Rio de Janeiro, 01 - A alta do d�lar chegou ao or�amento das fam�lias ao primeiro minuto de quarta-feira, 30, com o reajuste pela Petrobras do pre�o da gasolina e do �leo diesel nas refinarias. O repasse para o consumidor foi imediato. Logo pela manh�, os motoristas tiveram de pagar de R$ 0,17 a R$ 0,20 a mais pelo litro da gasolina. O aumento era o empurr�o que faltava para o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) fechar acima de 10% este ano e voltar � casa dos dois d�gitos pela primeira vez desde dezembro de 2002 (12,53%).
"Com o aumento da gasolina, finalmente podemos dizer que o repasse do d�lar come�ou de fato a ser repassado para a infla��o", afirmou o economista da PUC-RJ e membro do Conselho do IBGE, Luiz Roberto Cunha. Para ele, antes n�o era poss�vel perceber claramente a contamina��o da economia pelo c�mbio mesmo em produtos com mat�ria-prima importada, como nos segmentos de limpeza e higiene.
Luiz Roberto trabalha, agora, com estimativa de infla��o na casa dos 10% at� o fim do ano, muito acima do teto da meta fixada do governo para o IPCA, de 6,5%. Em relat�rio distribu�do aos clientes, o banco Credit Suisse j� revisou para cima suas proje��es, de 9,5% para 10%.
O economista lembra que o diesel � usado em toda a cadeia produtiva, como no transporte rodovi�rio de cargas, que afeta a infla��o de alimentos. Pelas contas da Associa��o Nacional do Transporte de Cargas e Log�stica (NTC&Log�stica), o aumento no diesel de 4% vai deixar o transporte rodovi�rio de cargas de 0,46% a 1,41% mais caro. O impacto deve ser maior no frete de longa dist�ncia, de 2.400 km, que deve registrar alta de 1,38%.
J� o economista da FGV Andr� Braz diz que a retra��o da economia pode adiar um pouco o impacto do reajuste na gasolina sobre a cadeia produtiva. "Com a redu��o na demanda, o efeito vai se espalhar pelo tempo. Mas, em algum momento, isso se transforma em repasse", admitiu. Em sua opini�o, h� chances de o IPCA fechar o ano acima de 10%, mas n�o � certo que isso aconte�a por causa da recess�o.
O aumento sazonal de pre�os do etanol no quarto trimestre do ano tende a ser mais intenso em 2015, segundo o presidente da Associa��o Brasileira do Agroneg�cio (Abag) e s�cio da consultoria Canaplan, Luiz Carlos Corr�a Carvalho. O etanol � o concorrente direto da gasolina nos postos de combust�veis, e qualquer mudan�a de pre�o na gasolina provoca impacto na cota��o do biocombust�vel.
Nas refinarias, o litro da gasolina ficou R$ 0,09 mais caro desde ontem, segundo estimativa do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combust�veis e Lubrificantes (Sindicom).
(Colaboraram Idiana Tomazelli, Gustavo Porto e Francisco Carlos de Assis)
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.