo, as taxas de desocupa��o no pa�s eram de 5,8% e 4,9%, respectivamente (veja quadro). Este ano, o salto foi grande. De acordo com Ant�nio Braz, tem havido uma press�o do mercado. Isso porque a popula��o economicamente ativa (PEA) da Regi�o Metropolitana de BH, por exemplo, atingiu, em maio, 2,6 mil pessoas, um crescimento de 1,1% frente ao mesmo m�s do ano passado. Ou seja, aumentou a quantidade de pessoas aptas para o trabalho. “Por outro lado, apesar de um n�mero maior de m�o de obra, h� um aumento nas demiss�es.”

A realidade assustou Elis�ngela Ara�jo, de 38 anos. H� 11 anos, ela trabalhava no setor privado e, h� um m�s, foi demitida. “Era promotora de vendas h� mais de 10 anos. N�o imaginei que seria demitida, mas fui. N�o sei como ser� daqui pra frente”, lamenta. Elis�ngela entrou para as estat�sticas recentes de demiss�es no setor privado. De acordo com dados do IBGE, o n�mero de trabalhadores com carteira assinada no setor recuou 1,8% no pa�s frente ao mesmo per�odo do ano passado, deixando 213 mil pessoas sem emprego nesse intervalo.

Segundo o �rg�o, esses n�meros s�o puxados, principalmente, pela ind�stria. Desses 213 mil a menos, metade, 116 mil, s�o pessoas que ficaram sem carteira assinada no setor. Por outro lado, segundo o IBGE, o n�mero de pessoas trabalhando informalmente cresceu – a m�dia de janeiro a maio � 2,5% maior que no mesmo per�odo do ano passado.

Yrla Chrystt, de 16 anos, enfrenta dificuldade para encontrar um bico em qualquer área e obter a primeira renda (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Yrla Chrystt, de 16 anos, enfrenta dificuldade para encontrar um bico em qualquer �rea e obter a primeira renda (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
TEMPO Ainda de acordo com Ant�nio Braz, a queda na renda m�dia do trabalhador, de 5% no pa�s referente ao ano de 2014, � agravada pela infla��o, que vem corroendo a renda do brasileiro. “A m�dia salarial vem diminuindo e isso quer dizer que a infla��o vem consumindo a renda real”, comenta o analista. Mas, para quem est� sem ocupa��o no momento, o desespero est� no tempo. Para se ter uma ideia, em maio do ano passado, 52% dos desempregados procuravam emprego h� entre um e seis meses. Hoje, esse percentual j� chegou a 54%. “O tempo est� aumentando. Antes, o percentual que estava entre sete a 11 meses � procura de coloca��o, era de 5,3 %. Agora, � de 8,4%; Procurando vaga h� um a dois anos, eram de 3,8% em 2014. Agora j� s�o 6,8%”, comenta Ant�nio.

Para Cl�udia M�rcia Pereira, de 30, que tem o segundo grau completo, a procura completou, neste m�s, exatamente 12 meses. “Nunca vi algo assim. Antes, voc� ficava desempregada um m�s e logo conseguia algo. Fui mandada embora h� um ano e, at� agora, nada”, diz. Cl�udia procura emprego no com�rcio da cidade e diz que n�o v� perspectivas de ser contratada, pelo menos por enquanto. “Meu marido tamb�m est� desempregado e desesperado. A gente at� consegue agendar uma entrevista aqui ou ali, mas s�o tantos candidatos em busca de uma vaga, que fica imposs�vel”, reclama.

JOVENS De acordo com o IBGE, a taxa de desocupa��o � mais acentuada no grupo de 18 a 49 anos de idade, apesar de a taxa ter crescido em todos os grupos de idade pesquisados. Nesse grupo de idade, a taxa de desocupa��o passou de 12,3% em maio de 2014 para 16,4% em 2015. “Nem mesmo para o primeiro emprego est� f�cil”, afirma a Yrla Chrystt, de 16 anos. “Estou em busca de um bico para fazer e conseguir algum dinheiro, mas n�o consigo. Tento em shoppings, em lojas de rua e nada. Antes, conseguia trabalhos em buf� para o fim de semana, mas j� tem alguns meses que nada aparece”, afirma, descrente com a possibilidade de fazer uma faculdade e mudar de vida. “Se est� dif�cil agora, imagina daqui a alguns anos.”

Regionalmente, a an�lise mensal mostrou que a taxa de desocupa��o n�o se alterou em nenhuma das regi�es em rela��o a abril. J� na compara��o com maio de 2014, houve varia��es significativas em todas as regi�es.

Em Porto Alegre passou de 3% para 5,6%; em Salvador, de 9,2% para 11,3%; em Belo Horizonte, de 3,8% para 5,7%; em S�o Paulo, de 5,1% para 6,9%; no Rio de Janeiro, de 3,4% para 5% e, no Recife, de 7,2% para 8,5%.


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