S�o Paulo, 12 - Em seu acordo de leni�ncia com o Conselho Administrativo de Defesa Econ�mica (Cade), a empreiteira Camargo Corr�a revelou que os executivos dos sete grupos empresariais - Odebrecht, Andrade Gutierrez, UTC, Techint, EBE, Camargo Corr�a e Queiroz Galv�o - que disputavam as licita��es de Angra 3 usaram portas laterais das empresas onde realizavam os encontros para definir os acertos na disputa. A inten��o era evitar o registro da entrada dos executivos que integravam o cartel nos locais.
"Os integrantes das empresas sabiam da ilegalidade dos encontros e, por exemplo, entravam via porta lateral na sede da Queiroz Galv�o no Rio a fim de evitar o registro na portaria", afirma o hist�rico da conduta descrito pela empreiteira ao �rg�o antitruste do governo federal. Ao todo, s�o citados nove encontros entre 2013 e 2014 dos executivos das empresas, que se autodenominavam "grup�o", para discutir os acertos.
Presidentes
Outra estrat�gia revelada pela Camargo era a de que as reuni�es entre as empresas concorrentes para tratar dos "temas sens�veis" envolviam a alta c�pula das empreiteiras, mas n�o seus presidentes "a fim de evitar exposi��o excessiva e em vista de problemas de agenda", disseram os executivos da companhia.
Em apenas uma ocasi�o, depois de j� definidos que os cons�rcios vencedores da licita��o se uniriam em cons�rcio �nico para dividir as obras e �s v�speras de ser assinado o contrato com a Eletronuclear, os presidentes das empreiteiras se reuniram.
O encontro ocorreu em 1� de setembro de 2014, na sede da UTC no Rio de Janeiro e o pr�prio Dalton Avancini, ex-presidente da Camargo Corr�a, admitiu ao Cade que ao sair do pr�dio da empreiteira "destruiu suas anota��es, jogando em diferentes lixeiras na Avenida Nilo Pe�anha e na Avenida Rio Branco, consciente do car�ter il�cito dos temas tratados".
Os relatos fazem parte do hist�rico da conduta feito pela Camargo ao Cade. No documento de 136 p�ginas, os executivos da empreiteira revelam as estrat�gias das empresas e artif�cios adotados por seus executivos, inclusive via troca de e-mail, para fraudar as licita��es de Angra 3.
As sete empresas eram divididas em dois cons�rcios para disputar os pacotes de obras da usina: o cons�rcio UNA 3, formado por Andrade, Odebrecht, Camargo Corr�a e UTC; e o cons�rcio Angra 3, composto por Queiroz Galv�o, EBE e Techint. Com os acertos do cartel, contudo, ap�s cada cons�rcio ficar com um pacote de obras, as empreiteiras acabaram se unindo no cons�rcio Angramon, que ficou respons�vel pelos dois pacotes de obras.
As irregularidades na licita��o de Angra 3 foram alvo de uma den�ncia da for�a-tarefa da Lava Jato contra 14 pessoas, incluindo o ex-presidente da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, � Justi�a Federal do Paran�, que foi aceita e j� � a��o penal. Os r�us das empreiteiras s�o acusados de corrup��o, lavagem de dinheiro e organiza��o criminosa.
A Queiroz Galv�o informou que acredita "na idoneidade de todos os seus executivos e reafirma seu compromisso com a �tica e a transpar�ncia". "A companhia nega qualquer pagamento il�cito a agentes p�blicos para obten��o de contratos ou vantagens e reitera que todas as suas atividades seguem rigorosamente � legisla��o vigente."
Por meio de sua assessoria, a Andrade Gutierrez informou que n�o vai se manifestar sobre o caso.
A EBE afirmou que "n�o tem nenhum executivo envolvido neste processo que est� sendo apurado nem pagou nada a ningu�m". "Apesar da desist�ncia de algumas empresas do Cons�rcio Angramon, continuamos no firme prop�sito de manter o contrato assinado para a montagem de Angra 3. A EBE montou sozinha a Usina Nuclear de Angra 1 e fez parte do cons�rcio de empresas que montou Angra 2. A empresa tem larga experi�ncia no setor nuclear e continua com o objetivo de honrar o contrato assinado para Angra 3", disse a empresa.
A Techint Engenharia e Constru��o informou "que segue padr�es internacionais de governan�a e observa estritamente a legisla��o brasileira".
A Construtora Norberto Odebrecht informou que "nunca participou de cartel para contrata��o com qualquer cliente p�blico ou privado". A Odebrecht afirmou tamb�m que "n�o teve acesso a documenta��o constante do referido acordo e se manifestar� nos autos do processo t�o logo tenha acesso �s informa��es em sua integralidade".
A empreiteira UTC informou por meio de sua assessoria de imprensa que n�o iria se manifestar sobre o caso. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.