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Estado de Minas RECESS�O

Crise econ�mica esfria at� a entrega de pizzas de restaurantes

Com desemprego e infla��o em alta, queda nas encomendas por telefone passa de 40% e empresas cortam funcion�rios e podem encerrar servi�o. Pre�os tiveram aumento de 13,6%


postado em 12/09/2015 07:00 / atualizado em 12/09/2015 07:23

Na Pizzarella, que tem três casas na cidade, movimento teve redução de 20% neste ano, mas não alterou valores dos produtos(foto: Fotos: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Na Pizzarella, que tem tr�s casas na cidade, movimento teve redu��o de 20% neste ano, mas n�o alterou valores dos produtos (foto: Fotos: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

Garantir que o m�s acabe com pizza n�o tem sido f�cil. A massa fina e o queijo derretido continuam � moda antiga. O que tem mudado � o comportamento dos fregueses diante de um cen�rio de infla��o e juros em alta e o temor do desemprego. Nos �ltimos meses, o setor que fatura R$ 22,6 bilh�es por ano, segundo a Associa��o Pizzarias Unidas, vem sentindo os efeitos da crise. Nem mesmo a entrega em domic�lio praticada pelos restaurantes h� muitos anos, e at� ent�o vista como mecanismo para aumentar o faturamento, vem salvando as vendas nas tradicionais pizzarias de Belo Horizonte. O percentual de pizzas que viajam sobre rodas despencou em torno de 43% em rela��o ao ano passado nos estabelecimentos consultados pelo Estado de Minas.

H� 50 anos no mercado, as duas lojas da rede O Pizzaiolo correm o risco de fechar as portas no fim do ano. O propriet�rio Amarildo Alves dispensou metade da equipe, entre cozinheiros, gar�ons e motoboys, depois que viu seu faturamento cair 60%. No delivery, de onde vem a maior receita, as vendas encolherem 50%. “N�o me lembro de ter vivido um per�odo t�o dif�cil como este”, afirmou o empres�rio, enquanto dispensava o entregador mais cedo por falta de pedidos. Para driblar os efeitos da recess�o, Alves vem apostando em promo��es para aumentar a clientela. Segundo ele, em um s�bado, uma m�dia de 100 pizzas sa�am para entrega. Hoje, esse n�mero caiu pela metade. “Se n�o fizermos promo��es, o neg�cio n�o sobrevive” disse.

Nas tr�s unidades da Pizzarella, na capital, o movimento caiu 20%. Para segurar as vendas, o gerente Edinaldo Campos Manaces, da matriz em Lourdes, conta com a tradi��o de 44 anos para manter a entrega de pizzas e o sal�o cheio. Apesar da baixa nas vendas, a pizzaria ainda n�o mexeu no pre�o. “Promo��o significa corte. E esse corte reflete na perda da qualidade”, justifica. Os �ltimos meses tamb�m t�m sido de baixa para o empres�rio Marcelo Malta, propriet�rio da pizzaria Nino, no Bairro Padre Eust�quio. L�, as sa�das de pizzas ca�ram 50% – somente no delivery. “Num dia bom, a gente fechava 150 pedidos, agora, nem 70”, lamenta.

Com criatividade, Ivan Assunção, dono da franquia Leve Pizza, tenta estimular demanda e diz que queria vender o dobro do que comercializa hoje
Com criatividade, Ivan Assun��o, dono da franquia Leve Pizza, tenta estimular demanda e diz que queria vender o dobro do que comercializa hoje

Com humor
No Bairro Ouro Preto, na Pampulha, o dono da franquia Rede Leve Pizza lan�ou m�o do humor para atrair clientes. “Vendo a pizza da crise”, resume Ivan Assun��o, que em fevereiro deste ano investiu cerca de R$ 200 mil para montar o pr�prio neg�cio. Na porta da pizzaria, uma grande faixa atrai olhares at� dos menos curiosos: “A grana est� curta? N�o deixe de comer pizza”. “Os clientes me perguntam se eu estou oferendo dinheiro (risos)”, conta. Apesar de j� colher os frutos do investimento, o empres�rio afirma que as vendas est�o crescendo menos que as suas proje��es. “Queria vender o dobro”, lamenta.

