As sucessivas eleva��es do d�lar nos �ltimos dias, que resultaram na maior taxa em 12 anos, trouxeram o c�mbio para um novo patamar, avaliam especialistas entrevistados pela Ag�ncia Brasil. Ontem, o d�lar comercial fechou o dia vendido a R$ 3,369, com alta de 0,149%.
O economista S�lvio Campos Neto, da empresa de consultoria Tend�ncias, avalia que a varia��o cambial colocou o real em um n�vel ajustado com o atual cen�rio negativo da economia brasileira. “A taxa de c�mbio j� se desvalorizou bastante, e neste momento o espa�o para novas altas � menor. Voc� ainda pode ser surpreendido por alguns movimentos de alta nas pr�ximas semanas, mas o espa�o � bem menor”, apontou.
Para o economista Mauro Rochlin, professor da Funda��o Getulio Vargas, a oscila��o entre R$ 3,30 e R$ 3,50 deve se manter, caso n�o haja grande altera��o do cen�rio econ�mico e pol�tico, que, na avalia��o dele, j� � bastante turbulento. “At� onde a vista alcan�a, o patamar � este”, declarou. Entre os fatores que poderiam reverter o movimento, ele cita a amplia��o da possibilidade de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, rebaixamento mais significativo de nota das ag�ncias de risco e uma sa�da mais forte de capital.
Sobre a revis�o da nota do Brasil pela ag�ncia de classifica��o de risco Standard & Poor's, que revisou a perspectiva da nota para negativa, os especialistas apontam que o movimento j� era esperado. “Temos um panorama pouco favor�vel. A decis�o confirma esse mal-estar e mostra como o ambiente deve continuar diverso nos pr�ximos meses”, avaliou Campos Neto.
Rochlin lembrou que normalmente a mudan�a de perspectiva antecede uma mudan�a de nota. “A ideia � fazer a coisa paulatinamente para ir alertando os clientes de como vai a economia do pa�s, como vai a chance de calote dos t�tulos [p�blicos], como anda o risco de cr�dito”, apontou.
Os economistas destacam, como fato que desencadeou a eleva��o do d�lar, a m� interpreta��o, pelo mercado, da revis�o de metas de super�vit prim�rio. Mas refor�am que h� elementos adicionais, como a deteriora��o do ambiente pol�tico e fatores externos como a queda da bolsa na China. Ontem (27), a Bolsa de Valores de Xangai caiu 8,48%, a maior queda di�ria desde 2007, por causa da divulga��o de indicadores econ�micos que mostram desacelera��o da economia chinesa.
O professor da FGV acredita que a economia brasileira ainda deve sentir de forma mais intensa os impactos das oscila��es da economia chinesa. “Havendo, de fato, um problema maior em rela��o ao mercado chin�s, isso deve contagiar a percep��o de risco de grandes investidores internacionais, portanto, eles devem diminuir a exposi��o em rela��o a mercados emergentes”, avaliou.
O consultor da Tend�ncias, Campos Neto, explica que a desvaloriza��o do real tem impacto no poder de compra dos brasileiros. “� um movimento esperado, e sempre acontece em momentos de ajuste como este. Da mesma forma que, na d�cada passada, o real foi se valorizando em rela��o ao d�lar e as fam�lias se sentiram mais ricas por conta disso, agora � movimento de ajuste inverso”, apontou.
Ele acrescenta que, somado a este fato, o panorama local de conten��o de cr�dito e aumento do custo de financiamentos cria um cen�rio negativo para o consumo em geral. “O ano de 2015 � preocupante do ponto de vista das fam�lias”, avaliou.
