
Por decis�o do governo federal, no c�lculo do novo modelo de cobran�a, “n�o incidem descontos” concedidos desde 2002 para o uso noturno do sistema de irriga��o. Na pr�tica, com a bandeira vermelha ativada desde janeiro, 60,12% do valor pago (sem impostos) pelos consumidores rurais de m�dia tens�o para a irriga��o entre 21h30 e 6h referem-se apenas ao sistema de bandeiras. O restante da conta � a tarifa j� acrescida de todos os reajustes aplicados nos �ltimos meses. Para o consumidor residencial, a bandeira vermelha representa 10,78% do total.
O coordenador da Assessoria Jur�dica da Faemg, Francisco Sim�es, explica que o desconto � dado para incentivar o uso noturno da irriga��o, per�odo em que as hidrel�tricas t�m menor demanda. Ao todo, segundo ele, s�o cerca de 14 mil inscritos no estado. A tarifa para essa fatia dos consumidores � at� 90% menor durante a noite e a madrugada. “A bandeira � tarifa? � a antecipa��o da tarifa?”, questiona Sim�es. A reivindica��o � que o desconto seja aplicado depois de a bandeira ter sido somada.
Com os reajustes tarif�rios aplicados neste ano, a conta de luz de uma fazenda em que o engenheiro eletricista trabalha H�lder Albino de Oliveira presta servi�os, em S�o Rom�o, no Norte de Minas, subiu de R$ 170 mil em janeiro para R$ 270 mil no m�s passado. Do acr�scimo de R$ 100 mil, segundo ele, R$ 63 mil s�o referentes � bandeira. Ou seja, 23% do custo total � referente ao sistema de bandeiras. “Em culturas com margem baixa, como milho, fica invi�vel o plantio. Muitos produtores est�o avaliando novos cultivos”, afirma.
“A bandeira tarif�ria � uma parte do grande problema que os irrigantes t�m hoje”, afirma o presidente da Associa��o dos Irrigantes do Norte de Minas, Orlando Machado. Com o problema, ele vislumbra inclusive redu��o da �rea planta no pa�s e queda na safra brasileira. “Os produtores est�o vendo que a conta � impag�vel. A irriga��o acaba custando quase o mesmo que outros insumos. Tem muita gente parando de produzir”, afirma Machado sobre o peso da energia no custo de produ��o. Outra possibilidade que n�o o recuo da produ��o � a redu��o da produtividade devido ao menor uso de sistemas de irriga��o.
“O valor da energia para irriga��o subiu em torno de 50%. Os pequenos produtores n�o est�o conseguindo arcar com os custos e est�o sendo obrigados a reduzir a �rea plantada”, afirma Charles Ramon Xavier, t�cnico da Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural (Emater-MG) em Montes Claros, no Norte de Minas. “Se o valor da energia continuar subindo vai chegar a um ponto que todo mundo vai ter que parar a produ��o”, afirma o pequeno agricultor Louren�o Lopes Santos, dono de um s�tio na localidade de Canoas, em Montes Claros. “O pre�o das vendas n�o est� dando para cobrir os custos. Eu fui obrigado a reduzir a �rea plantada de 2 hectares para 1,5 hectare”, completa o pequeno produtor.
Impacto Na segunda-feira, a ministra da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento, K�tia Abreu, reuniu-se com o diretor-geral da Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (Aneel), Romeu Rufino, para apresentar a ele as reivindica��es dos irrigantes. Na reuni�o ficou acertado que t�cnicos do minist�rio e da ag�ncia reguladora v�o levantar o impacto do sistema tarif�rios de bandeiras sobre o custo final da agricultura irrigada. Segundo a ministra, os produtores n�o t�m margem para administrar o consumo. Isso porque os piv�s de irriga��o s�o gastos fixos e a redu��o do consumo implica em queda da produtividade.
A coordenadora da Assessoria T�cnica da Federa��o da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso, recorda que neste ano o consumidor sofreu com quatro reajustes tarif�rios, o que impactou de forma significativa no custo de produ��o. Segundo ela, o impacto principal � para lavouras com bastante consumo de �gua, como as de gr�os e de frutas. “O produtor v� esse aumento de custo e reduz o investimento”, afirma. Levantamento feito pela Faemg mostra aumento m�dio de 45,49% apenas com o sistema de bandeira tarif�ria, com peso maior para os irrigantes da regi�o da Superintend�ncia do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) que t�m subs�dio de 90% para irriga��o noturna.