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Estado de Minas

Pedidos de fal�ncia devem ter maior alta em 10 anos; lojistas reclamam das baixas vendas


postado em 26/09/2015 08:31 / atualizado em 26/09/2015 09:24

Rio, 26 - Apenas 14 meses depois de abrir as portas de uma loja de acess�rios e cal�ados em couro em Ipanema, na zona sul do Rio, o empres�rio Rafael Fragoso Pires decidiu, em abril deste ano, desistir do neg�cio e abortar o projeto de criar uma rede de franquias. “Cinco meses antes de fecharmos, as vendas despencaram. Tentamos renegociar o aluguel, mas o propriet�rio foi irredut�vel. Os fornecedores tamb�m estavam apertados. Preferimos fechar a acumular preju�zo”, conta.

O fim precoce tem sido o destino de um n�mero cada vez maior de estabelecimentos no Pa�s, encurralados pela eleva��o nos custos e pela desacelera��o na economia. Desemprego em alta e renda em retra��o fizeram os clientes desaparecerem das lojas. No com�rcio, as vendas devem fechar no vermelho pela primeira vez em 12 anos.

No Brasil, o total de estabelecimentos comerciais caiu 5,6% em 12 meses at� julho, segundo levantamento da Confedera��o Nacional do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo (CNC) a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Nesse ritmo, o setor caminha para a primeira redu��o no n�mero de empresas desde o in�cio da s�rie, em 2005.

O n�mero de pedidos de fal�ncia deve ter a maior alta tamb�m desde 2005, estima a Boa Vista SCPC, considerando todos os setores. O processo � puxado pelo com�rcio, cujos pedidos sobem em ritmo mais intenso. Nos oito primeiros meses de 2015, o total de fal�ncias requeridas no Brasil subiu 14,2% ante igual per�odo de 2014. No com�rcio, o salto foi de 20,9%.

Os pedidos de recupera��o judicial, medida para tentar evitar a fal�ncia da empresa, tamb�m caminham para um recorde em 2015. At� agosto foram 800 no Pa�s, alta de quase 40%. A ades�o recente de grandes grupos - caso das empresas de Eike Batista e das empreiteiras OAS e Galv�o Engenharia, na esteira da Opera��o Lava Jato -, tende a impulsionar o recurso.

Custos. Em Ipanema, um dos metros quadrados mais caros do Pa�s, o pre�o salgado dos alugu�is j� vinha pressionando os lojistas. A queda no movimento em 2015 foi a gota d’�gua para muitos deles. V�tima de um aluguel de R$ 23 mil mensais, o arquiteto Chic� Gouv�a fechou a loja de decora��o Olhar o Brasil, inaugurada em 2011.

“As coisas pioraram muito desde o fim do ano. Optamos por manter a loja de Itaipava (regi�o serrana do Rio), mais rent�vel. � triste. Ipanema era uma vitrine”, conta Gouv�a.

Mesmo no centro do Rio, a especula��o dos im�veis j� sufocava os lojistas, que agora agonizam diante da queda nas vendas. Jos� Freitas, h� 22 anos dono da livraria Sol�rio, fechou a unidade da Rua da Carioca ap�s o aluguel ter triplicado de um ano para o outro. Ele at� negociou um aumento gradual e foi levando como p�de, achando que a crise iria passar.

“Mas n�o passou. Fechei a loja em julho, demiti balconistas e atendentes, mas estamos em dificuldades. N�o sei at� quando vou conseguir manter a loja da Sete de Setembro”, lamenta.

Segundo o Sindilojas Rio, 1.290 lojas fecharam na cidade de janeiro a maio, �ltimo dado dispon�vel. O volume quadruplicou ante 2014. Para o presidente da entidade, Aldo Gon�alves, o empres�rio s� fecha um estabelecimento quando n�o tem sa�da, j� que isso envolve despesas. “O consumidor tem receio de comprar e o empres�rio de investir. � o pior dos mundos”, diz.

“O que o ano de 2015 mostra � uma combina��o de custos elevados e queda nas vendas, que estrangula o empres�rio e imp�e um processo de sele��o natural”, analisa Fabio Bentes, economista-s�nior da CNC. “A crise vai se prolongar mais do que a gente esperava. Para o com�rcio reagir via liquida��es vai ficar mais dif�cil, j� que o custo aumentou muito.”

Pelos dados do Caged, as microempresas, com at� nove funcion�rios, representam um ter�o do setor e s�o as mais fr�geis diante da conjuntura econ�mica desafiadora.

No caso delas, a queda j� chega a 6,7%. J� entre as empresas com at� 99 funcion�rios, todos os 22 segmentos investigados apresentam redu��o no n�mero de companhias ativas.

Fal�ncias

O economista Fl�vio Calife, da Boa Vista SCPC, afirma que os pedidos de fal�ncia e recupera��o judicial explodiram a partir do segundo trimestre de 2015. “Houve uma piora muito forte no ambiente de neg�cios. A falta de confian�a est� levando empres�rios que vinham tentando cortar custos e evitando demitir a abrir m�o de seus neg�cios”, diz.

Calife explica que, no caso da ind�stria, a situa��o j� vinha piorando h� mais tempo, por isso os dados do com�rcio chamam mais aten��o este ano. As pequenas empresas s�o as que mais sofrem: respondem por 91% dos pedidos de fal�ncia no com�rcio e 79% na ind�stria.

A expectativa da Boa Vista SCPC � que a situa��o continue se agravando at� o fim do ano, resultando no maior crescimento dos pedidos de fal�ncia desde 2005, quando a nova lei entrou em vigor. Em 2009, auge da crise financeira global, a alta foi de 7%. “N�o h� sinal de melhora. Medidas como a retomada de impostos tendem a derrubar mais a confian�a”, alerta.

Piora

O assessor econ�mico Vitor Fran�a, da Fecom�rcio-SP, prev� um cen�rio negativo para o varejo em 2016. Al�m do encarecimento de itens como �gua e energia, a disparada do d�lar dever� elevar os custos de parte dos comerciantes.

Com juros altos e bancos retra�dos, os empres�rios ter�o poucas janelas para refinanciar d�vidas. “A consequ�ncia � um corte brutal de empregos no com�rcio. Ainda n�o � o fundo do po�o. O ciclo de queda de vendas, fechamento de empresas e desemprego tende a se agravar”, diz. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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