S�o Paulo, 01 - O aumento de 6% no pre�o da gasolina nas refinarias deve ter um efeito de 0,20 ponto porcentual na infla��o medida pelo �ndice de Pre�os ao Consumidor Semanal (IPC-S), caso o reajuste seja passado de forma integral ao varejo. O c�lculo � do coordenador do IPC-S, Paulo Picchetti, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Funda��o Getulio Vargas (FGV). "Em princ�pio, deve ficar restrito a outubro. Esse 0,20 ponto tem a influ�ncia direta da alta da gasolina e tamb�m o efeito indireto que vem do etanol", disse, ao imaginar que o pre�o do etanol tamb�m tende a subir para "acompanhar e ficar competitivo".
Quanto ao reajuste de 4% do diesel nas refinarias, que tende a ter impacto indireto na infla��o, por meio do encarecimento de frete, por exemplo, Picchetti ponderou que h� pouco espa�o para repasse. "H� a dificuldade de saber o quanto disso ir� para o produto final. O pr�prio setor de Transportes est� vivendo um momento complicado, com a atividade em retra��o", afirmou.
Devido ao reajuste no pre�o da gasolina, o economista da FGV espera que o IPC-S de outubro feche com uma taxa maior, em 0,66%, em rela��o � de 0,42% apurada em setembro. A estimativa tamb�m est� acima da varia��o de 0,43% registrada em outubro de 2014. Al�m da press�o do combust�vel, ele estima que a infla��o de alimentos tamb�m eleve o IPC-S deste m�s. "No IPC-S de setembro, teve press�o de Alimenta��o, por causa da queda menos intensa de hortali�as e legumes, e que deve continuar", contou. No IPC-S do m�s passado, o grupo Alimenta��o teve taxa positiva de 0,32%, ap�s queda de 0,08% no oitavo m�s do ano, enquanto hortali�as e legumes cederam 7,56%, depois de recuo de 10,28%.
Em raz�o do ano passado ter mostrado uma infla��o um pouco menos pressionada ante agora, Picchetti acredita que o IPC-S acumulado em 12 meses ir� desacelerar nas pr�ximas leituras, como aconteceu em setembro. Nesta pesquisa, o IPC-S acumulou 9,65% em 12 meses, ap�s 9,73% em 12 meses at� agosto. "J� come�ou a desacelerar. O pico foram esses 9,73% em agosto. Mesmo que a taxa m�dia mensal fique relativamente elevada, deve fechar o ano com uma taxa inferior a essa marca (9,73%)", afirmou.
Com d�lar alto e press�o de combust�veis e alimentos, Picchetti revisou para cima a proje��o para o IPC-S do fim deste ano, de 8,60% para 9,30%. Conforme ele, a previs�o est� mais alinhada � do �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), na pesquisa Focus, do Banco Central, que est� em 9,46% para 2015. Se a alta de 9,30% for confirmada, ser� a maior da s�rie hist�rica da FGV, iniciada em 2002. "Se pegarmos uma s�rie hist�rica maior, certamente voltaremos para os anos 90. Iremos para um patamar novo (e elevado) de infla��o, o qual esperamos que n�o perdure", avaliou.
Tamb�m devido � press�o cambial, o economista e professor do Ibre/FGV n�o descarta por completo novo reajuste nos pre�os dos combust�veis, nem que seja por meio da Cide, na tentativa de ajustar as contas p�blicas, dado o impasse em rela��o ao ajuste fiscal. Em sua vis�o, o aumento nos pre�os da gasolina e do diesel, que pegou muitos de surpresa, tem um fato novo que � a sinaliza��o de uma pol�tica de independ�ncia da Petrobras. "Por isso tamb�m que digo que � dif�cil n�o ocorrer uma nova alta, ainda mais com o c�mbio depreciado, que cria condi��o adicional para isso, e tamb�m num esfor�o de ajustar as contas p�blicas. De forma nenhuma parece que est� descartado", finalizou.