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Estado de Minas

Na crise, brasileiros viram reis da pechincha


postado em 19/07/2015 09:19

S�o Paulo, 19 - Os consumidores est�o fazendo de tudo na tentativa de esticar o sal�rio at� o fim do m�s. Para enfrentar a queda na renda e a maior infla��o em 12 anos, as fam�lias adotam estrat�gias como limar produtos da lista de compras, aproveitar promo��es para estocar comida em casa e ir com menos frequ�ncia ao supermercado. Al�m disso, quatro a cada cinco pedem descontos na hora de pagar, o que deixou os brasileiros na condi��o de "reis da pechincha" na compara��o com outros quatro pa�ses da Am�rica Latina.

"Dentro de cada fam�lia brasileira h� um Joaquim Levy de saias, que s�o as donas de casa", afirma Renato Meirelles, s�cio-diretor do Data Popular, consultoria especializada em analisar o comportamento das classes C, D e E. Enquanto o titular do Minist�rio da Fazenda tenta implementar o ajuste nas contas p�blicas, as donas de casa trabalham duro para fazer render o sal�rio e evitar dar um passo atr�s na escada de consumo, escalada por milh�es na �ltima d�cada.

Ao todo, 78% dos brasileiros declaram pechinchar mais atualmente, um avan�o significativo em rela��o a anos anteriores e um resultado entre 19 e 35 pontos superior ao de outros pa�ses investigados (M�xico, Chile, Argentina e Uruguai).

Ainda assim, perdas s�o inevit�veis. A classe C, maior beneficiada do recente ciclo de crescimento e que hoje representa quase metade da popula��o, � a que mais tem se obrigado a abdicar de produtos. Um levantamento da consultoria Nielsen mostra que a desacelera��o � t�o intensa que o gasto dessas fam�lias perdeu peso no consumo nacional, de 48% em 2014 para 46% em 2015.

"Os consumidores da classe C s�o os mais endividados. Ent�o, quando se trata de apertar o bolso, eles fazem isso com mais for�a. Eles acabam limitando o n�mero de idas ao ponto de venda e param de gastar mais", explica Paula Valad�o, executiva-s�nior da Nielsen.

O corte de categorias consideradas sup�rfluas � a principal medida tomada pelas fam�lias. Cremes para pele, iogurtes, sucos, energ�ticos e alguns produtos de limpeza como amaciante come�am a ser deixados de lado no supermercado, de acordo com a consultoria. Na classe C, quase dois ter�os das categorias de produtos considerados n�o essenciais est�o menos presentes nos lares.

Autodeclarado um "otimista na capacidade do brasileiro de se virar", Meirelles acredita que o esfor�o � positivo e que a mudan�a veio para ficar. "A classe C est� sofrendo h� algum tempo, mas para sofrer menos est� aprendendo a se virar. O brasileiro est� saindo da fase de ficar chorando e reclamando e est� correndo atr�s do preju�zo, de um lado economizando e de outro tentando arranjar uma renda extra", diz.

Em um ano at� maio, 934 mil pessoas em todo o Pa�s aderiram ao emprego por conta pr�pria, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). A categoria engloba desde profissionais aut�nomos at� vendedores ambulantes, o que pressup�e um elevado grau de informalidade. Gra�as ao conta pr�pria, a taxa de desemprego, j� elevada em termos hist�ricos, n�o atingiu n�meros ainda maiores.

Empresas

Mas a afli��o tamb�m � das empresas. Em abril, o saldo de vendas em 12 meses do setor de hipermercados e supermercados mergulhou no negativo pela primeira vez em 11 anos, tend�ncia que permaneceu no m�s de maio, apontou o IBGE. Uma retra��o nas vendas em 2015 � dada como certa por analistas.

"O consumo ainda segurava um pouco a economia, mas agora a queda veio de forma muito r�pida", avalia o economista Marcel Caparoz, da RC Consultores, que prev� recuo de pelo menos 2,5% nas vendas do segmento neste ano. Se confirmado, ser� o pior desempenho desde 2003.

H� quem aposte no contra-ataque. Neste ano, a GfK, empresa que realiza estudos de mercado, j� v� o valor de seus contratos para monitorar pre�os da concorr�ncia aumentar 20% em termos reais em rela��o a 2014. A alta s� n�o foi maior porque, diante do cen�rio adverso, algumas companhias n�o tiveram mais recursos para bancar o servi�o estrat�gico, que custa entre R$ 500 mil e R$ 600 mil anuais, considerando um levantamento nacional que inclua entre 20 e 30 produtos rivais da marca.

"N�o se trata de ampliar fatia de mercado. As empresas est�o buscando perder menos", frisa o diretor-presidente da GfK, Felipe Mendes. "Nosso cen�rio � de que n�o se trata de uma crise pontual, mas sim uma realidade de mercado, um novo patamar na economia", afirma ele, que v� o consumo "acomodado" pelos pr�ximos tr�s anos.

Uma das mais populares do Rio de Janeiro, a rede de supermercados Guanabara garante n�o ter sentido uma "desacelera��o brusca" no consumo este ano, em parte devido �s promo��es. "Estamos percebendo claramente que nossos clientes est�o aproveitando os pre�os baixos dos produtos para fazer estoque em casa", conta o diretor de marketing da rede, Albino Pinho.

As marcas tamb�m tentam amenizar as perdas criando embalagens especiais, com quantidade maior ou menor, dependendo do produto. Bebidas e azeites t�m sido cada vez mais comercializadas por meio do popular "leve 3 pague 2", conta o executivo da GfK. J� os produtos aliment�cios e os chocolates s�o encontrados em pacotes menores.

A situa��o s� n�o � pior porque muitos consumidores adotam ainda caminhos alternativos antes de partir para o corte da lista de compras. "Muitos declaram que v�o diminuir o consumo fora do lar (servi�os), o que acaba amenizando um pouco", afirma Sabrina Balhes, executiva de atendimento da Nielsen. No caso das cervejas, a redu��o de idas ao bar inclusive impulsionou as vendas nos supermercados.

"Ent�o, uma queda no volume ser� a �ltima coisa", acrescenta Sabrina. A Nielsen espera um avan�o entre 1% e 3% no volume de vendas considerando a cesta pesquisada pela consultoria.


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