
Um dos maiores e mais tradicionais cursinhos da capital mineira, o Orville Carneiro recorda de uma queda de 20% das matr�culas em 2008 e 2011, anos em que concursos federais tamb�m foram adiados. “Mas recuperamos as perdas assim que foram publicados os editais”, disse a coordenadora da escola, Ana Karine Faria Senra. Ela conta que o alarme inicial foi substitu�do por uma certa tranquilidade com a confirma��o de que os concursos j� autorizados ser�o mantidos, tais como os do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Advocacia Geral da Uni�o (AGU) e Minist�rio da Educa��o (MEC).
Para os concurseiros “profissionais”, o adiamento na realiza��o das provas pode at� ser positivo. “� mais tempo para estudar. Especialmente para quem vai disputar, por exemplo, vagas na Pol�cia Federal e Receita Federal, que s�o mais dif�ceis e demoram de um a dois anos para o candidato passar. S� vai parar de estudar quem n�o conhece como funciona um concurso p�blico”, explica Ana Karine Faria. Al�m disso, ela lembra que h� v�rios concursos para cadeiras em �rg�os municipais e estaduais em andamento, o que justifica a necessidade de continuar os estudos.

Segundo a diretora do Pleno Preparat�rio, Cristiane Mota Magalh�es, n�o d� para falar que n�o assusta, mas, em sala de aula, a miss�o � tentar controlar a situa��o para o aluno n�o ser afetado psicologicamente. “N�o enxergo com tanta preocupa��o, porque no in�cio do primeiro mandato do governo Dilma foi feito o mesmo, e, depois, vieram muitos concursos”, afirma. Magalh�es lembra que Banco do Brasil, Caixa, Petrobras e outras empresas estatais que n�o dependem do Or�amento da Uni�o diretamente n�o s�o afetados pela decis�o. Neste ano, o INSS deve publicar ainda edital com quase 1 mil vagas.
Esperan�a Entre os alunos, o sentimento inicial foi de susto com o an�ncio da equipe econ�mica. Mas, aos poucos, com a orienta��o de cursos preparat�rios, o desespero come�a a ser contido. Em busca de uma vaga no Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS), Arlen �lvaro, de 31 anos, achou que o concurso fosse ser suspenso, mas logo percebeu que o �rg�o j� tinha conseguido autoriza��o para aplicar as provas, o que impede qualquer adiamento.
Com isso, ele diz ser preciso focar ainda mais nessa oportunidade, caso contr�rio ter� que esperar mais tempo at� a pr�xima sele��o. “A esperan�a � que seja tempor�rio. Afinal, foi s� suspens�o, n�o � cancelamento”, diz sobre a medida que adia os concursos. Caso n�o seja aprovado no INSS, outra possibilidade � focar em vagas na esfera estadual e municipal. Com isso, a tend�ncia � que os candidatos concentrem esfor�os, o que inevitavelmente aumentar� a concorr�ncia.

Segundo o Minist�rio do Planejamento, a suspens�o dos concursos p�blicos previstos para 2016 abrangem mais de 40 mil vagas referentes ao Minist�rio P�blico da Uni�o e aos tr�s poderes. A medida deve resultar em economia de R$ 1,5 bilh�o. “Mais eficaz seria cortar cargos comissionados”, afirma o engenheiro qu�mico Mateus Garcia Lima, de 25 anos.
Com a redu��o dos investimentos, Mateus concentra seus esfor�os na busca por uma vaga no setor p�blico, principalmente por causa da estabilidade. Mas o adiamento de novas sele��es pode resultar em um tempo maior de espera pela vaga. Sem perder o foco, ele diz que a sa�da � manter-se concentrado nos estudos at� a retomada da economia. “(A crise) � algo c�clico. A economia volta a fluir”, diz Lima. E acrescenta: “Concurso n�o � algo imediato. Tem que ter paci�ncia.”
N�MEROS
40 mil
S�o as vagas federais que seriam disputadas em 2016
R$ 1,5 bilh�o
� a economia gerada com o adiamento dos concursos