O diretor-executivo da Associa��o Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-MG), Lucas P�go, avalia que o setor de alimenta��o fora de casa � um dos mais impactados pela crise. Segundo ele, no aperto, o brasileiro muda de h�bitos e corta primeiramente gastos com alimenta��o e lazer. “Os pre�os subiram e os custos est�o sendo repassados ao consumidor, o que reflete a queda do poder de consumo”, disse. Lucas P�go refor�a tamb�m o desafio das empresas do setor formal. Segundo ele, em Belo Horizonte, a maioria das pizzarias – entre as 350 estimadas na capital –, s�o informais.

Para o presidente do Sindicato dos Motociclistas, Ciclistas e Afins de Belo Horizonte, Rog�rio Santos Lara, a queda nas vendas do setor de telepizza contribuiu para o aumento da informaliza��o. “Com a alta nos custos, muitas empresas driblam a lei e n�o registram seus motoboys”, explica. Segundo Lara, no sindicato tem sido frequente a procura de trabalhador dispensado sem sequer ter sido registrado. “Outro agravante � o pagamento por taxa de entrega, que acelera os �ndices de acidentes, j� que o entregador ganha por produ��o”, reitera.

Aumentos A m�dia dos pre�os de alimenta��o fora de casa no 2º trimestre de 2015 ante o mesmo per�odo de 2014 subiu 10,4%, enquanto o pre�o m�dio da economia medido pelo �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) no per�odo teve alta de 8,5%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).

Em Belo Horizonte, segundo o site Mercado Mineiro, as pizzas ficaram at� 13,64% mais caras em setembro deste ano em rela��o ao mesmo m�s do ano passado, percentual tamb�m acima da infla��o na capital mineira, que subiu para 10,52% nos �ltimos 12 meses, conforme a Funda��o Instituto de Pesquisas Econ�micas, Administrativas e Cont�beis de Minas Gerais (Ipead). “O aumento � signicativo, mas poderia ter sido maior, diante da alta generalizada dos pre�os”, afirma Feliciano Lopes de Abreu, diretor-executivo do site. Segundo ele, a demanda reprimida n�o permite que os pre�os subam muito. “� preciso aumentar a competitividade”, disse.

A advogada Ana Eliza J�come e a estudante de Direito B�rbara Guerra pediam pizza em casa toda semana. Com a alta dos pre�os, as amigas resolveram diminuir a frequ�ncia para uma vez por m�s. “N�o � s� a pizza. Tem a bebida e a taxa de entrega. No final, a gente acaba gastando quase R$ 100”, diz B�rbara. Para Ana, preparar a pr�pria comida em casa fica mais barato. “Agora eu s� pe�o quando tenho visita”, diz Eliza.

O economista do Ibmec e pesquisador da Funda��o Jo�o Pinheiro (FJP), Felipe Leroy, afirma que o efeito da queda na renda e o aumento do custo da pizza, com a press�o no pre�o do trigo devido a alta do d�lar, impactaram o consumo final. “Com a renda comprometida, o consumidor substitui produtos considerados sup�rfluos e que comprometem o or�amento”, observa.

Na mesa

Os efeitos da crise econ�mica brasileira est�o em praticamente todos os setores. O Estado de Minas publicou ma edi��o de 7 de setembro, reportagem sobre a crise no setor de bares e restaurantes. Segundo c�lculos do Sindicato de Hot�is, Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte (Sindhorb), este ano, cerca de 500 estabelecimentos, somando desde os pequenos bares, lanchonetes, at� casas de maior porte, fecharam as portas na capital. A atual conjuntura econ�mica do pa�s, com crescimento da infla��o, atinge tamb�m restaurantes voltados para as classes A e B, em regi�es como Centro-Sul, Oeste e Pampulha.


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