S�o Paulo, 03 - N�o faz muito tempo, faltavam engenheiros no Brasil. Alavancada pelo aquecimento da atividade econ�mica nos �ltimos anos, a profiss�o prosperou: com est�mulo � produ��o e o incremento da infraestrutura nacional, foram formados e recrutados milhares de profissionais em constru��o civil, energia, petr�leo e g�s. No meio do caminho, por�m, a desacelera��o econ�mica, agravada por den�ncias de corrup��o, afastou investimentos, paralisou obras e arrefeceu o mercado de trabalho.
De 2003 a 2013, o contingente de engenheiros empregados formalmente no Pa�s passou de 146,1 mil para 273,7 mil - uma alta de 87,4%, superior ao crescimento do emprego formal como um todo no per�odo, de 65,7%. "Junto com o crescimento do Pa�s, as oportunidades para os engenheiros apareceram: houve mais possibilidades de emprego e mais procura por profissionais", afirma Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente da Federa��o Nacional dos Engenheiros.
Depois de uma d�cada de evolu��o favor�vel do emprego, o mercado de trabalho come�ou a desacelerar. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Minist�rio do Trabalho, o saldo de postos de trabalho passou de 7 mil em 2012 para 2,8 mil em 2013. No ano passado, a conta ficou negativa, com perda de 3,1 mil postos de trabalho na engenharia. Em S�o Paulo, maior mercado da �rea, foram feitas, de janeiro a maio, 1,1 mil homologa��es de engenheiros - 58% mais do que no mesmo per�odo do ano passado.
A retra��o econ�mica foi agravada pela Opera��o Lava Jato, da Pol�cia Federal, que investiga corrup��o em contratos da Petrobr�s. Sem f�lego financeiro, diversas empreiteiras envolvidas no esquema foram aos tribunais, paralisaram obras e demitiram milhares de funcion�rios. Com a Lava Jato e o ajuste fiscal, que levou ao atraso dos repasses do governo �s empresas, 232 construtoras entraram em recupera��o judicial de janeiro a setembro deste ano.
Sem vagas. A promessa de uma carreira bem-sucedida levou muitos indecisos escolher a engenharia nos �ltimos anos. "Sempre gostei de qu�mica, e ouvia dos meus professores que a engenharia ia crescer muito e que os sal�rios eram bons, ent�o cursei engenharia qu�mica", conta Caroline Lopes, de 23 anos. Desde que se formou, no ano passado, ela j� se cadastrou em v�rios sites de vagas e entregou muitos curr�culos, mas ainda n�o conseguiu um emprego. "Na �rea qu�mica, tem muita ind�stria fechando, pois o Brasil n�o consegue se manter competitivo, ainda mais com essa crise", diz. "Tenho uma amiga que ainda est� na faculdade, e o professor diz que, no ano que vem, ser� pior." Enquanto espera uma oportunidade, Caroline trabalha na empresa do pai, na �rea administrativa.
Com a escassez de vagas, muitos engenheiros est�o partindo para outras �reas ou montando neg�cios pr�prios. "A engenharia tem um espectro bastante amplo e permite que a pessoa possa trabalhar administrando outras �reas", diz Pinheiro.
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Com crise e corrup��o, engenheiros voltam a atuar em outras �reas
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