Na crise, Cyrela lan�a im�veis de luxo

S�o Paulo, 28 - Assim como outros setores da economia, o mercado imobili�rio est� derretendo no Pa�s. O cr�dito est� mais escasso, e mais caro, a inadimpl�ncia aumentou, as incorporadoras tiveram de lidar com a devolu��o de im�veis de clientes que perderam a capacidade de honrar suas d�vidas, as vendas e os lan�amentos despencaram. � no meio desse cen�rio que a Cyrela, maior empresa imobili�ria do Pa�s, com receita anual de R$ 5,8 bilh�es, espera voltar em grande estilo a um mercado que fica no outro extremo do Minha Casa Minha Vida e que tem fama de ser blindado de crises. � no luxo que a empresa de Elie Horn far� suas maiores investidas nos pr�ximos meses.

Em parceria com a imobili�ria Coelho da Fonseca, especializada em vender im�veis de alt�ssimo padr�o, a Cyrela vai lan�ar dois empreendimentos na regi�o da Avenida Faria Lima, onde est� um dos metros quadrados mais caros do Pa�s. Os apartamentos ter�o entre 270 a 570 metros quadrados, p� direito de palacete, com seis metros de altura, e uma das coberturas dominar� uma �rea de 1 mil metros quadrados. "Resumindo: � para quem tem dinheiro", diz Efraim Horn, de 35 anos, copresidente da Cyrela e filho do fundador. "Esse cliente n�o pensa s� em real. Ele tem aplica��es em pelo menos tr�s moedas."

O valor do metro quadrado vai de R$ 25 mil a R$ 44 mil. Ou seja: ningu�m ser� dono de um desses por menos de R$ 6 milh�es e se quiser a cobertura ter� de desembolsar mais de R$ 40 milh�es. "N�o se trata de um im�vel, mas de uma obra de arte", diz �lvaro Coelho da Fonseca, fundador da imobili�ria que vai vender esses apartamentos no mercado com a Cyrela. "Embora o tamanho impressione, s�o os detalhes exclusivos do projeto que colocam esse empreendimento na categoria luxo."

O edif�cio NE Sixty, que ser� lan�ado no dia 1� de outubro, tem a assinatura do escrit�rio londrino de design Yoo, dos renomados John Hitchox e Philippe Starck - o designer mais famoso do mundo, que tem entre seus trabalhos mais conhecidos um iate desenhado sob medida para o fundador da Apple, Steve Jobs. O terreno, na Rua Quat�, � resultado de mais de sete anos de negocia��es com os donos de 40 casas.

Na Rua Leopoldo Couto de Magalh�es, a Cyrela vai lan�ar em novembro outro projeto para um p�blico de milion�rios, dessa vez com a grife Pininfarina, escrit�rio italiano respons�vel pelo design dos carros da Ferrari. Com 31 andares, o pr�dio ter� 130 metros de altura e vista de 360 graus de cada apartamento. Os ambientes poder�o ser integrados, ao gosto do morador. As garagens ter�o de 6 a 8 vagas.

Esse n�o � o primeiro projeto da Cyrela com o escrit�rio italiano. No ano passado, a empresa lan�ou na Rua Fiandeiras um pr�dio com 92 apartamentos, tamb�m de luxo, mas menores (com cerca de 50 metros quadrados). Segundo Horn, 70% das unidades foram comercializadas. Na �ltima sexta-feira, enquanto concedia entrevista na sede da Cyrela sobre os novos lan�amentos, ele recebeu a not�cia de um corretor de que um novo cliente estava disposto a pagar, � vista, R$ 22 mil por metro quadrado no empreendimento que foi lan�ado a R$ 27 mil. "Veja que, apesar da crise, h� comprador, porque a oferta desse tipo de produto � muito escassa."

Segundo dados do sindicato do mercado imobili�rio de S�o Paulo, o Secovi, entre 2001 e 2013 foram lan�ados 18 pr�dios residenciais enquadrados na categoria luxo, uma m�dia de dois por ano.

A pr�pria Cyrela, nos �ltimos dez anos, lan�ou apenas tr�s empreendimentos de luxo em S�o Paulo, entre eles o Parque Alfredo Volp, de 2004. Nesse per�odo, a companhia de Elie Horn abriu o capital na bolsa de valores, levantou recursos e se dedicou a expandir e diversificar sua atua��o. A empresa, conhecida por construir im�veis de alto padr�o, passou a atuar tamb�m na baixa renda.

Como todas as companhias do setor, a incorporadora passou por um forte crescimento, que veio acompanhado de problemas como atrasos em obras e estouros de or�amento. A Cyrela foi uma das primeiras a identificar que precisava fazer ajustes em sua opera��o e reduzir de tamanho, para estancar perdas. "Hoje, ela � uma das tr�s empresas mais saud�veis do setor", diz o analista de um banco. "Ainda assim, ela est� exposta aos problemas que v�m travando o mercado imobili�rio no Pa�s."

Um dos maiores desafios das grandes incorporadoras tem sido desovar o estoque de im�veis do portf�lio. A Cyrela terminou o semestre com R$ 7,2 bilh�es em unidades que est�o nessa situa��o e tem comunicado ao mercado que sua prioridade � reduzir o estoque. "Essa continua sendo nossa meta", diz Efraim Horn. "Esses dois lan�amentos s�o uma oportunidade, em um segmento onde a crise nunca existiu."

As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.