
Se o com�rcio de rua est� devagar, com a queda das vendas do varejo, nas galerias, onde o fluxo de clientes � menor, quem n�o mudou de ponto para adequar os custos ao menor volume de vendas, est� tentando vencer o paradeiro com estrat�gias como redu��o de despesas, liquida��es e alguma inova��o.
Na rua Pernambuco, 1000, na Galeria Inconfidentes, tamb�m na Savassi, os comerciantes que resistem se uniram para movimentar o espa�o em tempos de economia fraca. A ideia foi criar uma feira de artes, objetos e artesanato que est� ajudando a enfrentar os resultados ruins do setor. Segundo o IBGE no semestre as vendas do varejo ca�ram 2,2% no pa�s, alcan�ando o pior semestre desde 2003. A Confedera��o Nacional do Com�rcio (CNC), prev� retra��o no setor de 2,4% em 2015.
A exposi��o de artes na galeria est� aberta toda quinta-feira de 9h �s 20 horas. “Foi uma alternativa que encontramos para movimentar o espa�o e ao mesmo tempo abrir oportunidades para exposi��o e venda de produtos”, diz Ant�nio Maur�cio Reis, idealizador da feira e dono do Bazar Miragem, onde funciona uma gr�fica r�pida, venda de vinis e artesanato. Na galeria h� lojas fechadas, mas quem ficou aderiu a ideia do comerciante. H� 12 anos no ponto, al�m da feira de artes, Ant�nio Maur�cio tamb�m criou a feira do vinil, que acontece no segundo s�bado do m�s. Vasculhando por raridades, o consumidor acaba conhecendo os produtos da galeria que n�o s�o vistos da rua.

No Barro Preto, Ana Maria Santos ocupa uma dos �nicos com�rcios no andar t�rreo do Shopping Maximiano. Ela chegou na galeria h� um m�s, atra�da pelos custos. Conta que apesar de na rua o lojista ser visto pelos clientes, o pre�o menor do aluguel, quase 60% mais baixo, a fizeram optar pelo espa�o. Michele Dias, gerente da loja Liza, na Galeria Chaves, tamb�m no Barro Preto, considera que a estrat�gia para vencer a queda nas vendas, � uma campanha para fidelizar clientes. “Com essa crise, o cliente que entra na galeria, � porque j� conhece o produto.”
Tradi��o Da crise n�o escapou quase ningu�m. At� na Galeria do Ouvidor, centro comercial que h� 50 anos � refer�ncia em Belo Horizonte, principalmente em artigos como bijuterias, embalagens, artesanato, tamb�m sentiu a desacelera��o. O gerente da galeria, Walter Faustino, conta que o movimento de modo geral, caiu perto de 20%, mas h� quem aponte percentual maior. H� 21 anos na Ouvidor, M�rcio do Vale � dono da loja Pr�mula, de cal�ados. Ele diz que as vendas encolheram 40%, mesmo com o fortalecimento da variedade de produtos, liquida��es e foco no atendimento. “Estou disposto a passar o ponto, o aluguel e custos aqui s�o muito altos”, comentou.
Pesquisa da Funda��o Ipead em parceira com a C�mara do Mercado Imobili�rio (CMI) mostra que desde julho do ano passado os alugueis comerciais est�o crescendo menos que a infla��o. Em 12 meses a alta dos alugueis � de 6,18% contra uma infla��o de 10,12%. Violeta Tempone que h� 50 anos � comerciante na Savassi e h� 30 na galeria da Rua Tom� de Souza, acredita que as lojas vazias desanimam ainda mais os novos clientes. “Uma escola que funcionava aqui, conseguiu um aluguel 50% menor e mudou-se. Quanto mais vazio, pior para todos, para o dono do im�vel e para quem aluga.”

...Espa�o menor atrai a m�sica
Em busca de cortar custos, a mudan�a de ponto cresceu em regi�es tradicionais do com�rcio, onde lojistas buscam se adequar a realidade de menor crescimento econ�mico. Recentemente, a tradicional loja de instrumentos musicais Guitar Shop, que h� duas d�cadas funcionava na Rua Pernambuco, na Savassi, decidiu mudar para o Shopping Quinta Avenida. A loja agora funciona no terceiro piso do espa�o, e tem metade do tamanho. Com vendas em crescimento pela internet, o propriet�rio Jos� Mauro Ulhoa (foto) diz que o novo endere�o � vizinho do antigo ponto, o que favorece o deslocamento dos clientes. “� uma nova estrat�gia. Temos os mesmos produtos, mas agora em um espa�o menor, com menos funcion�rios, manuten��o e aluguel mais baratos”, comenta o empres�rio.