
“As altas temperaturas convidam as pessoas para tomar algo refrescante, para um happy hour. H� uma op��o por ficar um pouco mais na rua, em vez de sair do trabalho e ir para casa”, explica o diretor-executivo da Abrasel Lucas Pego. Segundo ele, o calor�o deste ano vai incrementar outros fatores que tradicionalmente levam ao crescimento na ocupa��o dos bares no �ltimo trimestre do ano, tais como o n�mero de encontros de fim de ano e as promo��es.
� o caso do restaurante e choperia Pinguim, no Sion, na regi�o Centro-sul de Belo Horizonte. Nos �ltimos dias, a casa registrou um incremento de 15% no p�blico e 20% na venda de chopes. “E a nossa meta � chegar aos 30% nos fins de semana”, planeja o gerente operacional da casa, Jo�o Bosco Moreira Rezende. Os n�meros positivos s�o uma combina��o do calor com uma promo��o lan�ada em comemora��o dos 80 anos da rede. Entre as 17h e 20h, os clientes participam do “Momento Pinguim”, que oferece um card�pio exclusivo de petiscos e chopes a pre�os mais baixos.
No Chopp da F�brica, no Bairro Santa Efig�ncia, a dire��o contabiliza um aumento de 10% no movimento depois das 18h. “O calor tira o pessoal de casa”, acredita o gerente administrativo Marcos Alexandre. Ele conta ainda que a casa traz um diferencial para seus clientes, importante no per�odo de altas temperaturas, que � um andar totalmente climatizado. Sem falar na �rea aberta. Promo��o o Chopp da F�brica ainda n�o lan�ou, mas segundo Marcos Alexandre, nem precisa. “Apesar da crise, estamos mantendo nossos pre�os, tentando n�o repassar os custos para o cliente”, conta.
Ventiladores O calor e o crescimento da clientela nas �ltimas semanas fez com que o Botequim do Lourdes investisse em mais quatro ventiladores no local, todos instalados na tarde de ontem. “Com o aumento na procura, notamos que o calor no bar estava ficando insuport�vel. E nem estamos no ver�o ainda”, afirma o gerente Rodrigo Neves Vaz. O banc�rio Eduardo Siqueira Batista, de 36 anos, agradece o artefato. At� porque ele tem frequentado o bar tr�s vezes por semana. “Antes era s� aos domingos. Depois come�amos a sair nas quintas-feiras tamb�m. E agora inclu�mos as quartas”, diz ele, que ontem fez quest�o de tomar umas cervejas com os amigos Clayton Maia e Jos� Passos.
O administrador de empresas Gustavo Gontijo, de 38 anos, reuniu uma turma de oito amigos para uma gelada. “Sempre sa�mos �s quartas-feiras. E hoje (ontem) viemos mais cedo por causa do calor”, afirmou ele. O grupo fez quest�o de pegar uma mesa na cal�ada no Boi Lourdes. Assim como tr�s amigas e vizinhas, que sa�ram do apartamento e se sentaram em um bar para se refrescar com �gua gasosa, gelo e lim�o. “O apartamento � muito quente, e com esse calor estamos saindo tr�s vezes por semana. �s vezes vamos para shoppings, para aproveitar o ar-condicionado”, brinca a fisioterapeuta Fabiana Marcondes, de 39 anos.
Mas nem todo mundo tem raz�o para comemorar. Propriet�ria do Restaurante Tip Top, no Lourdes, Cleuza Silva ainda n�o registrou crescimento de p�blico e consumo – especialmente nos dias de semana. “N�o vou conseguir nem bater a meta este m�s”, lamenta ela, que espera uma m�ozinha do calor na capital para reverter os n�meros nos pr�ximos dias. Para n�o deixar tudo nas m�os da natureza, ela planeja algum tipo de promo��o no card�pio ou atra��es para os clientes, como m�sica ao vivo.
Casas fechadas
Conforme mostrou o Estado de Minas no in�cio deste m�s, cerca de 500 estabelecimentos fecharam
as portas somente neste ano – entre pequenos bares, lanchonetes, casas de maio porte e restaurantes tradicionais. Na conta do Sindicato de Hot�is, Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte (Sindhorb), entram tamb�m diversos restaurantes tradicionais, voltados para as classes A e B, em regi�es como Centro-Sul, Oeste e Pampulha. A principal justificativa � a crise econ�mica do pa�s, com aumento do desemprego, encolhimento da renda da popula��o e eleva��o dos custos desses estabelecimentos, principalmente com rela��o ao aluguel.
Ajuda da natureza
E os bares da Grande Belo Horizonte v�o continuar com motivos para faturar mais. A primavera come�ou ontem com muito calor em Belo Horizonte e baixa umidade relativa do ar. A capital mineira registrou o terceiro dia mais quente do ano, com 33,6°C. A temperatura foi medida na esta��o da Avenida Raja Gabaglia, Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, que � usada para a marca hist�rica, e ficou atr�s do dia primeiro deste m�s, que teve 33,8°C, e de janeiro, que teve marca de 33,9°C. Na Pampulha, os term�metros marcaram 34,2°C. Por�m, o valor n�o conta para a informa��o climatol�gica, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia.
Moradores de BH devem conviver com o calor e o tempo seco neste in�cio de primavera, que teve in�cio �s 5h20. “Estamos com uma intensa massa de ar quente sobre o Sudeste que pegou intensidade com a atua��o do el ni�o, que est� fazendo uma bolha de ar quente que impede a chegada de frentes frias. Por isso, devemos continuar com temperaturas altas at� quarta e quinta-feira da semana que vem”, explica o meteorologista Luiz Ladeia, do 5º Distrito de Meteorologia do Inmet.
A massa de ar quente fez aumentar a temperatura em Belo Horizonte ontem. Os term�metros marcaram a terceira temperatura mais alta do ano. Outra preocupa��o � com a umidade relativa do ar, que ficou em 25%, o que � considerado estado de aten��o pela Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS).
No interior do estado, a maior temperatura registrada ontem foi em Arinos, na Regi�o Noroeste. O �ndice se aproximou do mais alto deste ano, que foi em Janu�ria, no Norte do estado, em 5 de setembro onde os term�metros chegaram a 40,1°C. A menor umidade relativa do ar foi em Jana�ba, na Grande BH, que ficou em 16%, considerado estado de aten��o.
A primavera marca a transi��o entre os per�odos seco e chuvoso. “A chuvas devem come�ar na segunda quinzena de outubro, mas de maneira escalonadas. Ser�o pancadas ocasionais com ventos fortes e granizo. Isso deve acontecer por causa da massa de ar quente que est� forte e deve ter resist�ncia. As chuvas mais continuadas devem ser em novembro”, diz Luiz Ladeia.