Diante da maior crise de sua hist�ria, a ind�stria sider�rgica brasileira precisa de solu��es de curto prazo e a �nica porta de sa�da vis�vel s�o as exporta��es, na vis�o de Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto A�o Brasil (IABr), que congrega as companhias do setor.
Para que a sa�da d� certo, por�m, a recente desvaloriza��o da taxa de c�mbio n�o � suficiente. A entidade cobra outras medidas, como a recomposi��o da al�quota de 3% do Reintegra, e tem buscado l�deres do PMDB para sensibilizar o partido para a agenda do com�rcio exterior.
Com a redu��o da al�quota do Reintegra de 3% para 1%, a ind�stria sider�rgica perdeu US$ 160 milh�es ao ano, informou Lopes. "N�o faz o menor sentido, na hora em que o governo lan�a o Plano Nacional de Exporta��es, que se retire o instrumento que poderia incentivar as exporta��es, que � o Reintegra. O Reintegra n�o deveria ser de 3%, deveria ser de 7% ou 8%. Na China, � 17%. Nesse momento, o Brasil reduz de 3% para 1%", disse Lopes ap�s participar de debate no Encontro Nacional de Com�rcio Exterior (Enaex 2015), ocorrido quinta-feira, 20, no Rio.
Segundo Lopes, o IABr tem mantido contato com l�deres do PMDB, visando a incluir o com�rcio exterior como pauta pol�tica do partido, na esperan�a de tentar influenciar por mudan�as no Reintegra. "Do lado do Executivo, n�o h� nenhuma receptividade por parte da Fazenda de mexer em qualquer coisa que interfira no ajuste fiscal, mas o PMDB, que tem tido um papel importante nas discuss�es de agenda, entendendo que a sa�da � o mercado internacional, pode colocar na sua pauta pol�tica o Reintegra como um fator importante", disse Lopes.
O IABr j� se reuniu com o presidente da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com o vice-presidente Michel Temer e com o governador e o prefeito do Rio, Luiz Fernando Pez�o e Eduardo Paes, respectivamente. "A recep��o tem sido excelente", comentou Lopes.
O executivo reconheceu a import�ncia do ajuste fiscal, mas destacou que ele precisa focar nas prioridades. "O ajuste fiscal deveria ter tamb�m uma vertente de redu��o das despesas do governo. Tudo � uma quest�o de medi��o de prioridade", afirmou Lopes. "Se voc� retira da ind�stria a capacidade de produzir, nunca vai fechar o ajuste porque a receita cai", completou.
Sobre a cota��o do d�lar, Lopes ressaltou que a desvaloriza��o melhora o quadro para as exporta��es, mas � preciso olhar para as cota��es das moedas de outros pa�ses com os quais o Brasil compete. Segundo uma compara��o feita pelo IABr com base no �ndice BigMac, calculado pela revista brit�nica "The Economist", a ind�stria sider�rgica brasileira j� fica competitiva em rela��o aos EUA com o c�mbio na casa de R$ 2,60, mas, perante a China, o c�mbio necess�rio fica na casa de R$ 4,50.
"A rela��o n�o � d�lar-real. � real em rela��o a seus concorrentes e eles ganharam mais competitividade. Melhorou? Melhorou. � suficiente? N�o � suficiente", concluiu Lopes.
A compara��o com a China sinaliza que as importa��es vindas do pa�s asi�tico seguem como amea�a. A participa��o de mercado do a�o chin�s no Brasil passou de 1%, em 2000, para 52%, no ano passado. O IABr defende a ado��o de salvaguardas comerciais contra a China, mas Lopes reconhece que tais medidas s�o invi�veis politicamente.
Na vis�o do executivo, as exporta��es t�m que ser a sa�da da ind�stria porque n�o h� sinal de recupera��o da demanda externa. As ind�strias da constru��o, automotiva e de m�quinas e equipamentos est�o em crise e, juntas, respondem por 80% do consumo nacional de a�o. Segundo Lopes, a ind�stria sider�rgica est� com 20 unidades paradas, opera com baixa utiliza��o de capacidade e j� demitiu 12 mil trabalhadores este ano.
