No dia em que ficou mais dif�cil para o governo cumprir a meta fiscal neste ano, com a queda real da arrecada��o de impostos federais e o p�fio resultado das contas p�blicas, a presidente Dilma Rousseff decidiu mexer na meta de infla��o para 2017, diminuindo a toler�ncia com a varia��o do custo de vida. Depois de se reunir com os tr�s ministros que integram o Conselho Monet�rio Nacional (CMN), ficou definida a meta de 4,5% da infla��o em 2017, com toler�ncia m�xima menor, de 1,5 ponto percentual, agora de 6%. A chamada banda de toler�ncia era de 2 pontos pontos percentuais para cima ou para baixo. O indicador oficial usado no sistema de metas � o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).
Para o ano que vem, foi mantida a regra seguida desde 2006, que � de 4,5% com uma margem de at� 6,5%. A medida visa a dar mais credibilidade � pol�tica econ�mica, que procura promover um ajuste fiscal suficientemente capaz de reduzir a d�vida p�blica, o que ajudaria o Banco Central (BC) a levar a infla��o para o centro da meta, de 4,5%. A banda de oscila��o serve para absorver choques inesperados, como alta de pre�os provocada por secas. A redu��o da banda foi anunciada no in�cio da noite, quando o governo j� havia divulgado que as contas do Tesouro, de janeiro a maio, tiveram super�vit de apenas 12% da economia prevista.
Os integrantes do CMN s�o os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, do Planejamento, Nelson Barbosa e da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Participa tamb�m do grupo o presidente do BC, Alexandre Tombini (BC). Dilma e Mercadante estavam reticentes, mas os demais ministros ressaltaram a import�ncia de refor�ar o compromisso com o controle da infla��o, pr�xima de 8,5% nos �ltimos 12 meses.
A �ltima vez em que foi fixado um limite t�o baixo para a meta foi em 2001, quando o governo de Fernando Henrique Cardoso estabeleceu um teto de 5,25% para 2003. O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva elevou o limite m�ximo para 6,5% e fechou aquele ano com 9,3% de infla��o. Em 2002, �ltimo ano da gest�o FHC, o limite foi de 5,5%, e a infla��o ficou em 12,5%.
Cabe ao BC buscar o novo resultado usando a taxa b�sica de juros (a Selic, que serve de refer�ncia para os encargos cobrados pelos bancos e com�rcio), hoje em 13,75% ao ano. A press�o sobre o governo j� haviam ficado claras � tarde, durante o encontro do ministro Joaquim Levi com 16 economistas de bancos e corretoras. “Muitos falaram que essas quest�es do gasto publico e novas despesas obrigat�rias talvez hoje sejam um dos maiores inibidores da confian�a no Brasil”, disse Levy, ao sair da reuni�o que durou duas horas.
O chefe da divis�o econ�mica da Confedera��o Nacional do Com�rcio (CNC) e ex-presidente do BC Carlos Thadeu de Freitas Gomes n�o poupou cr�ticas. “Acho que a atual pol�tica monet�ria � muito rom�ntica porque o governo est� procurando uma meta imposs�vel”, disse. “Os juros est�o subindo e n�o est� acontecendo nada”, alertou.
TJLP mais alta em julho
Al�m da mudan�a no limite da meta de infla��o, o CMN aumentou tamb�m a Taxa de Juros de Longo Prazo, que serve de refer�ncia para os empr�stimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES). A partir de 1º de julho, a TJLP ter� seu terceiro aumento, passando de 6% para 6,5% ao ano, a maior desde junho de 2007.