
Menos de 24 horas depois de a Petrobras anunciar o aumento dos pre�os de seus combust�veis nas refinarias, postos de Belo Horizonte alteraram os valores na bomba num percentual bem acima dos 6% aplicados pela estatal para a gasolina. Em locais conhecidos por motoristas pre�os mais competitivos, como a Via Expressa, a alta foi de at� 8,8%, passando de R$ 3,15 para R$ 3,43 o litro da gasolina. Postos que ainda n�o aplicaram o reajuste informaram que, at� o fim desta semana haver� novos pre�os em suas bombas, podendo, chegar, inclusive, a R$ 3,92 o litro em um posto da Zona Sul. At� mesmo o etanol est� mais caro, em alguns locais, o motorista vai pagar 10% a mais do que pagava na semana passada.
O reajuste de 6% para gasolina e 4% para o �leo diesel foi anunciado pela Petrobras na noite de ter�a-feira e entrou em vigor ontem nas refinarias. Pela manh�, motoristas fizeram filas nos postos de Belo Horizonte e de outras cidades brasileiras numa tentativa de escapar do aumento. Mas quem apostou que levaria alguns dias para o reajuste chegar nas bombas dos postos em BH, levou susto e reclamou. No in�cio do dia, motoristas tiveram que buscar os locais que mantiveram os pre�os e enfrentar filas. No posto Pio XII, por exemplo, no Santo Agostinho, a gasolina, ontem, estava a R$ 3,15, mas, a partir de hoje, estar� acima de R$ 3,40. “Dei sorte, mas tive que procurar para encontrar o combust�vel mais barato”, comentou a professora de Educa��o F�sica, Maria das Gra�as Mucida, achando um absurdo os pre�os reajustados.
De acordo com dados da Ag�ncia Nacional de Petr�leo, G�s Natural e Biocombust�veis (ANP), o valor m�dio da gasolina em Minas Gerais, antes do reajuste, era de R$ 3,24, sendo assim, caso o percentual de 6% fosse aplicado integralmente, o litro do combust�vel poderia ter um acr�scimo de at� R$ 0,21 na bomba. O aumento � livre e o repasse � decis�o dos empres�rios. No Posto Picapau, na Via Expressa, por exemplo, o aumento foi de 8,8%, passando de R$ 3,15 para R$ 3,43, ou R$ 0,28 a mais para a gasolina. O local, sempre cheio de motoristas por ser considerado com melhor pre�o, ontem, estava com pouco movimento. “Est� um absurdo, por isso, vou colocar s� R$ 50. Amanh� (hoje) passarei a andar s� de moto e deixar o carro em casa”, comentou o empres�rio Jansen Fiqueira Mendes.

Um dos maiores pre�os na cidade ainda estar por vir. No posto Xu�, na altura do Bairro Santa L�cia, o valor do litro de gasolina n�o sofreu reajuste e, atualmente, custa R$ 3,699. No entanto, de acordo com o gerente Edson Alves da Silva, � poss�vel que o litro do combust�vel chegue a R$ 3, 92. “N�o tem como n�o reajustar. Vamos esperar a concorr�ncia para ver em quanto ser� o aumento”, garantiu o gerente, acrescentando que o p�blico que ali abastece pertence �s classes mais altas e procura qualidade.
Reclama��o A engenheira Ana Paula Colombina abasteceu, ontem, com a gasolina a R$ 3,69 e n�o sabe o que fazer se ela chegar a R$ 3,92. “� um absurdo. Preciso do carro, porque moro em Nova Lima, na Grande BH, e levo meus filhos para as escolas aqui em BH. O transporte p�blico � ruim”, reclamou, dizendo gastar cerca R$ 1 mil por m�s s� com gasolina. “Se viv�ssemos em uma cidade onde o metr� funcionasse e houvesse seguran�a, n�o me importaria de deixar o carro em casa. Mas n�o temos isso. Com esses valores, n�o sei o que ser� de n�s”, afirmou.
Em S�o Paulo, o Sindicato dos Donos de Postos de S�o Paulo (Sincopreto) informou ontem que o repasse do reajuste autorizado pela Petrobras ser� de, no m�nimo, R$ 0,17 por litro. Em Minas, o Sindicato do Com�rcio Varejista de Derivados de Petr�leo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro) n�o forneceu nenhum representante para comentar o assunto.
Por meio de nota, o Minaspetro informou que o mercado de combust�veis � completamente livre. “O sindicato n�o orienta as empresas associadas sobre se devem ou n�o repassar aumentos ou diminui��es de pre�os das distribuidoras, t�o pouco, a partir de quando deve ser repassado. N�o opina e nem interfere em quest�es relacionadas a pre�os de combust�veis. E preza pela livre concorr�ncia e pela livre iniciativa e repudia qualquer pr�tica contr�ria a tais valores”, diz o texto.
Diesel e etanol est�o mais caros
Al�m do reajuste no pre�o da gasolina, houve o repasse de 4% no �leo diesel e tamb�m nesse caso os postos de Belo Horizonte repassaram automaticamente o aumento aplicado nas refinarias. Em alguns locais, o litro passou de R$ 2,85 para R$ 2,97. Na maioria das revendas, o aumento ficou na m�dia de 4%. Na semana passada, o valor do etanol tamb�m, subiu em Minas Gerais e em postos pesquisados pelo Estado de Minas, o litro sofreu alta de 11%, como no posto Picapau, na Via Expressa, onde o litro de etanol soltou de R$ 1,99 para R$ 2,21.
Na avalia��o do presidente da Associa��o das Ind�strias Sucroenerg�ticas de Minas Gerais (Siamig), M�rio Ferreira Campos Filho, o aumento na gasolina � uma boa not�cia para o segmento de etanol. “Auxilia o setor a ter mais competitividade, por�m, por outro lado, o aumento do diesel eleva no nosso custo de produ��o j� que usamos o combust�vel no transporte de cana e nas colhedoras de cana. Apesar disso, na balan�a, o efeito da competitividade � maior que o aumento dos nossos custos”, compara.
Ele explica que a alta no valor do �lcool nas bombas � uma quest�o de mercado. “Desde abril, v�nhamos vendendo no etanol abaixo do pre�o comercializado no ano passado, quando n�o t�nhamos competitividade. Agora, houve uma invers�o nas expectativas e as empresas fizeram essa corre��o nos pre�os, o que � uma boa not�cia. O setor precisa recupera e vai continuar competitivo”, aposta.
A alta da gasolina nas refinarias pressionau o valor do etanol hidratado nas usinas paulistas, que fechou o dia com alta de 7,05%, segundo o Centro de Estudos Avan�ados em Economia Aplicada (Cepea/USP). De acordo com o indicador di�rio, o litro do combust�vel renov�vel foi negociado ontem, em m�dia, a R$ 1,3895. Com o aumento, a alta acumulada apenas esta semana j� chega a 12,7% ou a R$ 0,157 por litro.
Segundo o Cepea, como o pre�o do etanol � competitivo economicamente at� 70% do valor cobrado pela gasolina nas bombas, a alta no combust�vel de petr�leo puxou o aumento no pre�o do �lcool. Outro fator de press�o no pre�o do etanol s�o as chuvas no Centro-Sul que interromperam a colheita da cana-de-a��car e prejudicaram a fabrica��o do combust�vel em regi�es tradicionais, limitando assim a oferta. (LE)