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Estado de Minas

Erros na economia podem levar pa�s � maior recess�o

Nas apostas de analistas de bancos e corretoras, Brasil tende a enfrentar at� 11 trimestres de encolhimento do PIB entre 2015 e 2016, mais longo per�odo de retra��o dos �ltimos 50 anos


postado em 04/08/2015 00:12 / atualizado em 04/08/2015 07:29

Bras�lia – Com base nas estimativas de analistas de bancos e corretoras, o Brasil dever� registrar�, entre 2015 e 2016, o mais longo per�odo de retra��o da economia dos �ltimos 50 anos. Entre os especialistas, as apostas mais pessimistas s�o de at� 11 trimestres seguidos de contra��o do Produto Interno Bruto (o PIB, conjunro da produ��o de bens e servi�os do pa�s), em rela��o ao mesmo per�odo do ano anterior, o que dar� ao governo Dilma Rousseff o t�tulo de maior insucesso desde a redemocratiza��o do pa�s. Para este ano, as expectativas s�o de queda de 1,8% do PIB.

Segundo Ivo Chermont, economista-chefe da Itaim Asset, com a esperada queda entre abril e junho deste ano, j� ser�o cinco os trimestres de recuo da atividade econ�mica. “Olhando para a frente, � dif�cil imaginar recupera��o t�o cedo da economia”, diz. O recorde que pode ser quebrado foi registrado entre 1981 e 1983, quando o Brasil computou nove trimestres consecutivos de retra��o, acumulando, no per�odo, perdas de 8,5% que deram in�cio �s duas d�cadas perdidas da qual a popula��o se ressente at� hoje.


Boa parte da fatura contratada por Dilma tem rela��o com o estrangulamento das contas p�blicas, que detonou desconfian�a sem precedentes no pa�s. Para eleg�-la, seu antecessor, Luiz In�cio Lula da Silva, pisou no acelerador dos gastos. Esperava-se que, com a posse da petista, a responsabilidade fiscal voltasse ao radar, mas o que se viu foi descontrole, abuso da contabilidade criativa e das famosas “pedaladas fiscais”, que est�o sendo questionadas pelo Tribunal de Contas da Uni�o (TCU).

O quadro � t�o dram�tico que o rombo do setor p�blico chegou a 8,12% do PIB, ou seja, R$ 462,7 bilh�es, no acumulado dos 12 meses terminados em junho �ltimo. Quando assumiu o poder, Dilma herdou um d�ficit nominal de R$ 93,7 bilh�es e n�o se intimidou em quase quadruplic�-lo. N�o � toa, o Brasil sofre a amea�a de perder o grau de investimento, uma esp�cie de selo de bom pagador, dado em 2008 pela ag�ncia de classifica��o de risco Standard & Poor’s.

Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, perante o que se v� hoje nas contas p�blicas, o Brasil ter� que fazer uma revolu��o, a cargo do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que tem se esfor�ado em conversas com investidores e parlamentares no Congresso para vender o ajuste fiscal proposto pelo governo. A promessa de uma arruma��o r�pida na casa n�o se confirmar, diante da resist�ncia encontrada no Congresso Nacional. Na melhor das hip�teses, a expectativa � que a melhoria das contas s� apare�a em 2018, quando o super�vit prim�rio, a economia para pagamento de juros da d�vida p�blica, chegaria a 2% do PIB. Em 2015, a promessa � de um saldo positivo de 0,15%, podendo haver d�ficit de at� 0,3% do PIB, o correspondente a R$ 17,7 bilh�es.

“O governo tem que apresentar um plano de redu��o de despesas de custeio muito ousado para conseguir fazer caixa, n�o ficar apenas pensando em aumento de receitas. Mas � dif�cil imaginar o que poder� conseguir, pois o pa�s perdeu a confian�a e qualquer plano que seja apresentado talvez n�o tenha efic�cia esperada”, afirma Agostini, que v� a d�vida p�blica amea�ando superar os 70% do PIB.

Piora Na opini�o de Sim�o Davi Silber, professor do Departamento de Economia da Universidade de S�o Paulo (USP), o que ocorreu foi uma longa deteriora��o na �rea fiscal, sem que o governo demonstrasse qualquer sinal de preocupa��o. “Muito pelo contr�rio. Come�ou a enfeitar os n�meros com a contabilidade criativa e finalizou com as pedaladas. Foi uma irresponsabilidade fiscal gigantesca”, afirma. No entender dele, s�o grandes as chances de o pa�s perder o selo de bom pagador.

Corte de investimentos � pior via

O governo vem fazendo o ajuste fiscal por meio de corte de investimentos, que � a pior forma de acertar as contas, j� que agrava a retra��o econ�mica, observa o especialista em contas p�blicas Mansueto Almeida. Somente no primeiro semestre, a tesourada foi de 36%. “Al�m disso, a conta de juros est� cada vez mais alta (7,32% do PIB), e isso vem ajudando a piorar o resultado prim�rio – a economia que o governo precisa fazer para garantir o pagamento dos encargos financeiros e segurar o aumento da d�vida p�blica. O �nico gasto que est� sendo controlado � o de investimentos. O crescimento real das despesas de 0,5% � baixo, mas o problema � que as receitas ca�ram mais de 3%. Essa combina��o ainda � muito ruim”, destaca.

Na avalia��o de Almeida, o ajuste fiscal proposto por Levy vem sendo feito, mas na margem. “O quadro fiscal piorou muito. A recupera��o da economia ser� muito mais lenta do que se esperava”, diz. Para o economista Amir Khair, o ajuste n�o deve funcionar porque n�o h� uma estrat�gia de retomada do crescimento. “O governo conseguiu uma fa�anha. A d�vida p�blica vai bater em 70% do PIB e isso � resultado de dois abusos: mandar mais de R$ 400 bilh�es para o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social) sem que houvesse crescimento da economia”, critica Khair.

Entre os analistas, h� proje��es de uma redu��o de 10% em termo reais, do volume de investimentos no pa�s neste ano, na compara��o com 2014. A perspectiva � de que deixem de ser aportados R$ 110 bilh�es na economia em 2015. O relat�rio Focus, que consolida as previs�es de economistas de bancos e corretoras para os principais indicadores, apontou ontem que a taxa Selic, aquela que remunera os t�tulos do governo no mercado financeiro e serve de refer�ncia para as opera��es nos bancos e no com�rcio, encerrar� o ano em 14,25%, depois de o Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) ter afirmado que a manuten��o desse patamar, por per�odo suficientemente prolongado, ser� capaz de fazer a infla��o convergir para a meta, de 4,5%, no fim de 2016.


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