Os efeitos da deprecia��o cambial recente est�o encarecendo os panificados e biscoitos, com destaque para o p�o franc�s, que tem como mat�ria-prima o trigo, produto cotado em d�lar. A avalia��o foi feita nesta quarta-feira, pelo economista e professor Paulo Picchetti, coordenador do �ndice de Pre�os ao Consumidor Semanal (IPC-S) da Funda��o Getulio Vargas (FGV). A varia��o dos panificados passou de 0,78% na primeira leitura deste m�s para 1,49% na segunda medi��o, enquanto a do p�o franc�s atingiu 1,41% (ante 0,87%).
De acordo com Picchetti, ainda n�o � poss�vel quantificar se os impactos da eleva��o do d�lar ante o real v�o continuar pressionando os panificados, dadas as condi��es desfavor�veis da economia dom�stica, com enfraquecimento da demanda principalmente por bens dur�veis. "Muito provavelmente � efeito da desvaloriza��o do c�mbio que se intensificou depois do rebaixamento", afirmou, ao referir-se � retirada da nota de cr�dito soberano do Brasil pela o Standard & Poor's (S&P).
Outro ponto que tamb�m dificulta estimar a magnitude da influ�ncia do c�mbio na infla��o � que, conforme Picchetti, o "pass-through" (repasse cambial) atual n�o � o mesmo de anos anteriores. Segundo ele, al�m dos panificados, os produtos eletroeletr�nicos tamb�m est�o sofrendo influ�ncia da eleva��o do d�lar. Ele citou como exemplo a varia��o de 1,46% de computadores e perif�ricos na segunda leitura de setembro do IPC-S, ap�s 0,52%.
In natura
Segundo Picchetti, a acelera��o do IPC-S para 0,28% na segunda quadrissemana (�ltimos 30 dias terminados ontem, dia 15), na compara��o com 0,21% na primeira de setembro, veio mais r�pida que a esperada e foi motivada principalmente pela queda menos intensa de alguns alimentos in natura. "N�o � dif�cil perceber o que aconteceu. O grupo Alimenta��o passou rapidamente para alta (0,18% ante -0,08%). O principal motivo e que dificulta as previs�es s�o os in natura, que t�m comportamento bastante vol�til", explicou.
Na segunda quadrissemana do m�s, esses alimentos diminu�ram a intensidade de queda ante a primeira medi��o - caso de hortali�as e legumes, que sa�ram de defla��o de 10,59% para recuo de 9,42%. J� as frutas tiveram decl�nio de 0,04% na segunda medi��o em rela��o ao decl�nio anterior de 0,73%.
A despeito da press�o do grupo Alimenta��o, o professor da FGV mant�m a previs�o de alta de cerca de 0,30% para o IPC-S fechado deste m�s. Conforme ele, as principais press�es devem advir do pr�prio conjunto de pre�os de alimentos e de energia el�trica. "Energia ser� fator de mais press�o. Ainda em Alimenta��o, carnes bovinas podem subir nas pr�ximas semanas", estimou.
