A economia brasileira est� em recess�o desde o segundo trimestre de 2014. O veredicto foi divulgado na ter�a-feira, em comunicado do Comit� de Data��o de Ciclos Econ�micos (Codace). Formado por sete membros com not�rio conhecimento em ciclos econ�micos, o comit� � independente e foi criado, em 2008, pela Funda��o Getulio Vargas (FGV) para estabelecer uma refer�ncia dos ciclos econ�micos, com a marca��o das datas de picos e vales da produ��o.
A avalia��o deve alimentar as press�es no Congresso para a aprova��o de uma agenda do crescimento que possa ajudar na recupera��o das contas p�blicas. E revela o tamanho do ciclo recessivo em rela��o a outras fases da economia. O comit� diz que a dura��o da recess�o ser� de "pelo menos" quatro trimestres e dever� durar mais do que a m�dia dos �ltimos cinco per�odos de retra��o.
O assunto vem sendo debatido pela equipe do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que tem procurado identificar o que � c�clico e o que � estrutural no quadro econ�mico. O ministro tem dito que � um equ�voco atribuir ao ajuste fiscal a culpa pela recess�o. Os dados divulgados pelo comit� refor�aram essa avalia��o. Levy almo�ou ontem com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), para fechar uma pauta de reanima��o da economia.
Reunido na semana passada, o comit� identificou a ocorr�ncia de um pico no ciclo de neg�cios no primeiro trimestre de 2014. O pico representa o fim de uma expans�o econ�mica que durou 20 trimestres - entre o segundo trimestre de 2009 e o primeiro de 2014 - sinalizando a entrada do Pa�s em uma recess�o a partir do segundo trimestre do ano passado.
A fase c�clica, marcada pelo decl�nio na atividade econ�mica de forma disseminada, � denominada recess�o. A fase entre um vale e um pico do ciclo � chamada de expans�o. Esse tipo de avalia��o independente existe em outros pa�ses para garantir isen��o na an�lise t�cnica.
A dura��o da expans�o de 2009-2014 foi semelhante � anterior, ocorrida entre o terceiro trimestre de 2003 e o terceiro trimestre de 2008 (21 trimestres). O crescimento m�dio trimestral de 4,2%, em termos anualizados, foi um pouco inferior ao observado nos dois per�odos anteriores de expans�o, entre o primeiro e o �ltimo trimestres de 2002 (5,3%) e entre 2003 e 2008 (5,1%).
Ciclos mais curtos
Mesmo sem se manifestar sobre o ciclo de recess�o atual, o Codace avalia que a dura��o dos ciclos de neg�cios vem mostrando historicamente uma tend�ncia de diminui��o a partir de meados dos anos 90. A m�dia de dura��o das tr�s recess�es ocorridas entre 1981 e 1992 foi de 8,7 trimestres. J� a dura��o m�dia das cinco recess�es a partir de 1995 foi de 2,8 trimestres.
No per�odo que vai do in�cio da recess�o atual at� o primeiro trimestre de 2015, o comit� observou uma taxa m�dia de contra��o de 1,1% em termos anualizados, valor pr�ximo ao observado nas recess�es de 1998-1999 e de 2001.
Essa taxa � significativamente menor do que a observada na curta e intensa recess�o de 2008-2009 (-11,2% ao ano). De acordo com a an�lise do comit�, "levando-se em conta esse mesmo per�odo hipot�tico", a extens�o da atual recess�o seria de pelo menos quatro trimestres, portanto mais longa que a dura��o m�dia das cinco recess�es anteriores.
O Comit� de Data��o de Ciclos Econ�micos � coordenado por Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central. Tamb�m fazem parte do comit� Edmar Bacha, diretor do Instituto de Estudos de Pol�tica Econ�mica da Casa das Gar�as; Jo�o Victor Issler, professor da Funda��o Get�lio Vargas; Marcelle Chauvet, professora da Universidade da Calif�rnia; Marco Bonomo, professor do Insper; Paulo Picchetti, professor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, e Regis Bonelli, pesquisador do Ibre. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.